sábado, 23 de abril de 2016
Mulheres da antiguidade - Frinéia
Isto
é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
FRINÉIA
Vicki León
Aos
olhos gregos a beleza era boa – moralmente boa; ela tinha um elemento divino,
pensavam eles. Se este conceito for aceito, ele explicará a fama de Frinéia,
mas fará muito pouco para justificar a vida de um assassino serial como Ted
Bundy.
Proveniente
de uma família pobre em Tespaie, quando criança Frinéia colhia alcaparras para
ganhar dinheiro. Convencida de outras habilidades além da de colhedora de
alcaparras competente, ela tomou o rumo de Atenas para se tornar modelo
artístico e cortesã paga de meio expediente. Sua pele sedosa cor de oliva, seu
rosto de olhos sonhadores e suas formas generosamente femininas, todavia quase
inocentes, fizeram dela a Marilyn Monroe da antiguidade. Apeles, o pintor mais
famoso da cidade, mal podia esperar para retratá-la como Afrodite surgindo das ondas. Os escultores a adoravam ainda mais.
Praxíteles, o melhor escultor de seu tempo esculpiu uma Frinéia em pelo como
Afrodite – a primeira estátua de mulher a aparecer completamente nua. Será que
isso causou comoção? Pode apostar que sim. O povo de Cnido, que a havia
encomendado, devolveu-a com desprezo, dizendo que queria a deusa vestida.
Praxíteles então dedicou a estátua a Apolo em Delfos, onde fez muita gente
babar durante três séculos, até que foi roubada por Calígula.
Embora
tenha recebido apelidos infantis como “sapa”, “sorriso-choroso” e “peixe
dourado”, nada havia de infantil na perspicácia de Frinéia para negócios. Uma
vez Praxíteles disse para ela escolher um de seus trabalhos como presente, mas
não dizia qual deles ele achava que era o melhor. Exatamente naquele momento,
um criado irrompeu correndo, gritando que seu estúdio havia se incendiado e
quase tudo tinha sido destruído. O escultor correu para a porta, gemendo que
ira morrer se sua escultura Sátiro e o
amor tivesse sido queimada. Frinéia então lhe contou que tudo tinha sido
uma farsa e saiu levando a estátua como presente.
Sua
beleza, divina ou não, era motivo de inveja. Uma vez Frinéia foi levada a
julgamento acusada de corromper mulheres com a organização de um clube para
adorar a um deus trácio. Por sorte, ela contava com um orador entre seus
amantes, que concordou em aceitar o seu caso. As coisas não estavam indo muito
bem frente aos juízes, por isso o orador decidiu jogar seu trunfo colocando
Frinéia para depor – de topless. Uma
olhada em seus seios, e ele não precisou ser eloquente. Ela foi absolvida, e
foi uma boa coisa – corrupção, uma ofensa capital, acarretava condenação à pena
de morte.
Depois
de acumular uma fortuna em sua carreira, Frinéia se ofereceu para reconstruir
as muralhas de Tebas, mas os tebanos não aceitaram, só porque ela queria gravar
nas muralhas: “destruídas por Alexandre, o Grande, e reconstruída por Frinéia,
a hetera”. Para o inferno com a filantropia; Frinéia investiu seu dinheiro na
inauguração de outra estátua de si mesma, desta vez feita de ouro, em Delfos. O
interessante é que uma das estátuas de Frinéia que sobreviveram repousa agora
recatadamente no Vaticano.
A autora
Vicki León
- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da
Antiguidade vai falar de “LISIMÁQUIA E SUAS COMPANHEIRAS SACERDOTISAS”. Lisimáquia
foi uma sacerdotisa que ocupou seu cargo por exatos 64 anos. Ela serviu de
modelo para Aristófanes, o escritor de comédias, para montar a figura de
Lisístrata, aquela da greve do sexo, famosa até hoje.
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”,
título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
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