Até o dia em
que um imperador romano desmancha-prazeres baniu a prática, as mulheres
travessas com um gosto por sangue, lâminas e curtos períodos de vida tiveram
a chance de ser gladiadoras, lutando desde os anfiteatros na Ásia Menor às
salas de estar dos imperadores Calígula e Nero. Peso-pesado de Halicarnasso,
cidade conhecida por suas rainhas agressivas, Aquilia lutou com uma
gladiadora chamada Amazônia. Essa imagem ficou registrada num baixo-relevo
que agora se encontra no Museu Britânico. A despeito do futuro pouco
promissor da carreira, mulheres de todos os níveis se tornaram gladiadoras. Algumas
eram prisioneiras ou criminosas de guerra. Entretanto, no século I d.C., um
número impressionante delas eram mulheres nobres romanas, que aprendiam a se
tornar armas mortais numa escola próxima de Nápoles. Embora as garotas
gladiadoras também lutassem até a morte, frequentemente eram anunciadas em
espetáculos jocosos com outras mulheres, anãs ou negras. Contudo, assim como
o encarregado de limpar a sujeira do elefante do picadeiro, essas damas podiam
proclamar: “Pelo menos estou no show biz”.
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sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Mulheres da Antiguidade - ARTEMÍSIA I
Isto
é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
ARTEMÍSIA I
Vicki León
Na
guerra de 480 a.C. entre os gregos e persas, travada perto de Atenas, poucos
dos indivíduos do lado persa perdedor conseguiram sair bem do confronto. A
exceção foi uma mulher heroica, chamada Artemísia, rainha de Caria. Filha de
uma mulher de Creta e de um rei de Caria, Artemísia vinha governando o país
eficientemente de sua cidade, capital de Halicarnasso, desde que o pai morrera.
Estando Caria (no sul da Turquia), naquela época, dentro da esfera política da
Pérsia, Artemísia foi solicitada a colaborar com dinheiro para a produção
bélica que o rei Xerxes estava montando contra os gregos. Artemísia fez melhor:
apareceu envergando uma armadura completa de batalha com cinco de seus navios
de guerra de três tombadilhos e um exército por terra de reforço. Ela tinha um
filho crescido que poderia ter enviado em seu lugar, mas evidentemente a
aventureira Arti não teria perdido essa oportunidade por nada nesse mundo.
O
round número um foi uma batalha naval
próximo à ilha grega de Eubéia. Artemísia lutou com bravura, mas os persas
levaram uma surra. Xerxes pediu que ela lhe desse sua opinião sobre o que havia
se passado, e ela lhe disse francamente que os gregos eram superiores a eles no
mar. Entretanto, o rei preferiu acreditar que os persas haviam perdido porque
ele não havia estado lá para ver as tropas. Para a segunda grande briga, que
aconteceu no estreito canal entre Salamina e a ilha de Egina, Xerxes
confiantemente instalou uma cadeira de praia num penhasco à beira-mar.
Artemísia
já tinha um prêmio por sua cabeça, oferecido pelos gregos em razão de ações
audaciosas na primeira batalha: 10 mil dracmas para qualquer pessoa que a
capturasse viva. Logo no início, o lado persa apresentou problemas. Sua
gigantesca esquadra, grande demais, não conseguia manobrar ou lutar. Reinava o
caos. A rainha, perseguida por um navio grego, enfiou um aríete num navio
aliado friamente, confundindo ambos os lados o suficiente para que a deixassem
fugir. As perdas persas aumentaram. Com um suspiro, Xerxes dobrou sua cadeira
de praia.
Depois
da batalha, Xerxes premiou Artemísia com uma armadura grega (“É perfeita –
ainda não tinha nenhuma dessas no meu guarda-roupa”), e nossa mulher lhe
presenteou outra vez com um pequeno conselho tático para o restante da guerra.
Acontece que este conselho coincidiu com as idéias de Xerxes, portanto, ele a
considerou mais inteligente do que nunca. Hoje em dia, os advogados da
organização feminina NOW (National Organization for Women) teriam dado um golpe
de chave de cabeça em Xerxes por seus comentários sobre Artemísia, mas naquela
época suas observações afetuosas passaram por elogios e foram citadas durante
séculos: “Meus homens lutam como mulheres, minhas mulheres lutam como homens”!
A Autora
Vicki León
- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da
Antiguidade vai falar de “ARTEMÍSIA II”, também rainha de Caria, casada com Mausolo.
Apaixonada por ele, mandou construir um túmulo com um luxo jamais visto, em
forma de um bolo de casamento e, quando ele morreu, vivia passando as tardes
bebendo ponches de vinho feitos dos ossos
e cinzas do seu marido.
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”, título
original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de Miriam
Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
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Muito interessante o texto! É ótimo saber sobre a antiguidade.
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