domingo, 17 de junho de 2018
Mulheres da Antiguidade - Aquilia Severa
Isto é História
Mulheres Audaciosas da
Antiguidade
AQUILIA SEVERA
Vicki León
Como carreira, a castidade parece está perdendo terreno em
nossa sociedade, a julgar pelas estatísticas caídas em relação ao número de
freiras novas. Entretanto, há uns dois mil anos, a cobiçada função de virgem
vestal, ocupada por não mais do que quatro a oito garotas locais ao mesmo
tempo, era uma grande coisa em Roma. Desde os nebulosos estágios iniciais da
Cidade Eterna, as vestais tinham a tarefa de cuidar do Fogo Sagrado de Vesta,
deusa da terra. Se aquelas garotas deixassem o fogo apagar, um desastre não
especificado sobreviria em Roma.
Aquilia Severa, talvez a mais famosa vestal de todos os
tempos, começou a trabalhar com a idade aproximada de seis anos. Em julho de
219 d.C., ela e outras vestais mantinham o fogo ardendo, mas, de qualquer
maneira, um grande desastre se abateu sobre a cidade. Seu nome era Heliogábalo.
Aos quatorze anos, esse gorduchinho atraente, vestido de maneira esquisita com
montes de colares, braceletes, olhos pintados e uma longa camisola de seda,
descrito por uma testemunha ocular como “um pesadelo de seda roxa e dourada”,
entrou repentinamente na cidade rebocando uma pedra sagrada negra, puxada por
seis cavalos brancos. Era o novo imperador de Roma.
Um dos vários rebentos inesquecíveis em uma dinastia maluca de
governantes mãe-e-filho da Síria romana, Heliogábalo adorava religião e deixava
a política para sua mãe Júlia Soêmia. Helinho, sumo sacerdote do deus-sol
sírio, queria apresentar os romanos à sua nova divindade sem delongas. Assim, o
imperador adolescente se desfez da esposa do momento, mandou que transportassem
o fogo sagrado para o templo de seu novo deus-sol, e escolheu Aquilia Severa
para sua noiva – foi um pouco como escolher a Madre Teresa para fazer o papel
principal da história da vida de Madonna. Como o malandro rechonchudo explicou:
“Estou casado com Aquilia para que crianças divinas possam nascer de mim, o
sumo sacerdote, e dela, a suma sacerdotisa”.
Por sorte ou azar, o jovem Helinho ficou extremamente ocupado,
organizando orgias, se travestindo e tendo casos com charreteiros, e não pôde
concretizar seus planos de dinastia. Em menos de três anos, Heliogábalo e sua
mãe elevaram o grau de repulsa local a
tal ponto que ambos foram assassinados pela guarda romana, sendo então
despidos, arrastados pelas ruas num tipo diferente de parada, e jogados no rio
Tibre.
Um outro imperador adolescente, filho adotivo de Helinho,
ocupou o trono. A pedra negra e o culto ao deus-sol voltaram para a Síria e Aquilia – pelo menos, teoricamente – pôde retornar à sua virgindade vestal. É
claro que agora estava faltando nela um componente vital, mas será que um
seguro total não se aplicaria? Se uma vestal quebrasse deliberadamente seu voto
de castidade, ela era enterrada viva numa câmara especial, com um lampião e um
saco de papel contendo um lanche de pão, leite, óleo e água. Para verificar o
cumprimento de seus votos, o sumo sacerdote fazia o famoso “teste do pescoço”
nas pequenas vestais, a cada 5.000 quilômetros. Como qualquer bobo sabia, a
glândula tiroide de uma virgem se expande após a primeira relação sexual. Como
o caso de Aquilia era fora do comum, talvez eles lhe tenham concedido uma
aposentadoria precoce, em relação aos trinta anos que normalmente as vestais
serviam. Ela certamente já tinha passado o suficiente para tirar um santo do
sério.
- A próxima postagem de
“Mulheres Audaciosas da Antiguidade” vai falar de UMÍDIA QUADRATILA, uma mulher
abastada e generosa com a cidade de Casino, na Itália, sua terra natal. Viveu
78 anos, tendo construído para sua cidade um templo. Um palco e um anfiteatro.
- Do livro “Mulheres Audaciosas
da Antiguidade”, de Vicki León, tradução de Miriam Groeger, Editora Rosa dos
Tempos.
- As imagens aqui reproduzidas
foram retiradas do Google.
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