domingo, 20 de setembro de 2015
Mulheres da Antiguidade - Aspásia
Isto
é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
ASPÁSIA
Vicki León
Os
atenienses antigos eram como os nova-iorquinos: se você não tivesse nascido lá,
podia esquecê-la. Na metade do século V, a.C., as mulheres ousadas mais famosas
do mundo fizeram essa dolorosa descoberta. Proveniente de uma boa família em
Mileto, a talentosa Aspásia poderia ter sido tudo se tivesse permanecido em sua
base natal. Considerada a mais importante das cidades jônicas na Ásia Menor,
Mileto estava assentada como uma rainha na costa da região que hoje corresponde
à Turquia, sendo ela mesma uma potência militar e colonial. Todavia, como
Evita, Aspásia sentiu a atração da Big Apple
– que, naqueles tempos, significava Atenas.
Ela
veio para a cidade como uma residente estrangeira – uma situação tão criticada
naqueles tempos quanto é hoje nos Estados Unidos. Acostumada à liberdade social
e intelectual que as mulheres desfrutavam na Jônia, Aspásia tentou viver da
mesma maneira em Atenas. Imediatamente, foi rotulada como uma hetera, um termo
elástico significando qualquer coisa desde
“companheira-não-sexual” a “prostituta descarada”, dependendo do
contexto.
Se
Aspásia vendia ou dava de graça, parece ser irrelevante. Ela traficava coisas
muito mais perigosas – os atenienses realmente detestavam que uma mulher
pudesse usar seu cérebro e perspicácia política para conquistar o respeito e a
amizade de Péricles, Sócrates e outros homens instigadores e agitadores. Homens
poderosos a procuravam – não para sexo, mas para aconselhamento sobre oratória.
Aspásia também não tinha problemas no departamento de qualidades físicas.
Péricles, o líder divorciado de Atenas, a adorava. Impossibilitados de se
casarem, eles viviam juntos como marido e mulher e tiveram um filho, também
batizado de Péricles. Pensando bem, ele a tratava melhor do que uma esposa
ateniense era tratada: passando em casa duas vezes por dia para beijá-la,
discutindo tudo com ela, desde filosofia até rumores de mercado, e lhe dando
respeito, amor e liberdade de movimento durante duas décadas.
Falada,
admirada, severamente criticada, imitada e parodiada, Aspásia era singularmente
semelhante ao filósofo Sócrates. Ambos tinham a coragem de fazer aquilo que
achavam ser certo. Como Sócrates, supostamente Aspásia foi levada a julgamento
por sua irreverência. Como ele, ela não tinha qualquer riqueza a não ser o
depósito de riquezas de sua mente (o que presumivelmente prova que ela não era
uma hetera, já que a maioria delas se dava muito bem na área financeira). Ambos
tinham vidas cheias de tragédia e crítica injusta. Por exemplo, Aspásia foi
perseguida por “incitar” a guerra de 430
contra a ilha de Samos – com base no raciocínio de que Mileto e Samos eram
inimigos tradicionais. Também existem comparações maldosas de Aspásia com
Targélia, uma cortesã de Mileto famosa como agente secreta.
Entre
430 e 427 a.C., uma praga destruiu as entranhas de Atenas, matando um terço de
sua população. Aspásia sobreviveu, mas perdeu Péricles, o amor de sua vida.
Antes de morrer, seu amado pôde tornar seu filho um cidadão ateniense. O garoto
veio a ser general. Foi bom que Aspásia não tenha vivido para ver 406 a.C.,
quando os atenienses se voltaram contra o segundo Péricles e o mataram.
A autora
Vicki León
- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da
Antiguidade vai falar de “ELPINICE”, mulher ateniense que viveu no século V,
a.C. Era arrogante, intelectual e elegantemente falida.
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”,
título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
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