segunda-feira, 7 de maio de 2018
Mulheres da Antiguidade - Popeia Sabina
Isto é História
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
POPEIA
SABINA
Vicki León
Se tivesse existido um jornal
diário na pequena e velha Pompéia, suas manchetes em 62 d.C. diriam: “Garota
local se dá bem”. Tudo bem, é verdade que o sujeito com quem Popéia Sabina
casou não era exatamente um material de primeira classe. Ainda assim,
imperadores são imperadores. Casando-se com Nero, Popi se tornou uma autêntica
imperatriz e esposa número dois de sua perversidade real flácida e de queixos múltiplos.
Oto, o amante de Popi (e
possivelmente seu primeiro marido), ele próprio destinado a ser um dos
imperadores de Roma por mais ou menos dez minutos em 69 d.C, apresentou os
dois, que realmente se deram muito bem. Essa criança rica de cabelos cor de
âmbar e seu violinista gordo compartilhavam muitos entusiasmos: vida libertina,
cultos religiosos orientais (Popi favorecia o judaísmo, Nero o culto da deusa
síria), astrologia e perfume. Mesmo antes de ser imperatriz, Popi mantinha cem
criados ocupados, aplicando-lhe máscaras faciais de pasta de feijão e cuidando
de sua tropa de quinhentos burros, em cujo leite - misturado com fragrâncias de
especiarias – ela se banhava diariamente. Entretanto, o fulgor com que ela saía
do banho não era nada comparado ao realce exagerado de sua maquiagem com
alvaiada venenoso. Popi até inventou um custoso creme facial, que ela vendeu
aos Jovens e Inúteis ao redor de Roma. Não sendo um maníaco por fragrâncias
medíocres, Nero dava festas regularmente, nas quais choviam perfumes ou pétalas
de rosas sobre os convidados. Em uma delas, uma tempestade de rosas asfixiou um
folião.
Era conveniente estar casada
com um imperador, mesmo que ele fosse malcheiroso. Quando um terremoto
danificou Pompeia, Popi fez Nero participar das despesas. Mais tarde, ela o
induziu a suspender a proibição de jogos de gladiadores locais. Poucos anos
antes, a torcida local tinha ficado excessivamente excitada e massacrada a
torcida do “time visitante” na plateia. A moeda local logo passou a exibir o
rosto de Popi, e Nero fez com que ela fosse saudada como “Augusta”. Os poemas
que ele escreveu elogiando seus cabelos causaram uma corrida aos salões, onde
as mulheres romanas usaram gordura de cabra, esterco e cinzas para adquirir a
aparência de garota de ouro de Popi.
Popi já estava grávida
quando se casaram e deu à luz o bebê Cláudia, em janeiro de 63 d.C. Enlevado,
Nero pouco se preocupou em perseguir qualquer pessoa durante meses – até que a
criança morreu. Então, ele a pranteou, declarando Cláudia uma deusa. Considerando-se
um artista, Nero agora se concentrava em suas “carreiras” de cantor e condutor
de carruagem, competindo nas Olimpíadas e inventando os Jogos Neronianos em
homenagem a ele mesmo. Logo após seus triunfos nos jogos, uma Popi novamente
grávida teve a coragem de pegar no seu pé por ter voltado para casa tarde das
corridas de carruagem, e Nero lhe deu um chute no estômago. Que mancada! Uma
belíssima esposa morta em razão de maus tratos, com a idade de 22 anos. Nero
imediatamente a declarou uma deusa e queimou o estoque de um ano de incensos
árabes em seu funeral. Talvez aquela manchete pompeana devesse dizer: “Garota
local se torna imperatriz divina”.
Embora os advogados não fossem muito respeitados nos tempos
de Júlio César, as caretas eloquentes e atrevidas de Gaia Afrânia eram muito
mais ultrajantes. Como outros romanos instruídos, ela tinha prazer em processar
aos outros até que perdessem as togas. O pior é que ela atuava como sua própria
advogada – e também de uma maneira bastante eficiente, a julgar pelo furor que
causava. Ninguém dizia a palavra “vagabunda” (afinal, ela era esposa de um
senador), mas, um século mais tarde, um detrator corajoso chegou perto: “Por
ter sempre importunado os tribunais com um clamor que o Foro raramente ouvia,
Gaia tornou-se o exemplo mais conhecido do temperamento litigioso das
mulheres”. Ele então disse que seu nome era um sinônimo “baixa moral feminina”
– uma conclusão bastante lógica, até mesmo para um advogado!
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A próxima postagem de “Mulheres Audaciosas da Antiguidade” vai falar de EUMÁQUIA.
Ela viveu no século I d.C. em Pompeia e era uma das maiores realizadoras de sua
cidade, tendo participado ativamente da sua reconstrução após o terremoto em 62
d.C.
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Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Editora Rosa dos Tempos.
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As imagens aqui reproduzidas foram retiradas do Google.
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