domingo, 16 de agosto de 2015
Mulheres da antiguidade - Calipatira
Isto
é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
CALIPATIRA
Vicki León
Calipatira
– que literalmente significa “Sra. Bom Papai” – era da Grécia. Ela começou sua
vida com o nome de Ferenique, recebendo mais tarde seu apelido pelos feitos
insolentes e fora do comum que a fizeram famosa. Ferenique veio da ilha de
Rodes, sendo de uma família de atletas e de superestrelas olímpicas, desde seu
pai Diágoras, campeão de boxe em 464 a.C., a seus irmãos, que durante décadas
dominaram o boxe e o pancrácio (uma mistura exibicionista do boxe, luta livre e
sadismo). Quando Ferenique e seu marido, Calíanax, tiveram dois meninos que se mostraram
promissores como boxeadores, a família começou a pensar: é hora de continuar a
dinastia! Realmente, o rapaz mais velho levou a medalha de ouro no boxe
masculino, e a dinastia estava rolando outra vez.
Então
o destino interveio – Calíanax morreu. A jovem viúva maníaca por esportes ficou
devastada. Era suficientemente ruim ter perdido seu companheiro, mas ainda por
cima seu filho mais jovem Pisodoro, já preparado para a Nonagésima Oitava Olimpíada, tinha perdido seu treinador. E também não era um pequeno detalhe
técnico: competidores e treinadores eram obrigados a morar na vila olímpica
diversos meses antes do evento, seguindo regras severas de dieta e
comportamento. Proveniente de uma família de machos que não se davam por
vencidos, Ferenique não estava disposta a deixar que esse detalhe fosse um
obstáculo no caminho de seu promissor campeão. Ela assumiu o trabalho de deixar
o rapaz capacitado e em perfeita forma.
Debaixo
de um sol tórrido de julho, foram abertos os Jogos Olímpicos de 388 a.C. com a
devida cerimônia. Ferenique vestiu um uniforme de treinadora (um roupão
comprido drapeado de um modo especial), pegou uma tradicional vara comprida com
uma forquilha (a melhor coisa para cutucar quem está sendo treinado) e começou
a se misturar obstinadamente aos outros, filtrando seu caminho até entrar no
recinto reservado aos treinadores para assistir à competição. Em sua era, as
mulheres casadas estavam proibidas de participar dos Jogos Olímpicos até mesmo
como espectadoras; aquelas desobedientes que acabavam presas eram jogadas de um
conveniente penhasco próximo. Isto não significa que alguma mulher já tivesse
tentado, entretanto, por segurança, é possível que Ferenique tenha usado uma
barba falsa para se misturar melhor com o pessoal.
Pisodoro
competiu furiosamente e venceu sua disputa. Rindo estridentemente de
satisfação, sua mãe pulou a barreira que separava os atletas dos treinadores.
Infelizmente, seu pulo revelou muito mais do que sua felicidade. Quando
souberam que o treinador era mulher e membro de uma ilustre família de atletas
olímpicos, os juízes ficaram num dilema. Finalmente, o caso foi resolvido por
meio de um acordo tipicamente grego: Pisodoro recebeu a coroa, sua mãe pode
sair da Olimpíada andando, em vez de ser jogada do penhasco, e o comitê
olímpico aprovou uma lei estipulando que, dali por diante, tanto treinadores
como atletas participariam nus nas olimpíadas. A Sra. Bom Papai acabava de
entrar para o livro de recordes.
Maior colecionadora do People’s
Almanac do que o escritor Michener, Panfília escreveu uns 33 livros. Filha
e esposa de indivíduos eruditos, ela viveu em Epidauro no sudeste da Grécia,
lugar famoso por seu santuário de teatro e saúde. Além de noveletas sobre
desejo sexual e resumos históricos, Panfília, escreveu uma miscelânea de
matérias populares – algo do tipo “pacote misto”, com citações, adivinhações e
anedotas, em uma enciclopédia desordenada que ela achava agradável. É difícil
imaginar quando ela encontrava tempo para escrever. Sua casa presenciou um
desfile de convidados, desde os cultos amigos do maridinho a um ator que estava
em tempo integral ao redor de sua mesa de jantar. Convidados que ficavam se
alimentando em troca de fofocas e boa lábia eram chamados pelos gregos de
“parasitas”. Qualquer escritor rico o suficiente para sustentar parasitas e
acesso a uma boa biblioteca, como era o caso da prolífica Sra. Panfília, devia
dispor de outras rendas. Consultada durante séculos, hoje só restam farrapos do
pacote misto de Panfília, espalhados entre os restos igualmente desordenados de
outras literaturas da antiguidade.
A autora
Vicki León
- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da
Antiguidade vai falar de “ASPÁSIA”, que viveu por volta da metade do Século V,
a.C. em Mileto, e era uma mulher inteligente. Foi viver em Atenas, onde manteve
uma relação amoroso com Péricles, o filósofo.
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”,
título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
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