segunda-feira, 22 de junho de 2015
Mulheres da Antiguidade - SAFO
Isto
é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
SAFO
Vicki León
Descrita
frequentemente como baixa e escura, Safo, como poeta, tinha uma estatura
inacreditável – tanto em sua época como na nossa, 2.600 anos mais tarde. Seu
trabalho não só foi cantado, ensinado e citado – mas até mesmo as frases com
que ela ganhou dinheiro, desde “amor, esse desagregador de membros” até “mais
dourada do que ouro”, entraram para a língua grega e foram tão usadas que
finalmente se tornaram clichês.
Além
de escrever poesias tão ardentes e imediatas quanto uma batida de coração, “a
ardente Safo” (um de seus apelidos) deu vida a todo um movimento poético e
musical. Por meio da criação de um ambiente estimulante para mulheres
talentosas da Grécia e da Ásia Menor, em sua ilha natal de Lesbos, Safo
encorajou as carreiras criativas de dúzias de mulheres famosas e de uma miríade
de mulheres desconhecidas. Seu exemplo gerou numerosas imitadoras – como, por
exemplo, Damófila, sua protegida, que escreveu e ensinou às jovens mulheres de
Panfília, a 310 quilômetros a leste da Ásia Menor.
Nos
tempos de Safo, tornar-se poeta significava aprender a compor poemas líricos e
melodias, cantar, tocar lira e dançar; comumente a poesia era apresentada aos
convidados como um regalo após o jantar. O próprio trabalho de Safo ecoa sua
crença de que o divino compartilha o prazer humano na beleza e no prazer
sensual. A mais famosa das habitantes de Lesbos seria lésbica. Nunca saberemos
com certeza. Os fragmentos que restaram de seus nove livros de poesia
certamente dão a impressão de que ela era uma dedicada admiradora de mulheres –
e uma cronista de emoções humanas íntimas. Na época de Safo – talvez 610 a 560
a.C. -, a ilha de Lesbos não era um ninho de amores femininos tanto como de
intrigas políticas. Não só numa, mas duas vezes Safo foi banida para a Sicília
– ou teve de fugir de Lesbos – por motivos desconhecidos; muito possivelmente,
ela e sua família aristocrática altamente visada acabaram ficando do lado
errado da cerca política. Alceu, seu colega poeta e admirador de Lesbos, teve o
mesmo problema.
Outra
marca da envergadura de Safo foi seu aparecimento nas moedas. Mitilene, a
capital de Lesbos, orgulhosamente pôs em circulação as moedas Safo; foram
encontradas algumas, datadas do século III d.C. – novecentos anos depois da
morte da poeta. Safo (ou melhor, sua fama) também monopolizou o equivalente
antigo da concessão de camisetas: seu retrato e nome apareceram em vasos,
bronzes e, mais tarde, em grande parte da arte romana.
Embora
sua poesia gire em torno de coisas pessoais, sua vida particular era discreta e
nem sempre afortunada. Seu pai morreu quando ela tinha seis anos; mais tarde,
um de seus três irmãos sugou os cofres da família até ficarem quase secos
(aquelas comissões que Safo recebia por canções de casamento podem ter sido
muito úteis). Safo se casou com um homem chamado Cercolas, que a deixou viúva
em torno dos quarenta anos. Ela também tinha uma filha chamada Cleis, da qual
sempre se gabava carinhosamente. Os casos de amor com as mulheres que lhe eram
mais próximas parecem ter sido transitórios. Como muitos grandes poetas e
cantores de blues, Safo transformava a dor em beleza. Talvez ela estivesse
pensando em Cleis quando descreveu as próprias canções como “suas filhas imortais”.
A autora
Vicki León
- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da
Antiguidade vai falar de “RODÓPIS”. Ela vivia na ilha de Samos, sendo escrava
numa casa de família do século VII a.C. Tinha o apelido de “Bochecha Rosada”.
Ela foi prostituta, tendo casado com um irmão de Safo.
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”,
título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
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