domingo, 27 de maio de 2018
Mulheres da Antiguidade - Eumáquia
Isto é História
Mulheres Audaciosas da
Antiguidade
EUMÁQUIA
Vicki León
Uma das pessoas mais ultra-realizadoras de Pompeia, Eumáquia
era uma nova-rica e soube fazer bom uso dessa riqueza. Em seus tempos – século
I d.C. – sua encantadora e estimulante cidade natal de 20 mil habitantes (8.000
dos quais escravos), na Baía de Nápoles, era famosa por seus vinhos finos,
cebolas, ervas, molho de peixe, mel, lã crua e pela produção e tingimento dos
tecidos acabados. A família de Eumáquia havia enriquecido fabricando tijolos.
Ela, por sua vez, casou com um homem que possuía hectares de extensão em terras
nas encostas férteis do Vesúvio, onde eles criavam ovelhas, legumes e pelo
menos um menino.
Em 62 d.C., quando um grande terremoto danificou as estruturas
de muitas construções públicas, Eumáquia interveio e pagou pela construção do
que se tornou o maior prédio da cidade. Localizado no Fórum, no centro da
cidade, o complexo do prédio cheio de colunatas que ela construiu, alojava o
mercado de lã e servia de quartel general para a mais importante associação
comercial da cidade – os pisoeiros. Além de lavar as peças de roupa, os
pisoeiros deixavam a lã grossa recém-tecida de molho e depois a prensavam,
transformando-a em tecido fino. Por sua generosidade cívica, Eumáquia subiu
rapidamente ao topo das paradas de sucesso da associação dos pisoeiros, que
levantou uma estátua com uma inscrição em sua homenagem (e, eu espero,
ofereceu-lhe lavagem à seco grátis pelo resto de sua vida).
Eumáquia pode ter tido um motivo oculto para sua generosidade.
Exatamente na época em que ela contratou a construção daquela estrutura grandiosa, seu filho Marco
se candidatava a um cargo público. Também não fazia nenhum mal o fato de mamãe
ser uma sacerdotisa pública de Vênus (embora existissem templos para Ísis e
muitos outros cultos em Pompeia, Vênus era a padroeira especial da cidade natal
de Eumáquia. É por isso que Pompeia é tão abarrotada de murais, estátuas e
referências à deusa do amor).
Eumáquia não deixava muita coisa ao acaso. Num gesto clássico
de escalada social, ela dedicou sua versão das Torres Trump a Tibério e Lívia,
o imperador em exercício e sua influente mãe (As duas estátuas, uma de si mesma
e a outra da falecida, mas divina Lívia, adicionaram um toque atraente).
A certa altura, Eumáquia tirou uma folga do remoinho de
obrigações sacerdotais, maternas e políticas para construir rapidamente um
túmulo de mármore para si, sua família e auxiliares domésticos, na melhor
região para mortos de Pompeia. Com sorte, talvez ela tenha tido a chance de
ocupar suas igualmente pretensiosas acomodações antes que o Vesúvio carregasse
sua linda cidade e todas as suas obras para o esquecimento em 79 d.C.
Para
Júlia Félix, “A verdade na propaganda” não era apenas uma propaganda sensacionalista
da Madison Avenue. Nascida em berço de ouro, em Pompeia, Júlia herdou sacos de
dinheiro e propriedades. Sua residência, repleta de lindas pinturas, estátuas,
murais, sofás de mármore e um pátio com jardim interno ostentando sua própria
escultura de um falo monstruoso, ocupavam uma quadra inteira da cidade. Em 62
d.C., um terremoto daqueles sacudiu Pompeia e danificou sua propriedade. Em
lugar de (pasmem) gastar seu capital, Júlia pagou pelos consertos alugando
parte dos seus alojamentos. Em seu anúncio, pintado numa parede, ainda se lê:
“Aluga-se: parte da propriedade de Júlia Félix, num contrato de aluguel
renovável por mais cinco anos, iniciando-se nos idos de agosto – banheiros
públicos, bordel, taverna e noventa lojas e quartos no andar superior”. O
aluguel de Júlia viu um bocado de ação. Assim como seus locatários, a julgar
por uma pichação encontrada numa parede: “Você foi um estalajadeiro, um
vendedor de panelas, um açougueiro, um padeiro, um trabalhador de fazenda, um
vendedor de bronzes, um comerciante de roupas velhas e agora é um oleiro. Se
você se dedicar à tarefa de espancar mulheres, terá desempenhado todo tipo de
ocupação”.
- A próxima postagem de
“Mulheres Audaciosas da Antiguidade” vai falar de AQUÍLIA SEVERA, a mais famosa
vestal de todos os tempos, começou a trabalhar aos seis anos. Viveu nos idos de
219 d.C. Ela esposou Heliogábulo, imperador romano.
- Do livro “Mulheres Audaciosas
da Antiguidade”, de Vicki León, tradução de Miriam Groeger, Editora Rosa dos
Tempos.
- As imagens aqui reproduzidas
foram retiradas do Google.
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