segunda-feira, 27 de abril de 2015
Mulheres da antiguidade - As Melânias
Isto
é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
AS MELÂNIAS
Vicki León
Quando
Melânia, a Velha, e sua neta, Melânia, a Jovem, se converteram ao cristianismo,
elas o fizeram em grande estilo. Por volta de 360 d.C., a Mel Grande era uma
das mulheres mais ricas em Antióquia, a cidade capital da Síria. Juntando-se à
comunidade cristã da cidade, que começava a germinar, a jovem viúva tornou-se
uma discípula de Rufino, um contemporâneo de Jerônimo, influente estudioso da
Bíblia. A Mel Jovem, que mais tarde herdou partes iguais de fervor cristão e
riqueza, casou-se com Piniano, um primo rico que lhe deu uma chance de lutar
para sobrepujar a avó nos sweepstakes
de doações da “renúncia ao mundo material”.
Mas
a que, exatamente, as Melânias renunciaram? As duas possuíam mais de 8.000
escravos, que foram libertados (ou vendidos, e o dinheiro foi doado à Igreja –
bom para a Igreja, mas não muito satisfatório para os escravos em questão). A
Mel Jovem, que com seu marido desfrutava uma renda anual de doze miríades de ouro (milhões em nosso poder
aquisitivo), abriu mão de tudo. As duas mulheres possuíam vastas propriedades
em Roma, em outras partes da Itália, na África do Norte e na Síria, que elas
venderam ou doaram para uso da Igreja. Avó e neta também jogaram enormes somas
de dinheiro numa variedade de projetos da Igreja no Egito, na Palestina, em
Constantinopla e na Antióquia, provendo monastérios, alimentando os pobres e
revestindo os interiores das igrejas com novos tecidos de seda e joias.
Contudo, se tivermos de escolher uma vencedora dos sweepstakes, talvez seja a Mel Jovem; ela também conseguiu
convencer seu marido a renunciar ao sexo pelo resto de suas vidas.
Ambas
as Melânias, Velha e Jovem, levaram a fé cristã muito a sério – juntamente com
as diversas controvérsias teológicas que fumegavam naqueles dias. Por exemplo,
a Mel Velha ajudou a restaurar a unidade, quando as altercações dentro da
Igreja ficaram feias, como a discussão sobre o que São Paulo queria ou não
queria dizer sobre o Espírito Santo – um pequeno alvoroço em Jerusalém que
envolveu quatrocentos monges. A Mel Jovem estabeleceu três monastérios em
Jerusalém. E, depois que seu marido morreu em 432, ela se dedicou a uma vida de
preces e boas ações, como copiar as Sagradas Escrituras em um dos conventos que
fundou.
Obviamente, a
notícia de sua santidade se espalhou. Eudóxia, a imperatriz cristã, chegou a
Jerusalém – queria morar com ela na Terra Santa e se dedicar a procurar
relíquias. Depois das fantásticas descobertas de relíquias da imperatriz Helena
no século anterior, procurar pelos restos sagrados dos santos e apóstolos –
ossos, peles, pedaços de roupas – era a coqueluche da época. Entretanto, vejam
só, as duas farejadoras de parafernália religiosa tiveram um pequeno
desentendimento. Ambas afirmaram ter descoberto pedaços de Santo Estêvão, o
Mártir; o problema é que os pedaços eram os mesmos (O que foi que aconteceu com
a humildade cristã? Acho que Mel renunciou a ela juntamente com seu dinheiro).
Quando se tratava de quem era mais santa, a Mel Jovem não estava disposta a
ceder seu lugar para uma mera imperatriz.
A autora
Vicki León
- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da
Antiguidade vai falar de “GALA PLACÍDIA”. Nascida em Constantinopla em 388
d.C., era filha do imperador Teo II. Foi capturada pelos Visigodos no tempo de
Alarico. O seu sucessor, Ataulfo, casou-se com Gala Placídia. O fim de sua vida
foi construir igrejas nas cidades de Roma e Ravena.
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”,
título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
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