terça-feira, 30 de junho de 2020
Tipos Populares de Aracaju - Maria Olívia
Isto é História
Aracaju Romântica que Vi e Vivi
MARIA
OLÍVIA
Murillo
Melins
Filha do Sr. Crispim Henrique Silveira e Dona
Cecília Quintel, desde pequena morou na Colina do Santo Antônio. Teve uma
infância tranquila, mimada por seus pais. Contra o gosto deles, mas
impulsionada pelos dons musicais com os quais nascera, frequentava o auditório
da Rádio Aperipê, ainda na rua Itabaianinha, nº 41, onde participou dos
programas de calouro nas manhãs de domingo, comandados pelo grande radialista
Alfredo Gomes. Como caloura participou duas vezes. Na primeira cantou o
samba-canção “Pedro Viola”, e em outro domingo a valsa “Uma Grande Dor não se
Esquece”, obtendo em ambas as vezes nota máxima, ganhando como prêmios cortes
de tecidos, caixas de sabonete, pacotes de café Novo Mundo e garrafas de vinhos
Guaracy e Phoskola, oferecidos pelas firmas patrocinadoras do programa.
Começava ali sua vida musical, como cantora. Nos
dois programas foi acompanhada pelo Regional de Carnera, obtendo dele os maiores
elogios. Foi contratada pelo emissora para fazer parte do seu cast,
porém sua vida como cantora durou pouco. Por imposição do seu pai, que não
queria que sua filha fosse artista, prometeu que compraria um piano se ela
deixasse de cantar, pois o que ele aspirava é que ela fosse professora e
tivesse um curso superior. Aspirações estas que mais tarde foram cumpridas.
Começou os estudos de piano com a professora Helena
Menezes, que também morava no Santo Antônio. Mais tarde, estudou com a
professora Veturia Lins. Atendeu o pedido de seu pai, em parte. Deixou de
cantar, mas, em compensação, passou a tocar em festas organizadas pelos frades
do Convento da Colina, que angariavam fundos para a construção da Igreja do
Espírito Santo. Depois, começou a tocar em festas de aniversários, casamentos,
ensaios de formatura ou onde quer que fosse chamada. Nessa mesma época recebeu
um grande incentivo do seu vizinho, o grande poeta Garcia Rosa, autor do
célebre poema “Amália”, que, com sua sensibilidade, escreveu para ela o soneto:
“Maria Olívia,
és pequena
Bem pequena de
estatura,
Mas o teu
gênio, morena,
Desbanca os
Alpes na altura.
Quando
apareces em cena,
sol que raia
em noite escura,
toda casa
antes serena
vibra em
êxtase de loucura.
Com que voz
terna e dolente,
Com que gesto senhoril,
Infunde na
alma da gente
Que ascende em
sonhos mil,
Uma fé robusta
e quente
No valor do
meu Brasil”.
Olívia passou a frequentar as reuniões musicais na
casa do seu tio Gerson Prado, onde ali tocavam violonistas famosos, como João
de Cula, João de Dó, João Moreira, Argôlo, Feijó, o próprio Gerson Prado, João
Nogueira (pai do grande sambista brasileiro João Nogueira) e outros mais.
Aprendeu assim, com os grandes virtuosos do violão, a tirar sonoridade dos
instrumentos.
Estudou no Atheneu Sergipense onde fez os cursos
ginasial e clássico. Conta com tristeza as mortes de seu pai e do seu primeiro
amor, Wagner Plech, filho do grande pianista e maestro Genaro Plech, primeiro
diretor do Conservatório de Música e que implantou o canto orfeônico nas
escolas. Maria Olívia também estudou no Conservatório e lá se formou.
Para fazer parte do corpo docente da Escola
Industrial, hoje Escola Técnica Federal, teve que formar uma banda musical,
exigência feita pelo então Diretor, Dr. Pedro Braz, passando a lecionar a
matéria Educação Musical. Na direção do Dr. Irineu Martins, ela iria
concretizar suas aspirações e o sonho do seu genitor, que era uma formatura em
nível superior. Com o patrocínio da Escola, foi prestar exame vestibular em
música na Faculdade Católica da Bahia, sendo aprovada. Morando em Aracaju, ia
quinzenalmente em viagens cansativas e demoradas, com muito esforço, assistir
aulas e fazer provas em Salvador, até completar o seu tão almejado diploma.
Foi pianista oficial do Palácio, nos governos de
Antônio Carlos Valadares e João Alves, tocando em recepções, almoços e
jantares. Tocou em vários clubes da Cidade e, por muito tempo, conduziu o
conjunto musical composto por ela, ao piano, Carvalhal ao violão, Patrocínio no
sax tenor e Tuquinha na bateria, que animava as tardes de domingo na Associação
Atlética de Sergipe.
Como boa filha, deixou de assinar alguns contratos
musicais devido ao estado de saúde de sua mãe, que merecia todo o seu amor e
atenção. Gravou dois discos, um compacto intitulado “Prelúdio em Tom Você”, que
obteve razoável sucesso, e um LP, “Nova Canção”, que não teve quase nenhuma
receptividade por falta de divulgação na imprensa e desinteresse do poder
público. Por ver tanta gravação medíocre fazer sucesso sob a propaganda da
mídia, sua revolta foi tanta que, ao passar um caminhão coletor de lixo à sua
porta, perguntou ao gari se aquela máquina coletora tinha condições de triturar
qualquer objeto. Recebendo resposta afirmativa, ela, ajudada pelo lixeiro,
colocou 24 caixas contendo os discos que ela fez com tanto amor, porém, um, por
ironia do destino, foi solicitado por aquele homem rude que, com certeza, ouviu
e gostou.
Aposentando-se pela Escola Técnica, voltou a
lecionar no Conservatório de Música, reabriu o curso de piano em sua
residência, voltou a tocar nas festas de Aracaju e gratuitamente na Igreja do
Santo Antônio. Maria Olívia, com seus arpejos, tem uma maneira
sutil e delicada de exprimir-se através de inconfundível modo de tocar seu
piano, agradando a todos os que que têm a oportunidade de ouvi-la.
O autor
Murilo Mellins
-
Na próxima postagem você vai conhecer o
poeta, cantor, diretor musical e compositor que fez fama nacionalmente, JOÃO
MELLO. Embora fosse baiano, veio para Sergipe logo cedo, indo morar em
Boquim e depois em Aracaju. Aqui foi a sua grande escola musical, saindo depois
para outras paragens. Depois, voltou para o seu Sergipe e aqui viveu seus
últimos dias.
-
Do livro “Aracaju Romântica que vi e vivi”, de Murillo Melins, 4ª. Edição,
2011, Gráfica J. Andrade.
-
As imagens aqui reproduzidas foram retiradas do Google.
segunda-feira, 22 de junho de 2020
Feridas da Vida
Opinião
Feridas da vida
Clóvis Barbosa
Ele tinha três aninhos. Estava
todo arrumado. De sapatinho, camisinha vermelha, shortinho azul e cabelo
cortado. Quem sabe, com aquele cheirinho gostoso de lavanda. Estava vestido
como se fosse passear. Ou a uma festa de aniversário brincar com outras
crianças. Exalava inocência e vida. De repente, levaram-lhe para atravessar o
mar. Sem saber, a esperança de um mundo melhor o levaria à morte. O mar lhe
trouxe intacto, como a mostrar para todos nós o quanto da nossa insensatez e da
nossa maldade. Ah, como o mar é implacável! Por que fez isso? Logo ali, entre a areia e as ondas que vinham e iam? Ali
onde muitas crianças brincam e são felizes com seus familiares? Mas, o
impressionante foi a posição de suas mãozinhas. Ambas viradas para trás como a
pedir socorro: - por favor, ajude-me, eu
sou uma criança! Entretanto, a natureza é pródiga. Notem que nenhum peixe,
nenhum animal marinho tocou no seu corpinho, como a homenagear a inocência. Deus! Onde estás que não te vejo? Por
que permitiste que essa criança morresse nessas condições? É crime de
lesa-natureza uma criança morrer. A criança não nasce para morrer. Ela nasce
para irradiar alegria, para nos dar exemplos da força da ingenuidade e da
pureza da alma. A criança é luz, é renovação, é a representação da esperança de
um mundo melhor. A foto acima é do menino sírio Alan Kurdi. Ao vê-la, dá
vontade de agasalhá-lo nos braços, afagando-lhe os cabelos. Ele estava com a
família num pequeno bote que carregava 17 pessoas. O barco virou bem próximo ao
balneário de Bodrum, na Turquia. Fugiam da maldade humana e de um mundo
insensato, em busca de paz e na esperança de um novo amanhã. Escapavam da
cidade de Kobane, palco de violentos embates entre militantes extremistas
muçulmanos e forças curdas oficiais. Seu irmão Galip, 5 anos, e sua mãe, Rehan,
também morreram afogados, mas seu pai, Abdullah Kurdi, sobreviveu. Ele disse: -
meus filhos eram as crianças mais
maravilhosas do mundo. Eles me acordavam todas as manhãs para brincar.
Alguém, irresignado com a morte de uma criança, cunhou um dos mais contundentes
petardos contra a humanidade, contra o mal existente em cada um de nós: “De
cada criança morta nascerá um fuzil com olhos que terminará por lhe achar o
coração”.
Em fevereiro do
ano passado, aqui neste espaço, escrevi um ensaio sobre a origem do mal. Ali,
tento fazer uma reflexão através de sete perguntas capitais: se Deus foi o
criador de tudo, o mal também foi criado por Ele? Por que existe o mal? O bem e
o mal são intrínsecos à natureza humana? O mal é uma criação do meio em que se
vive? O que é, na verdade, o bem e o mal? Por que Deus tolera o mal? Como
nasceu o mal? Todos conhecem o Hino da Criação do Universo. Ali está dito que
Deus criou o céu e a terra, as águas do mar, a noite e o dia, plantas que geram
sementes, árvores frutíferas, seres vivos nas águas e pássaros que voam abaixo
do firmamento, animais domésticos, pequenos e selvagens, segundo suas espécies,
monstros marinhos, e seres humanos à Sua imagem e semelhança. Tudo, portanto,
foi criado por Deus. E a Bíblia arremata que tudo criado por Deus é bom,
especialmente o ser humano – homem e mulher -, coroamento da criação. Depois
dessa sentença bíblica, começam a fervilhar as perguntas que não saem da cabeça.
São questionamentos para reflexão diante de um mundo de predomínio da maldade.
De um mundo onde cada vez mais o homem faz questão de mostrar seus instintos
primitivos. Aliás, na própria Bíblia, Habacuque questionou Deus sobre o mal: Tu [Deus] és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a
opressão não podes contemplar. Por que olhas para os que procedem
aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que
ele? E
ali eu lembrava do perigo de se fazer
tantas perguntas. Há cerca de 2.400 anos, em Atenas, por perguntar demais, um
homem foi condenado à morte, obrigado a tomar veneno preparado com cicuta:
Sócrates. Aliás, para ele, o mal seria resultado da ignorância, não teria
existência real e, assim, o homem sábio deveria superá-lo. Mas, a sua morte, ao
contrário do que se imaginava, fez estimular na história da filosofia o
pensamento perquiridor. Epicuro, por exemplo, filósofo grego que nasceu no ano
341 e morreu em 270 a.C., foi bastante persuasivo ao falar sobre o mal moral,
ou seja, o mal causado pelos seres humanos. Epicuro questionava como poderia um
Deus bom e todo-poderoso admitir o mal? Ora, segundo ele, se Deus não pode
impedir que isso aconteça, então não é verdadeiramente todo-poderoso.
Mas foi Santo
Agostinho quem defendeu a tese de que a origem do mal estaria no livre-arbítrio
concedido por Deus. Todo mal, para ele, seria resultado do livre afastamento do
bem. O mal, assim, seria a ausência do bem. Durante muito tempo se acreditou
que a bondade vinha da alma e o mal do corpo, com todas as suas contradições. E
mais ainda, a religião maniqueísta explicava a existência do mal diante do
confronto de duas forças antagônicas, uma representando o bem, Deus, outra o
mal, o Diabo. Ambos seriam fortes e nenhum deles conseguiria destruir o outro.
Embora maniqueísta na sua juventude, Santo Agostinho se afastou dessas teses,
principalmente ao tentar explicar o motivo de Deus permitir o sofrimento em
decorrência da prática do mal. Para ele, ao receber o livre-arbítrio, teria o
homem o poder de escolha. Santo Tomás de Aquino repete Santo Agostinho, e vê o
mal como ausência do bem. Segundo Aquino,
o mal não tem perfeição nem ser. O mal só
pode significar a ausência do bem e do ser; pois o ser, enquanto ser, é um bem.
Por essa razão, o mal representa algo puramente negativo, ou melhor, ele não é
nem essência nem realidade. Ele se apresenta como privação de uma propriedade que
a substância deveria possuir. O mal, portanto, seria uma privação, ou seja, a falta daquilo que
deveria estar presente. Num momento em que a igreja associava o mal à imagem do
demônio e do pecado, Jean-Jaques Rousseau revolucionou a discussão da matéria,
ao enunciar “que a primeira fonte do mal é a desigualdade” e que “O homem nasce
livre, e em toda parte é posto a ferros. Quem se julga o senhor dos outros não
deixa de ser tão escravo quanto ele”. Essa visão de que o homem nasce bom e a
sociedade o corrompe criou muitos problemas para ele, já que esse entendimento
ia de encontro aos valores da época, principalmente aqueles defendidos pela igreja.
A obra de Rousseau está consolidada em Discursos
sobre as Ciências e as Artes,
Discurso sobre a Origem da Desigualdade, O Contrato Social, Emílio e As
Confissões e é tida como importante na história da filosofia política. Já
Kant entende que o mal está enraizado na natureza humana, diante do poder de
escolha que o homem tem para decidir o que fazer. Enfim, o bem é um imperativo
categórico e tudo que vai de encontro a ele seria o mal.
E diz Kant: (...) o fundamento do mal não pode residir
em nenhum objeto que determine o arbítrio mediante uma inclinação, em nenhum
impulso natural, mas unicamente numa regra que o próprio arbítrio para si
institui para uso da sua liberdade, i.e., numa máxima. O espiritismo também
defende a pureza da alma e que nela está armazenada bilhões de anos de
existência. Para essa doutrina, a origem do mal estaria na consciência do homem
e na sua convivência com o bem, este sempre eterno e aquele temporário. Para os
Espíritos da Codificação Espírita, o bem é tudo o que é conforme a lei de Deus,
e o mal é tudo o que dela se afasta. Allan Kardec, no Livro dos Espíritos, enuncia: [...] os Espíritos foram criados simples
e ignorantes. Deus deixa ao homem a escolha do caminho. Tanto pior para ele, se
toma o mau caminho: sua peregrinação será mais longa. Se não existissem
montanhas, o homem não compreenderia que se pode subir e descer; e se não
existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros. É preciso que o
Espírito adquira experiência e, para isso, é necessário que conheça o bem e o
mal. O pensamento humano e a ideia do
mal tiveram o seu ponto máximo na descoberta do inconsciente por Sigmund Freud. Para ele, grande parte das nossas
ações é movida por desejos recônditos, formulados a partir de lembranças
traumáticas reprimidas, tal qual um reservatório de impulsos eticamente inaceitáveis para o indivíduo. Retorno a Kant, que pertenceu ao grupo que defendia uma das
matrizes do sistema ético, a chamada deontologia, onde o que importa são os
princípios. Se as regras são “não matarás”, “não roubarás”, “não mentirás”,
violará o sistema quem as descumprir, pois amparadas por ideais universais. Mas
saiu de Czeslaw Milosz - poeta, romancista
e ensaísta, de naturalidade polonesa, prêmio Nobel de literatura em 1980 - a ideia
de que o bem e o mal só existem no homem. Assim, se a espécie humana deixar de
existir, eles, o bem e o mal, também desaparecerão. É o mal existente em cada
um de nós que mata as nossas crianças, que cria os nossos medos. O corpinho de
Alan de rosto na areia, na beira do Mediterrâneo, parecia mostrar que ele
dormiu cansado de tanto brincar... quem sabe com os peixinhos, sonhando que
crianças como ele nunca mais morreriam.
Post
Scriptum
A
Vendedora de Galinha
Não havia contestação. Todos os homens e mulheres, naquela
pequena cidade do interior sergipano, eram uníssonos em reconhecer que Anabela
era a mulher mais bonita do local. Corpo escultural, seios fartos e pele
bronzeada como se estivesse saindo do mar, ela transbordava simpatia onde
chegava. Era admirada e fonte inspiradora para o poeta Geraldinho de Fleury
que, segundo ele próprio, tem mais de setecentos poemas dedicados a ela, todos
de encômios à sua beleza. Desses, seiscentos e cinquenta são dedicados aos seus
seios. Para ele, embora os seios de uma mulher carreguem o símbolo da
maternidade, são também a imagem da fertilidade e da purificação. Na sua
adolescência, Anabela foi rainha de
todas as festas da cidade: Milho, São João, São Pedro, Padroeira. Era
invencível. Muito desejada pelos rapazes da capital, nunca deu bola para eles. Seu
coração pulsava mais forte apenas por Pedro de Ieié, seu grande amor juvenil. Namorou
com ele desde os onze anos e aos dezessete casou-se. Vivia feliz com ele, já
com um casal de filhos. Possuíam uma granja e as coisas não vinham muito bem, quando
então ela resolveu que iria vender as galinhas na feira. Foi um estouro. Os
negócios cresceram rapidamente. De quinze a vinte galinhas que Pedro de Ieié vendia
por feira, Anabela, passou a vender entre duzentas e cinquenta a trezentas
galinhas. Filas enormes de homens se faziam na barraca de Anabela para comprar o
galináceo. Mulher simples e despojada, vestia-se sempre com roupas sensuais que
deixavam o seu corpo à mostra em toda a sua plenitude. Se o mesmo scouter que descobriu a modelo Naira
Lili, uma vendedora de galinha do Espírito Santo, passasse na cidade sergipana
e visse Anabela, não se teria qualquer dúvida que ela seria convidada para
posar nos estúdios da Andy Models. O
seu marido, Pedro de Ieié, estava maravilhado com a descoberta daquela nova
faceta de sua mulher. Sempre que ia à feira, ficava observando a fila de homens
comprando galinha. Qualquer pessoa que se aproximasse, ele logo ia falando: - Não sei o porquê, mas quando estou na
barraca vendendo galinha ninguém compra, já Belinha! E ele mesmo respondia:
- É o tino para o comércio, bestão!
- Publicado no Jornal da Cidade, Aracaju-SE, edição
de 26.11.2016, Caderno A-7.
Assinar:
Postagens (Atom)