terça-feira, 15 de agosto de 2017
Mulheres da Antiguidade - Hortênsia
Isto
é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
HORTÊNSIA
Vicki
León
A
morte e os impostos eram coisas tão inevitáveis e indesejáveis nos tempos
romanos como são em nossos dias; às vezes, as mulheres sentiam a agulhada tanto
da última como da primeira. Em 42 a.C., cinco homens arrastaram o país inteiro
para uma guerra civil – uma atividade sempre custosa, antes mesmo que os
helicópteros e os mísseis Scud
tivessem sido inventados. Para financiar a aventura, os triúnviros no poder
decidiram sapecar um imposto nas mulheres – e somente nas mulheres – cuja
fortuna excedesse 100 mil dinares. Mil e quatrocentas mulheres receberam a
ordem de desembolsar o equivalente à renda de um ano, e, aproveitando a
ocasião, emprestar uns cinquenta avos de suas propriedades para o governo a
juros. Para assegurar o cumprimento do estabelecido, eram oferecidos prêmios a
informantes, livres ou escravos, sobre senhoras que, como diríamos, sonegassem.
Em outros pontos críticos da história romana, as matronas cheias de dinheiro
tinham doado generosamente. Entretanto, desta vez as circunstâncias eram diferentes;
esta era uma guerra civil, e as únicas escorchadas eram as mulheres ricas.
Embora
nunca tivesse tido autorização para defender causas jurídicas, Hortênsia, a
filha de Hortensius, o maior orador e advogado de Roma, tinha uma educação
espetacular e um verdadeiro talento para direito e retórica. Ela foi escolhida
pela multidão de 1.400 mulheres lívidas para atuar como sua porta-voz. Nenhum
homem teve a coragem ou interesse de defender sua causa. Com Hortênsia
liderando, as mulheres fizeram uma barulhenta marcha política pelas ruas de
Roma até o Fórum, onde ela fez um discurso extremamente eficiente em nome
delas.
Do
que Hortênsia foi capaz? Isso ficou demonstrado na defesa. Ela convenceu os
coléricos triúnvaros a reduzir o número de mulheres taxadas de 1.400 para 400.
Mais crucial ainda, eles decretaram que novo imposto cairia, como chuva,
igualmente sobre mulheres e homens, tanto cidadãos como estrangeiros. Admitimos
que não foi tão bom quanto apagar totalmente a ideia, mas aqueles rapazes
militares de fato precisavam furiosamente de dinheiro.
O
discurso de Hortênsia entrou para a história de Roma, sendo lido e memorizado
por meninos (e, esperamos que também meninas) durante séculos. Por falar nisso,
o pai e mentor de Hortênsia não pôde testemunhar seu eloquente dia de glória;
ele havia morrido oito anos antes. Ironicamente, nenhum dos filhos de Hortênsia
seguiu suas pegadas ou as de seu pai.
Aselina era uma mulher de reputação duvidosa que dirigia um
prostíbulo e um restaurante pé-sujo em Pompeia. Do lado de fora de sua
espelunca, um sinal de pedra com quatro falos e um copo de dados revelava aos
passantes que no primeiro andar havia bebida e jogatina; no segundo andar,
estavam as senhoras fáceis, mas não necessariamente baratas. Uma casa de
prostituição internacional, a de Aselina repetia a natureza cosmopolitana do
mundo romano no século I d.C. As garçonetes (que podem ter dobrado no serviço como
prostitutas ou vice-versa) vinham da Grécia, África do Norte e Creta. Como
sabemos disto? As paredes da taverna estavam cobertas com seus nomes e citações
libidinosas sobre as promoções do dia, e pichações dos frequentadores
regulares, como Dezembro e o velho boa-praça Escordopordônico, ou “Pum d’Alho”.
Embora a maioria das damas de Aselina fosse escrava, elas participavam
ativamente da política, decorando o prédio com propagandas dos candidatos e
incentivando o sedento eleitorado masculino a votar. Quase todos os pompeanos,
inclusive Aselina, se envolviam na política local. Somente os próprios
candidatos ficavam abençoadamente
calados – nem um veneno lançado!
- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da
Antiguidade vai falar de “MUSA”. Ela era uma escrava que foi abençoada por
Júlio César, em Roma, no Século I d.C. Ela se tornou a primeira concubina de
Fraates IV, do reino de Pártia, hoje região nordeste do Irã.
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”,
título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
a autora
Vicki León
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