domingo, 29 de março de 2015
Mulheres da Antiguidade - Zenóbia
Isto
é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
ZENÓBIA
Vicki León
No
século III, d.C., Zenóbia tramou uma jogada, simples mas elegante, para dividir
o Império Romano – naquele tempo vastamente espalhado da Espanha à Armênia –
como um bolo redondo. Esta rainha árabe politicamente temível fez seu lar em
Palmira, uma cidade elegante com 150 mil habitantes no meio do nada, repleta de
colunatas e chafarizes, palácios e templos feitos de mármore, brilhando como
uma miragem de luz estroboscópica no meio do deserto cor de canela da Síria.
Duas palavras resumem o sucesso econômico da Cidade das Palmeiras: seda e
impostos. Como uma aranha bem posicionada, Palmira estava localizada onde as
principais rotas comerciais se cruzavam, revendendo alegremente produtos raros
e cobrando pesados impostos (um privilégio conquistado por ser um estado-tampão
entre os Impérios Romano e Persa).
Zenóbia
afirmava ser descendente das antigas cleópatras, o que fazia dela uma mistura
de sangue greco-macedônio, árabe e aramaico. Embora os historiadores da
antiguidade tivessem o hábito preguiçoso de rotular todas as mulheres famosas
como “lindas, castas e inteligentes”, no caso de Zenóbia esta afirmação pode
ter sido incompleta. Ela também adorava andar a cavalo e caçar. Casada aos catorze
anos, ela e seu rei tiveram apenas seis anos juntos antes que ele fosse
misteriosamente assassinado.
Zenóbia
não foi de modo algum a primeira rainha árabe ativa. Ela seguia o exemplo de
dúzias de antigas líderes, como Zabibi, Samsi e Omm-Karja. Sem dúvida, ela
admirava a vida solitária da legendária Omm-Karja, que dirigia seu campo nômade
onde só eram admitidas rainhas e crianças. Nenhum de seus vinte maridos podiam
passar a noite lá. Depois de uma rolada rápida por sobre os tapetes de pele da
tenda, lá iam eles de volta para suas respectivas tribos. A própria Zenóbia
afirmava que só pulava na cama com o marido para fins de procriação.
Em
vez de poligamia, Zenóbia tinha fome de poder. O corpo de seu marido mal tinha
esfriado quando ela marchou sobre o Egito e o dominou, e depois, para bisar,
conquistou metade da Ásia Menor. Somente quando ela declarou a independência de
Palmira do império foi que o imperador Aureliano de Roma acordou e cheirou a
marmelada árabe. No confronto final, ele derrotou as forças de Zenóbia, mas
foram necessárias duas batalhas para conseguir a vitória. Aureliano desenvolveu
mais do que um respeito relutante por essa fogosa rainha, que podia discutir
filosofia em três idiomas.
Todavia,
ele queria ter um retorno triunfante, assim, Aureliano forçou Zenóbia a
caminhar por Roma na tradicional parada de prisioneiros e animais exóticos,
usando quilos de correntes e grilhões de ouro suficientes para afundar o
Titanic. Minha mente fica hesitante quanto às condições do itinerário da parada,
já que ela seguia os elefantes.
Insubmergível,
mesmo afundada em esterco de elefante até as canelas, Zenóbia conseguiu
astuciosamente uma pensão para si, em vez de fazer parte da tradicional
carnificina pós-parada. Para finalizar, ela convenceu Aureliano a ceder uma
vila para ela e seus filhos perto de Tívoli, o primeiro parque temático do
mundo (73 hectares de arquitetura audaciosa, obras artísticas, lagos e
instalações para receber milhares de pessoas, tudo escavado com passagens subterrâneas,
à la Disneylândia, para as equipes de
serviço de escravos), onde ela viveu com honras durante anos.
A autora
Vicki León
- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da
Antiguidade vai falar de “HELENA DE DREPANO”, uma imperatriz que se tornou
famosa por ter encontrado um pedaço da Cruz Verdadeira de Cristo na Terra
Santa. Foi ela que fez da Palestina o destino número um de peregrinação para os
devotos. Ela viveu no século IV depois de Cristo.
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”,
título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
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