quinta-feira, 5 de abril de 2018
Mulheres da Antiguidade - Boadiceia
Isto é História
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
BOADICEIA
Vicki León
Raramente os nomes de batismo
acabam servindo como uma luva para as pessoas; entretanto, no século I d.C.,
Britânia sabia o que estava fazendo. Ela chamou sua pequena princesa de
Boadiceia, ou “a vitoriosa”, e atingiu bem no alvo. Da maneira como as coisas
se desenvolveram, “açougueira” também teria funcionado, mas estou botando a
carruagem na frente dos cavalos.
Boadiceia cresceu,
transformando-se numa esplêndida bretã com uma cascata de cabelos
castanho-avermelhado até a altura dos joelhos. Ela se casou com Prasátago, rei
da tribo icênia, que dominava a área ao redor do que hoje em dia corresponde a
East Anglia, na Inglaterra. Logo no início do seu casamento, os icênios se
enredaram com os romanos, mas as notícias realmente ruins começaram em torno de
59 d.C. Prasá morreu, deixando metade de suas terras e riquezas para suas duas
filhas e a outra metade para o imperador Nero. A herança era um dinheiro pago
em troca de liberdade, um odioso costume iniciado pelos imperadores romanos
para reabastecer os cofres que eles haviam esvaziado com outras coisas, como
perfumes e banquetes. O suborno não funcionou. O governador romano da ilha
tomou as terras icênias de qualquer maneira, deu uma surra de chicote na rainha
Boadiceia, e estuprou suas duas filhas como uma medida extra mal calculada.
Ora, todos sabem que não se
deve brincar com uma ruiva, principalmente uma mãe de 1,82metros de altura que
acabou de ficar do lado errado de um chicote de nove tiras. Num piscar de olhos
Boadiceia vestiu seu equipamento de batalha de desenho exclusivo – uma túnica
multicolorida, um colar trançado de ouro e uma lança combinando – e reagrupou
aproximadamente 100 mil celtas furiosamente enlouquecidos, muitos deles
mulheres, de tribos ao redor do leste da Inglaterra. Liderando a horda em sua
carruagem de guerra equipada com lâminas de foice nas calotas, Boadiceia
iniciou o ataque. Começando onde hoje está Colchester, ela foi metodicamente
abrindo seu caminho para o sul, matando os cidadãos numa variedade de maneiras
horríveis e dolorosas, depois incendiando as aldeias à medida que passavam. Em
seguida, massacrou os 20 mil habitantes de Londinium (as cinzas de sua fogueira
ainda hoje podem ser vistas em Londres). No entendimento de Boadiceia, sua
conta de uns 70 mil corpos romanos não era nada mais do que um massacre
justificável.
Só depois que seu exército
alcançou os condados centrais da Inglaterra é que novas tropas romanas
conseguiram impedir seu avanço furioso. Algumas delas tinham estado ocupadas
lutando contra outras mulheres frenéticas na fortaleza druida de Mona. Embora
os celtas superassem os romanos em número, quatro para um, os bretões de
Boadiceia perderam na estratégia e foram massacrados. A rainha (e suas filhas –
cujos nomes ainda não sabemos) tomaram veneno antes que os romanos pudessem
lhes botar as mãos outra vez. Seu feito rebelde teve, a curto prazo,
consequências positivas para os bretões que restaram. Uma comissão encarregada
de apurar os fatos em Roma apressadamente instituiu uma política mais humana
para a ilha. Ironicamente, essa nova política mais branda possibilitou uma
romanização dos icênios e de outras tribos muito mais rápida do que o governo
com mão de ferro anterior havia conseguido.
Nascida escrava no círculo doméstico da família do
imperador na ilha de Capri, Dorcas recebeu a atenção de Lívia, a imperiosa mãe
de Tibério. Com uma velocidade vertiginosa, ela estava a caminho de Roma para
se tornar uma ornamentadora de estrelas. A imperatriz Lívia devia adorar fazer as
coisas por Dorcas. Se não fosse assim, essa perita cabeleireira não teria
durado uma semana. Conhecida como a maior força nocauteadora por trás dos
bastidores da política romana, a longeva Lívia tinha uma queda para encurtar a
duração de vida dos outros, de criados desajeitados a membros da família que
por acaso se tornassem um obstáculo no seu caminho. Dorcas deve ter ganhado
boas gorjetas – ou sabia algo incriminador sobre Lívia, porque foi libertada e
se casou com um funcionário de plebiscito chamado Licastos, um sujeito decente que
a tratava com carinho, e que mais tarde deixou gravados em seu túmulo orgulhosos
elogios às qualidades dela. Lívia também foi bem-sucedida, recebendo o status de deusa poucos anos após sua
morte, a despeito do número indecoroso de partidas prematuras deste mundo
creditadas a ela.
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A próxima postagem de “Mulheres Audaciosas da Antiguidade” vai falar de POPEIA
SABINA. Ela viveu nos anos 60 d.C. Casou-se com o imperador Nero e teve uma
participação ativa nas maldades do marido. Mantinha um amante, Oto, que se dava
muito bem com Nero.
- Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”, de Vicki León,
tradução de Miriam Groeger, Editora Rosa dos Tempos.
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As imagens aqui reproduzidas foram retiradas do Google.
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