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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Mulheres da antiguidade - Targélia e suas companheiras namoradeiras

Isto é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
TARGÉLIA & AS SUAS COMPANHEIRAS NAMORADEIRAS

Vicki León
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A Grécia tinha um sistema de sexo por dinheiro de três camadas: As mulheres na camada mais baixa trabalhavam em bordéis administrados pelo Estado e também pagavam impostos a ele. De maneira geral, eram escravas e tinham de se identificar usando roupas especiais e perucas loiras (será que a expressão “prostituta loira barata” vem dessa época tão remota?). Dançarinas e músicas treinadas eram mais caras – especialmente as tocadoras de flauta. Não era possível organizar um simpósio ou festa de coquetel decente sem elas, vestidas com suas roupas colantes e transparentes. Como nas praias de “roupa de banho opcional”, as tocadoras de flauta eram mão-de-obra contratada para “sexo opcional”. Na camada superior estavam as heteras, as escorts do poder: educadas e altamente visadas, mulheres inegavelmente decorativas, muitas vezes procedentes de boas famílias nos lugares mais liberais do mundo grego, como as cidades jônicas e as ilhas próximas à costa da Ásia Menor.
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As mulheres entravam para a atividade de “rodar bolsinha” – prostituição – por duas razões principais: necessidade financeira e falta de opções. Entretanto, para as heteras, a vida reservava mais do que roupas, dinheiro e sexo. Ela oferecia a chance de atividades intelectuais e artísticas, viagens, amor, heroísmo ou farras escandalosas, como essas três mulheres gregas exemplificam.
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As profissionais de Vênus não deviam se apaixonar ou casar, mas Targélia de Mileto estava sempre se esquecendo disso – catorze vezes, para ser exata. Oriunda de uma parte da Ásia Menor que tinha simpatia pelos persas, essa Mata Hari supercasamenteira usava suas conversas de alcova para induzir seus influentes maridos gregos a verem as coisas sob a perspectiva persa. Essa estratégia funcionava tão bem que o próprio nome de Targélia passou a significar “traidora”, especialmente para os atenienses.
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Gnateana, que conquistou reputação como a comediante das prostitutas, era uma pessoa espirituosa com a qual todas as outras eram comparadas. Ela escreveu o que deve ter sido uma maravilhosa paródia de um típico livro de filósofo; seu livro era intitulado Regras para jantar acompanhada. Ela e sua avó, que um dia também havia sido uma hetera, moraram em Atenas até que ambas se tornaram “velhos caixões”.
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Pitionice não viveu tanto quanto a maioria das heteras, mas ela tinha aquela velha magia negra. Harpalo, um general que havia desviado uma fortuna de Alexandre, o Grande, a amava ardentemente. Como escrava de uma flautista, que por sua vez era escrava de outra mulher, Pitionice queria partir para a eternidade de uma maneira espetacular, ou talvez duas, portanto ela fez seu querido Harpi construir dois túmulos de tamanho grotesco, um na estrada principal entre Atenas e Pireu, e o segundo na Babilônia. O jogo de túmulos de Pitionice deu um prejuízo de duzentos talentos a Harpalo. O funeral era por fora, é claro. Seu homem pesaroso, seguido de um grande coro e banda militar, escoltou Pitionice pessoalmente para uma de suas gigantescas moradas eternas.

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Quem disse que as mulheres não podem guardar segredos? A história antiga está repleta de heroínas corajosas que podiam manter sigilo – e assim o fizeram, mesmo sob as mais difíceis circunstâncias. Veja Leaina, por exemplo, uma cortesã ateniense e amante de Aristogíton. Ele comandou uma daquelas tentativas frustradas de deposição de tirano – e todos nós sabemos das consequências desse tipo de atitude. Ele fugiu, e sua namorada Leaina foi torturada pelo tirano, que exigia nomes e lugares. Quando Leaina sentiu que realmente não aguentava mais nenhum ferro e brasa, ela cortou a sua própria língua com uma dentada para guardar as custosas informações consigo mesma. Em torno de 520 a.C., os atenienses a homenagearam com uma elegante estátua de bronze de um leão sem língua, que eles colocaram na Acrópole de Atenas para todos admirarem.
 
A autora
Vicki León
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- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar de “LAÍS I e II”. Elas foram vendedoras de sexo. Laís I procedia de Corinto, o centro da prostituição mundial; Laís II, por seu turno, era especializada em clientes filósofos.

– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”, título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.


- Todas As imagens foram extraídas do Google.

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