Às vezes os contos de fadas se
tornam realidades. Apolônia era uma adorável plebeia, que com seu elegante
charme estilo Grace Kelly conquistava a todos que conhecia. Ela casou com o
rei Átalo I, soberano do gigantesco reino de Pérgamo na Ásia Menor. Durante
um reinado de quarenta anos (269-197 a.C.) eles foram ovacionados como o
casal ideal. Os historiadores falavam
carinhosamente de Apolônia, as cidades publicavam decretos em sua homenagem,
e epigramas poéticos adornavam um monumento feito para ela (ainda preservados
na antologia grega). Após a morte de seu marido, ela manteve o estreito
relacionamento com seus quatro filhos, que se revezavam no governo. Ela e os
rapazes até visitaram juntos a sua cidade natal, Cízico; de braços dados, ela
lhes mostrou os pontos de atração turística. Por que a vida brilhante de Apolônia
foi por água abaixo? Como qualquer produtor de cinema lhe diria, simplesmente
não existem conflito e ação suficientes na virtude verdadeira.
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
Mulheres da Antiguidade - Babata
Isto
é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
BABATA
Vicki León
Ao
longo deste milênio, os judeus têm passado por alguns séculos péssimos, mas os
anos 50-150 d.C. foram os piores. Para começar, eles perderam a autonomia e se
tornaram uma província romana; depois Jerusalém foi sitiada e transformada em
poeira, e o imperador Adriano construiu um templo para Zeus e uma cidade romana
sobre suas ruínas. Àquela altura só restava um bruxuleio de resistência,
liderada por um agitador chamado Simon Bar Kochba. Entre seu exército de
partidários estava uma mulher dolorosamente sacrificada chamada Babata, que por
fim foi uma vítima da última guerra que os judeus travaram, antes de serem
dispersados por aproximadamente 2.000 anos.
Babata
morava com seus prósperos pai e mãe em Mahoza, uma vila no extremo sul do mar
Morto, a apenas um pulo de distância de Sodoma e Gomorra. Naquela época as
pessoas apreciavam as mesmas coisas que hoje: ter uma casa, casar, preservar o
que você construiu por meios legais e fugir dos impostos. Por meio de
escrituras de doação, seus astutos pais lhe deram uma série de casas, átrios,
jardins, bosques de tamareiras e direitos hidrográficos enquanto ainda estavam
vivos. Até aí tudo bem. Então, Babata se casou e teve um filho. Pouco tempo
depois seu marido faleceu, deixando mais propriedades para ela. Por motivos que
só ela sabia, o seu filho Ieshua foi entregue aos cuidados de um homem
corcunda. Foi nesta época que os processos começaram – alguns registrados por
Babata relativos a seu filho; outros registrados contra ela por uma variedade
de parentes enraivecidos de seu falecido marido. Acrescentando mais infortúnio,
Babata se casou outra vez, mas o Sr. Sucessor durou pouco mais que a cerimônia
de casamento. Mais complicações apareceram, desta vez partindo de sua enteada.
Logo o arquivo de processos de Babata estava ficando parecido com o de Woody
Allen.
Então
estourou a guerra, que deve ter parecido quase um alívio para Babata, que vinha
lutando suas próprias batalhas particulares. Simon Bar Kochba e seus seguidores
lutaram durante três anos; a mesma quantidade de sangue romano e judeu foi
derramada. Por um breve período, os judeus pensaram que tinham uma chance de
vitória. Mas esta não estava destinada a acontecer. Muitos judeus abandonaram a
área; outros optaram por ficar e se esconder. Babata escolheu se refugiar, uma
oportunidade que surgiu através de seu embaralhado parentesco matrimonial.
Acompanhada por outros, ela fez uma escalada até uma gruta gigantesca e quase
inacessível, abastecida para servir como abrigo, trazendo consigo uns poucos
pertences preciosos. Lá, elas e seus companheiros aguardaram, com esperanças de
que os romanos não os perseguissem. Mas eles não puderam fugir da sede e da
fome, mesmo tendo ficado reduzidos a comer os corpos daqueles que morreram
antes.
Muito
mais tarde, outros judeus retornaram às cavernas, enterraram seus ossos, e
arrumaram caprichosamente os objetos que tinham tanto valor para eles:
sandálias, roupas, facas, utensílios de cozinha e, acredite ou não, os arquivos
legais de Babata meticulosamente organizados.
A Autora
Vicki León
- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da
Antiguidade vai falar de “AS QUATRO JÚLIAS”. Elas eram duas duplas de irmãs –
todas chamadas Júlia, que se revezaram colocando seus
filhos no trono do Império Romano.
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”,
título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
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