domingo, 2 de agosto de 2015
Mulheres da Antiguidade - Gorgo
Isto
é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
GORGO
Vicki León
Os
espartanos eram os Gary Cooper da Grécia: corajosos, austeros, escassos na
fala, abundantes na ação. Eles até tinham uma fala arrastada – sendo que o
caipira espartano era um tipo banal na comédia grega. Entretanto, em torno de
500 a.C., uma garotinha loquaz e educada chamada Gorgo, filha do rei Cleômenes,
se tornou uma heroína do povo. Durante séculos, suas piadas e ditos chegaram às
antologias e às conversas ao redor da mesa. Esta Shirley Temple espartana
começou a produzir anedotas com a idade de oito anos. Nesta ocasião, ela estava
ouvindo escondida uma conversa entre seu pai e um diplomata, que estava ocupado
tentando convencê-lo a lutar contra os persas, oferecendo-lhe mais e mais
dinheiro. Gorgo constrangeu a agressiva técnica de vendas do sujeito falando
estridentemente o equivalente a: “Cuidado, pai, se você não expulsar logo esse
cara desta casa, ele será a sua ruína”.
Com
a idade de mais ou menos vinte anos, Gorgo casou com Leônidas, um líder
espartano que mais tarde iria conquistar a fama de ter sido o general mais
corajoso da guerra com os persas. O fato de ter casado não limitou seu estilo.
Gorgo continuou sendo a resposta da era a.C. a Erma Bombeck. A despeito de sua
reputação de escassez, de agir como máquina de guerra da pesada, os espartanos
tinham uma maneira provocante de manter os casamentos excitantes: os maridos
não viviam com suas esposas, mas sim com os outros homens nos quartéis. Na
noite de núpcias e daí por diante, o noivo se esgueirava para o quarto da noiva
depois que escurecia para dormir com ela. Além disso, para sua “primeira vez”,
em vez de usar uma camisolinha sensual, a noiva cortava o cabelo à escovinha e
usava uma capa e sandálias masculinas!
Embora
com a loquaz Gorgo possa ter sido difícil falar alguma coisa, Leônidas conseguiu
lançar duas boas frases. Quando ele estava dizendo adeus, de partida para lutar
com os persas, Gorgo perguntou: “E se você não voltar”? (Estava claro que ela o
amava; as mulheres espartanas não deviam dizer coisas loucamente sentimentais
como essa). Ele respondeu: “Case com um homem honrado e tenha crianças
saudáveis”.
Realmente,
Leônidas morreu defendendo a passagem de Termópilas com trezentos dos seus
melhores homens. Como resultado, um aliado espartano na Pérsia, ao saber que o
rei Xerxes planejava invadir o resto da Grécia, enviou uma mensagem para avisar
aos espartanos. Para conseguir mandar a mensagem através das linhas inimigas,
ele pegou uma tábua coberta de cera, comumente usada para escrever notas,
raspou a cera, escreveu a mensagem na madeira, e a cobriu com cera nova, para
que parecesse que a tabuinha estava em branco. Quando ela chegou a Esparta,
nenhum dos generais conseguia descobrir o segredo, até que Gorgo apareceu e
disse espertamente: “Simples, pessoal – a mensagem está na madeira”.
Durante séculos, as pessoas acreditavam que as mulheres da
área rural da Tessália, uma grande região montanhosa ao nordeste de Atenas,
tinham o poder de fazer a lua descer quando bem entendiam. Como é que esta
história começou? Como muitas outras lendas, do núcleo da verdade histórica
sobre Aglonice, que pode ter sido nossa primeira mulher astrônoma. Intelectual
filha do rei Hegeter, ela estudou a observação do céu com os talentosos caldeus
da Mesopotâmia, concentrando-se no ciclo lunar de dezoito anos que eles haviam
descoberto, chamado de Saros. Durante o ciclo de Saros, os eclipses tanto da
lua como do sol se repetem quase na mesma ordem do ciclo precedente. Quando
Aglonice tornou pública sua prática, seus companheiros tessálio tiveram ataques
de superstição. Vendo que a lógica não a levaria a lugar algum, Aglonice se
acomodou ao seu papel de “feiticeira” e abriu a sua própria tenda de profecias
por encomenda. Seus anúncios de eclipse pode muito bem ter precedido a profecia
de 585 a.C. feita pelo filósofo grego e observador celeste, Tales,
invariavelmente apontado como o “primeiro” astrônomo.
A Autora
Vicki León
- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da
Antiguidade vai falar de “CALIPATIRA”, que viveu por volta dos anos 500 a.C.,
na Grécia, e era maníaca por esportes.
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”,
título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de
Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
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