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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Mulheres da Antiguidade - SULPÍCIA

Isto é história

Mulheres Audaciosas da Antiguidade
SULPÍCIA
Vicki León
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Prolixos como eram, os romanos não tinham grande entusiasmo por poesia. Mesmo que tivessem tido, seus poetas não teriam sido pagos. Ao contrário da Grécia, onde os poetas aceitavam pagamento abertamente, os romanos estremeciam em relação a trabalho pago de qualquer espécie – até mesmo algo tão refinado como compor versos. Os versejadores italianos viviam de sua própria riqueza – ou de suas famílias. É claro que, nos tempos de Sulpícia, não existia uma pressão para publicar, produzir e ser contribuinte financeiro da sociedade, como acontece hoje em dia.
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Todavia, para uma pessoa criativa como Sulpícia, que viveu em torno de 15 a.C., era crucial ter um mecenas. Os benefícios do relacionamento mecenas/poeta fluíam em ambas as direções: para o mecenas, um toque de imortalidade por meio do trabalho do artista; para o artista, uma variedade de contatos, honras, comissões e presentes não-monetários (propriedades, privilégios – qualquer coisa que não fosse o dinheiro imundo) por meio da promoção e do prestígio do mecenas.
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Marcos Messala, o mecenas de Sulpícia, ele mesmo orador e historiador, sustentava todo um estábulo de poetas, incluindo Tibulo, Ligdamo e Ovídio, o autor do malicioso e notório livro A arte de amar. Messala era provavelmente tio de Sulpícia e talvez também fosse seu guardião. Se isso é um fato, ela estava destinada a dar muitos cabelos brancos ao seu tio; pelo que parece, com vinte anos, de classe alta, solteira e morando na casa dele, ela conseguiu levar em frente um ardente caso amoroso, sobre o qual escreveu poesias mais tarde.
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A não ser por ter dado um pseudônimo ao seu amante, Sulpícia não escondeu muita coisa. Com uma mente maliciosa e individual, ela é praticamente a única voz literária feminina que possuímos em primeira mão da Roma antiga. Esta afirmação em si é desanimadora.
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Até hoje, apenas seis pequenos poemas foram revelados; contudo, ela concentra tanto poder de fogo e verdade em suas poucas linhas quanto os mestres haiku do Japão. Vulnerável, exultante, atrevida, amarga, íntima e honesta, ela escreveu sobre seu caso com “Cerinto” desde o primeiro beijo até a perda de sua virgindade, do estágio enlevado de um novo amor, em que se tem o desejo de gritar do alto dos telhados à descoberta dolorosa da existência de outra mulher. Sem dúvida, todas as mulheres romanas faziam e sentiam as mesmas coisas, mas só Sulpícia nos deixou linhas excitantes e atormentadas como essas:

Você tem algum sentimento de preocupação zelosa, Cerinto, pela sua garota, agora que uma febre destrói meus membros cansados?
Eu não iria querer triunfar sobre tristes doenças a não ser que pensasse que você também assim o desejava.
Pois que bem me fará triunfar sobre a doença se você puder testemunhar meus infortúnios com um coração insensível? 

A Autora
Vicki León
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- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar de “MESSALINA”, que viveu em torno do ano 48 d.C. no império romano, e se dedicou a acumular amantes durante a sua vida. Ela tinha uma mania desagradável de encomendar a morte de seus ex-amantes e rivais.  
– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”, título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.
- Todas As imagens foram extraídas do Google.
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