sábado, 17 de fevereiro de 2018
Mulheres da Antiguidade - AGRIPINA
Isto é História
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
AGRIPINA
Vicki León
O nome Claros, um oráculo na
costa da Turquia com vista para a ilha grega de Samos, não nos diz nada hoje em
dia. Nos tempos de Agripina, a Jovem, ele certamente dizia. Em 18 d.C., o
oráculo previu que Germânico, uma popular celebridade militar e pai de Agripina,
estaria morto dentro de um ano. Ele morreu, e as ações de Claros subiram até as
nuvens.
Trinta anos mais tarde, quando
Agripina já tinha se casado e divorciado duas vezes, e seu tio, o imperador
Cláudio, estava procurando sua terceira esposa, Claros entrou em cena outra
vez. Os jogadores romanos diziam que a corrida para imperatriz estava pau a pau
entre Agripina e Lolia Paulina, filha de um cônsul. Lolia fez uma viagem rápida
para perguntar ao oráculo quem sobreviveria ao corte. Não só o oráculo estava
errado, errado, errado, mas a vencedora fez seu próprio corte. Cláudio escolheu
casar com Agripina, que celebrou a escolha forçando Lolia a se suicidar com a
clássica espada romana.
Agripina Júnior tinha suas
próprias cruzes para carregar, é claro. Agripina, a Velha era sua íntegra e
impetuosa mãe, era a “boa”, um desempenho sempre difícil de superar. Depois,
havia seu irmão Calígula, que tinha insistido em dormir com ela e suas irmãs;
ela se vingou do trauma do incesto participando de uma conspiração malsucedida
contra ele, pela qual foi exilada. O pior de tudo é que, em seu primeiro
casamento, Agripina havia dado à luz um nome feio de quatro letras que
soletravam Nero. Até mesmo o pai do garoto avisou: “Qualquer criança que
tenhamos estará fadada a se tornar uma ameaça pública”.
Entretanto, Agripina, a Jovem,
não via as coisas do mesmo jeito que ele. Um ano após as suas núpcias, ela
apoquentou Cláudio para adotar seu anjinho adolescente, embora já existisse um
herdeiro. O imperador entregou os pontos, garantindo assim sua saída precoce (e
a de seu herdeiro) do mundo dos vivos.
Com um temperamento
extremamente nervoso, Agripina agora tinha conseguido o que seu coração
desejava: um adolescente de dezessete anos que governava. Eles iam juntos a todos
os lugares. Nero usava a frase “a melhor das mães” como uma senha para sua
guarda. Agripina Júnior adorava aquele negócio de mamãe imperial, mesmo que seu
filho de vez em quando tentasse pular e cima dela. Ciente das pequenas
fraquezas de seu filho adolescente (paranoia, estranhos parceiros sexuais), ela
contratou Sêneca, o mais famoso filósofo da época, para trabalhar com ele. A
ética sensata de Sêneca manteve o lado sombrio do garoto controlado por algum
tempo. Todavia, Nero finalmente se irritou em relação à intimidação e ao
cérebro de Agripina por trás do trono, e teve a coragem de cortar o cordão
umbilical.
Isolada do poder palaciano em
sua propriedade costeira em Bauli, Agripina debruçou-se para escrever um
relatório completo sobre sua família. Deve ter sido um ótimo livro de bolso
pornográfico para levar para a praia! O historiador Tácito o devorou, até mesmo
citando passagens dele em seu livro – o único fragmento que restou.
Enquanto isso, Nero, um medroso
crônico, divisou um novo esquema perfeito para matar a mãe: um cruzeiro só de
ida num barco com um teto de chumbo que entraria em colapso. Os técnicos
fizeram um trabalho malfeito, atingiram outra mulher, e Agripina nadou para
local seguro – mas só temporariamente. Uma segunda tentativa, desta vez em
terra, foi bem sucedida, depois do que a rainha-mãe foi cremada em seu próprio
sofá. Anos antes, quando os astrólogos tinham avisado que Nero seria o
imperador e mataria sua mãe, Agripina replicou: “Ele tem toda a liberdade para
me matar, contanto que se torne imperador”. Essa senhora não ficava atrás de um
bom jogador de cartas profissional: sabia que tinha de pagar para jogar.
A Autora
Vicki León
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A próxima postagem de “Mulheres Audaciosas da Antiguidade” vai falar de LOCUSTA,
uma envenenadora profissional que viveu por volta de 331 a.C. Ela foi
responsável pela morte do imperador Cláudio, a mando de Agripina, a Jovem,
preparando uma boa dose de veneno.
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Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Editora Rosa dos Tempos.
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As imagens aqui reproduzidas foram retiradas do Google.
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