sábado, 10 de outubro de 2015
Mulheres da Antiguidade - Elpinice
Isto
é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
ELPINICE
Vicki León
Arrogante,
intelectual e elegantemente falida, Elpinice conseguiu fazer o que poucas
mulheres atenienses já fizeram – manter-se solteira depois dos catorze anos, a
idade em que a maioria das garotas se tornava noiva. Feminista ela não era. Ela
detestava liberais, pessoas pobres e malditos estrangeiros, com exceção dos
espartanos – em outras palavras, quase todos que não tivessem sangue
aristocrático. Contudo, ela também conseguiu viver uma vida relativamente
independente – uma proeza que as mulheres de sua classe simplesmente não tinham
muita chance de realizar na Atenas do século V.
Naturalmente,
ela pagou por seu comportamento. Os atenienses diziam que ela dormia com o
pintor Polignoto, que colocou seu rosto numa pintura autorizada para um prédio
público (esse ato aterrorizante de autoconfiança excessiva é que foi
interpretado como ir além dos limites pela turma lacônica de seu círculo
social). Uma fofoca ainda mais suculenta estava sempre circulando sobre seu
relacionamento com o meio-irmão, Címon, líder político da cidade antes de
Péricles. Ela vivia com ele há anos; mas será que ela, você sabe, vivia com
ele? Que ela amava o irmão, não há dúvida; pelo menos duas vezes Elpinice se
prostrou diante de Péricles em sua defesa – uma vez, quando Címon estava sendo
julgado, sob risco de pena de morte. A mulher também não conhecia o significado
de quiproquó. Anos mais tarde, quando Péricles fez sua oração pelos homens que
haviam morrido na guerra contra a ilha de Samos, Elpinice quase cuspiu em sua
cara: “Claro que você foi corajoso – mas nos privou de homens valiosos ao lutar
com outros gregos numa cidade aliada. Não foi a mesma coisa que meu irmão
Címon, que perdeu seus homens lutando contra os persas”. Era mais uma vez o
argumento do “estrangeiro sujo”. Címon já havia falecido àquela altura, morto
numa batalha em Chipre.
Elpinice
tocava flauta – que era sempre um hábito malicioso numa mulher; ela também foi
retratada numa jarra tocando sua flauta (primeiro, a pintura, e agora isto!).
Para seu governo, pinturas em jarras, especialmente em taças de vinho, eram
consideradas privilégios de olhos masculinos, já que a maioria das festas só
era frequentada por homens e mulheres de reputação duvidosa. O objeto do tema
tendia a estar nu e picante, e quaisquer mulheres retratadas eram geralmente
profissionais pagas. Os pintores de jarras (alguns deles eram mulheres) também
não tinham boa reputação; o distrito cerâmico, onde os vasos eram modelados,
também era o distrito sórdido, onde as prostitutas vendiam sexo.
Não
obstante seu comportamento incômodo e a preferência por uma vida de solteira,
Elpinice casou. Seu marido, Callias, famoso como diplomata e soldado, também
tinha dinheiro. Com essa mulher sem cerimônia e sem limites, ele provavelmente
precisou mais de sua diplomacia do que dos seus dracmas.
A autora
Vicki León
- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da
Antiguidade vai falar de “HIDNA E SUAS COMPANHEIRAS HERÓICAS”. Elas viveram no
século V, a.C. e Hidna era um ás da natação e do mergulho. Essas mulheres
gregas , a , mulher ateniense que viveu no século V, a.C. Era arrogante,
intelectual e elegantemente falida.
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”,
título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
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