Aracaju/Se,

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mulheres da Antiguidade - ANKHESENAMUN

Isto é história
Mulheres Audaciosas da antiguidade
ANKHESENAMUN
Vicki León
        Casamento consanguíneo, um termo que significa “manter o sangue real na família a qualquer custo”, levou a algumas combinações carnais bastante estranhas. Ankhesenamun, que não pode ter presenciado mais do que vinte e dois aniversários em sua vida, pode levar o prêmio pelos parceiros sexuais mais estranhos do Egito.

Terceira filha de Nefertíti e Akenaton, ela cresceu num grupo familiar folgazão. Quando criança, ela e as irmãs corriam nuas para lá e para cá, seu cabelo puxado para o lado num topete. Na novíssima cidade-jardim de Amarna, a vida era radiante em seu novo e reluzente palácio. Com suas irmãs, ela teve de amadurecer rapidamente. Quando Meritaten, sua irmã mais velha, morreu, foi a vez de Ankhesenamun assumir seu dever dinástico. Numa sucessão disparada, ela teve de casar (e enterrar) com três parentes: seu pai faraó, seu tio Smenkhare e finalmente Tutancâmon, que tinha completado nove anos. A esperta adolescente sem dúvida se sentia mais como sua irmã – que também era.
Seu casamento durou dez anos. Pouco antes da morte de Tut quando ainda adolescente, eles tiveram dois bebês, sendo que nenhum deles sobreviveu. A essa altura, Ankhesenamun já estava bastante cheia da idéia de consanguinidade. Ela também receava que houvessem coisas piores reservadas para ela. Durante décadas, uma figura sombria por trás do trono cada vez mais dirigia as coisas. Era Ay, o próprio avô de Ankhesenamun, um cidadão poderoso e pai de Nefertíti.
Enquanto os sacerdotes iniciavam a mumificação e o enterro de Tut, a jovem viúva sabia que tinha apenas setenta dias para executar seus planos. Ela enviou uma mensagem urgente para Suppliliumas, o rei hitita ao norte do Egito, que dizia: “Meu marido morreu, e não tenho sequer um filho. Ouvi dizer que você tem muitos – poderia enviar-me um para ser meu marido? Nunca aceitarei casar com um dos meus criados”. O rei hitita, lisonjeado, porém desconfiado, fez indagações sobre a confiabilidade da proposta. Enquanto isso, o tique-taque do relógio continuava no embalsamento de Tut. Exasperada, Ankhesenamun disparou outra mensagem, dizendo: “Essa correspondência não é uma mala direta, Suppi – eu não escrevi para mais ninguém -, só para você. Mande-me um filho sobressalente, imediatamente e o farei meu marido e rei do Egito!” Finalmente convencido, o rei enviou seu filho Zannaza, mas o jovem príncipe foi interceptado e assassinado antes que chegasse, confirmando os receios de Ankhesenamun sobre a situação. O tempo se esgotou; casaram-na com um homem de sessenta anos que ela considerava desprezível e inferior a ela, fosse avô ou não. No funeral de Tut, Ankhesenamun, já casada com o velho, colocou uma grinalda de flores sobre a testa do menino-amante, o último ato documentado de uma garota corajosa que tinha vivido coisas demais, cedo demais.  
(*) – A próxima postagem sobre as Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar da rainha MAKEDA, governante da doce e cheirosa terra de Sabá, Ela seduziu o rei Salomão de Jerusalém e com ele teve um filho, Menelik, Salomão não gostou da notícia e decretou que somente os herdeiros masculinos do seu filho poderiam governar a terra dela.  
(**) - Do livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times". 

A autora
Vicki León

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Em Busca do Ontem

Artigo pessoal

Em busca do ontem
Clóvis Barbosa

Ernest Hemingway estava internado num hospital em Rochester, Minnesota, em 15 de junho de 1961. Também no local estava um garoto de nove anos. Ao sentir o sofrimento da criança resolve fazer uma carta para ela. Na missiva, diz sentir muito por encontrá-la naquele local e desejava-lhe o mais breve restabelecimento. Descreve um belo lugar, com peixes saltando dos rios e muitas flores. Dizia, no entanto, que o lugar não era tão bonito quanto em sua Idaho. E arremata que em breve os dois, ele e o menino, estarão juntos em Idaho pescando, rindo e fazendo piadas sobre a experiência de ambos no hospital. Este foi o último trabalho escrito pelo grande escritor americano, que passou toda a sua vida produzindo contos, crônicas, artigos, obras literárias, notícias jornalísticas, prefácios e apresentações de livros, etc. Duas semanas depois, em 2 de julho de 1961, há cinquenta anos atrás, Hemingway se suicidou com um tiro de espingarda na boca. Encerravam-se ali sessenta anos de uma vida intensa. Viveu cerca de 20 anos em Cuba, esteve nas duas grandes guerras e na Guerra Civil Espanhola. Assim como Neruda, ele também poderia dizer “confesso que vivi”.

Josef Stalin, que governou a Rússia com mãos de ferro durante o período comunista e Fidel Castro, o grande líder cubano, nutriam uma grande admiração pela obra desse escritor, considerado o mais talentoso da chamada “geração perdida” que habitou Paris nos anos de 1920. Foi o autor, dentre outras publicações, de O Sol também se levanta, Adeus às armas, Por quem os sinos dobram, O velho e o mar, As neves do Kilimanjaro e Paris é uma festa. Quem foi este homem capaz de escrever obras que ainda hoje comovem a humanidade? Quem foi Ernest Hemingway, o grande ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1954? Interessa-me o período mais rico de sua vida. A década de 20 em que viveu em Paris, o mais criativo de toda a sua existência. Chegou na capital francesa com sua primeira mulher, Hadley Richardson. Ela, assim define a sua convivência naqueles anos: “Nada foi como aqueles anos  em Paris, depois da guerra. A vida era dolorosamente pura, simples e boa, e eu acredito que Ernest era o melhor de si mesmo. Tive o melhor dele. Tivemos o melhor um do outro”. É a pura verdade. Os seus romances nasceram de pequenas crônicas vivenciadas na capital francesa.

Antes de chegar a Paris, Hemingway, muito jovem, viveu uma aventura que marcaria física e psicologicamente a sua vida. Foi durante a Primeira Grande Guerra, onde ele trabalhou no serviço de ambulâncias no interior italiano. Ferido durante a ofensiva austríaca em Piave, em 1918, foi encaminhado para o Ospedale Rossa, em Milão, onde conheceu e se apaixonou por Agnes Von Kurowski, uma enfermeira daquele hospital. O curioso é que a sua obra Adeus às armas, trata desse período, só que na história contada, a heroína morre de parto, quando, na verdade, o seu primeiro amor o dispensou para casar com um oficial italiano. Certa vez, já casado com Hadley, justificando as noites mal dormidas, confessou: “Tenho esses pesadelos e eles são tão reais. Ouço os tiros de morteiro, sinto o sangue em meus sapatos. Acordo encharcado. Tenho medo de dormir”. Apesar do trauma, Hemingway era um homem bastante afável, extrovertido e brincalhão, sempre encontrando um apelido certo para a pessoa certa. Era um piadista contumaz. Bebia muito. Costumava dizer aos amigos que saíam na noite com ele e que não aguentavam beber: “Não andem comigo! Vocês não dão para andar com Ernest”.

O que fez Hemingway, e muitos outros artistas no início de carreira fixarem residência em Paris foi justamente as viagens de navio bastante baratas, a inexistência de qualquer lei seca e, principalmente, o câmbio vantajoso, onde um dólar equivalia a 55 francos. Nesse período, como relatado em Paris é uma festa, lançado após a sua morte, abandonou o jornalismo para viver quase na miséria com intuito de concretizar o sonho de escrever um livro. Viveu em Paris com nomes conhecidos das artes, como Pablo Picasso, Miró, Gertrude Stein, Ezra Pound, John Dos Passos, James Joyce, Scott Fitzgerald, George Gershwin, Cole Porter, Sylvia Beach e tantos outros. A sua vida foi marcada pela pescaria, as caçadas, as guerras, e o álcool. No tempo que viveu em Paris, apesar das farras diárias pelos bares e cafés de Montparnasse, era bastante disciplinado na leitura dos clássicos e no escrever. Tinha horários para tudo. Hemingway sempre tentou voltar a Piave, na Itália. Queria rever o local que marcou profundamente a sua vida. E foi, como escreveu depois: “Ir em busca de ontem é uma perda de tempo – se tiver de verificá-lo, volte para sua velha linha de frente”.

(*) – Publicado no Jornal da Cidade, Aracaju-SE, edição de domingo e segunda-feira, 30 e 31 de outubro de 2011, Caderno A, pág. 7.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Mulheres da antiguidade - NEFERTÍTI

Isto é história
Mulheres Audaciosas da antiguidade
NEFERTÍTI
Vicki León

Não é exagero chamar a rainha Nefertíti de Jackie Kennedy de sua época. Um nome internacionalmente conhecido em todos os lares, ela não só comandava a moda – ela era a moda. As máquinas fotográficas teriam adorado seu perfil fotogênico e os vívidos turbantes azuis que ela mesma fazia. Suas imagens apareciam em todos os lugares: nos relevos das paredes, em estátuas, bustos, anéis e escaravelhos. Plebéia como sua tia Tiye, Nefertíti seguiu suas pegadas, casando-se também com um homem que se tornou faraó. Mas existia um enorme abismo filosófico entre Amenófis III e seu filho – e entre Tiye e sua glamorosa sobrinha.
Nefertíti, cujo nome significa “a linda criatura chegou”, e o homem queixudo e de barriga flácida com o qual casou pensavam em grandes projetos. Seu objetivo político: libertar-se do peso mumificado do passado para criar um Camelot egípcio, onde as artes, cultura e adoração religiosa pudessem adquirir nova vitalidade e liberdade. Um cardápio bastante vasto, mas este casal audacioso, inteligente e extraordinariamente expansivo apreciava o desafio. Encorajado por Nefertíti, que participou ativamente da mudança de alto a baixo, seu marido jogou fora os velhos deuses e introduziu um novo: Aton, o deus-sol. Agora se denominando Akenaton, o faraó e Nefertíti eram as únicas pessoas autorizadas a servir ao deus; isto significava avisos de demissão para toda a enorme população de sacerdotes. Para irritar a todos ainda mais, a família real e a corte deixaram a capital de Tebas e construíram uma nova e elegante cidade-jardim (agora sítio arqueológico de el-amarna) dedicada a Aton.

Akenaton e Nefertíti 

Por que será que os Camelots sempre parecem ter mais do que sua parte de tragédia? Três de suas seis filhas morreram jovens, as pressões políticas fizeram suas vidas difíceis, e Akenaton começou a dar para trás em suas convicções (Essa é apenas uma teoria do que aconteceu entre este casal; as pistas são contraditórias, portanto é um jogo do qual qualquer um pode participar). No décimo segundo ano do reinado de seu marido, Nefertíti simplesmente desaparece, substituída por uma filha como grande esposa real. Poderia ela ter permanecido em Amarna enquanto a cidade vagarosamente entrava em decadência? Será que sobreviveu ao marido – ou tentou ocupar o trono? Os mistérios que a cercam continuam sem solução – e agora a linda criatura se foi.

Meritaten

“Minha guirlanda de filhas”, era assim que a rainha Nefertíti chamava Meritaten e suas irmãs mais jovens, seis garotinhas felizes que viveram em torno de 1330 a.C. em Tebas. As princesas cresciam rápido no Egito; quando a situação ficou delicada entre os anteriormente apaixonados pais de Meritaten, Nefertíti foi expulsa ou morreu, e Meritaten teve de casar com Akenaton. Ela assumiu o título de grande esposa real, e deu à luz uma menininha, batizada de Meritaten Júnior. Embora evidentemente viril, seu pai tinha aflições misteriosas que ninguém conseguia entender, inclusive um bizarro queixo alongado e quadris que um nu de Renoir ficaria orgulhoso de possuir. À medida que entrava em declínio, ele contava com Smenkhare, seu meio-irmão, para sucedê-lo, e Meritaten, para continuar como grande esposa real, a fim de torná-lo mais aceitável para governar. Ela provavelmente não viveu o suficiente para ver Smenkhare como faraó. Uma vida curta, mas talvez feliz: ao contrário da vida rigidamente formal que a realeza egípcia havia levado até aquele ponto, Meritaten e suas irmãs faziam parte da busca de seu pai pelo individualismo. Em Amarna, as mudanças religiosas abriram as portas para outras mudanças. Os artistas tinha a liberdade de retratar as pessoas como elas realmente eram – ou não eram. Durante séculos, o impressionismo de Amarna infundiu uma nova vitalidade na arte; um tesouro deixado para nós foi a escultura da cabeça de uma mulher tão esperta como sensual, que agora pensam ser de Meritaten.

(*) – A próxima postagem sobre as Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar de ANKHESENAMUN, filha de Nefertíti e Akenaton, casou-se com seu pai Akenaton, com seu tio Smenkhare e finalmente com seu irmão Tutancâmon, que quando casou tinha apenas nove anos, e viu os três morrerem em seus braços .   
(**) - Do livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times".

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A dúvida, a ética e a fé

Artigo pessoal
A dúvida, a ética e a fé
Clóvis Barbosa 


Já se disse que Ética é a capacidade que se tem para distinguir o bom do mau. Ela não estabelece regras de conduta cogentes, como a Moral e o Direito, mas tenta justificá-las. Entretanto, também, pode ser afirmado que o “ser ético” é necessariamente ter uma vida coerente amparada por normas morais. Se assim se entende, pode a , contradizer-se com a ética, considerando que aquela se caracteriza pela idéia firme de que aquilo que se pensa ou se está praticando é a absoluta verdade, sem qualquer comprovação ou critério científico de verificação? A Dúvida pode conviver com a Ética? E com a ? Com a Ética até que sim, mas com a é impossível. Eu posso ter dúvidas de que algo que estou fazendo é correto ou não, mesmo sendo munido de todas as ferramentas de reflexão e de todo conhecimento científico. Com a é diferente, eu creio e pronto! E não se diga que a é uma exclusividade de quem tem Ética. Não é, pois, nem sempre, quem é ético tem fé, ou quem tem fé é ético! É com fundamento nessas premissas que trago para discussão dois episódios controvertidos entre os filósofos, ambos envolvendo o sacrifício de filhos, o primeiro de natureza bíblica, vivido por Abraão e seu filho Isaac, outro de cunho mitológico, envolvendo Agamenon e sua bela filha Ifigênia.

Sobre Abraão, a história está no Livro do Gênesis. Depois de Abraão aliar-se a Abimelec e ir residir na terra dos filisteus, Deus o pôs à prova. Chamando-o, disse: “Abraão!” E ele respondeu: “Aqui estou”, e Deus disse: “Toma teu filho único, Isaac, a quem tanto amas, dirige-te à terra de Moriá e oferece-o ali em holocausto sobre o monte que eu te indicar”. Abraão segue rigorosamente as instruções. Sequer levou em consideração a perquirição do seu filho que viu a lenha e o fogo, mas não via o cordeiro para o holocausto. No lugar indicado por Deus, após amarrar o seu filho e o colocar sobre a lenha do altar, desembainhou a faca a fim de matá-lo quando, repentinamente, ouve um grito de um anjo do Senhor, que lhe disse: “Não estendas a mão contra o menino e não lhe faças mal algum. Agora sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu único filho”. O crime foi evitado. Isaac foi substituído por um cordeiro. Essa provação divina ou teste espiritual, ainda hoje é objeto de aplausos, de louvação, não somente nos púlpitos como em toda a parte, como dito por Kierkegaard (1813-1855), filósofo dinamarquês, pela grandeza do ato de Abraão, que se dispôs a cumprir tarefa tão repugnante. Não é sem razão que Abraão é cognominado o “pai da fé”.

O episódio Agamenon: Irrompeu-se na Grécia uma epidemia da peste, onde os homens adoeciam e morriam, ficando os médicos impotentes com o seu alastramento. Agamenon mandou chamar o pontífice de Apolo, Calcas, acreditando que a doença teria sido enviada por um deus irritado com alguma ofensa ou erro praticado contra ele. Depois de algumas cerimônias religiosas, Calcas comunicou a Agamenon que a peste foi enviada pela deusa Ártemis, irmã de Apolo, que não gostou do seu ato quando de uma caçada na floresta, tendo ali abatido uma corça branca, animal este que era consagrado àquela deusa que o amava com ternura. A situação da epidemia seria resolvida se Agamenon sacrificasse em seu altar a sua filha primogênita, a princesa Ifigênia. Irritado com tal proposta, Agamenon convocou o Conselho - Menelau, Ulisses, Diomedes, o sábio Nestor de Pilos e Ajax, filho de Telamon - e transmitiu-lhes a situação. Depois de muita discussão, Agamenon concordou em sacrificar a sua filha. No momento em que a faca tocava o seu pescoço, ouviu-se um grito de espanto. A faca desaparecia das mãos de Calcas, surgindo uma corça alva debatendo-se em agonia. No último momento, Ártemis condoeu-se com a beleza de Ifigênia. E ela foi salva.
Os dois episódios têm tratamentos diferenciados, um considerado abjeto, outro heróico, pelo menos na visão de Kierkegaard,  que não procura justificativas para o ato insano, abjeto, de Abraão. Passa o sarrafo até naqueles que o defendem. E levanta uma questão: até que ponto os defensores do ato de Abraão fazem idéia do que estão falando? E dá o exemplo da reação de um padre no caso de um fiel seguir o mesmo caminho de Abraão. O padre iria até o homem, munido de toda a sua dignidade eclesiástica, e berraria: “Homem desprezível, abjeção da sociedade, que diabo o possuiu para que desejasse assassinar seu filho?”. Seria ético o padre ter este comportamento quando ele próprio exalta o ato de Abraão como de grandeza? Aí está o grande abismo que separa a ética da religião. O filósofo dinamarquês vai mais longe e coloca na balança o exemplo de Abraão com o de Agamenon, que sacrificou a sua filha Ifigênia pelo bem do Estado. Neste caso, o seu ato estaria envolto numa ética universal, ou seja, “o herói trágico troca o certo pelo que está ainda mais certo, e o observador o vê com confiança”. Kant (1724-1804), em Crítica da Razão Prática, afirma que as passagens da Bíblia que parecem transgredir os limites da credibilidade racional deviam ser interpretadas de modo alegórico e não literal.

(*) – Publicado no Jornal da Cidade, Aracaju-SE, edição de domingo e segunda-feira, 2 e 3 de outubro de 2011, Caderno A, pág. 7.
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