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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Mulheres da Antiguidade - TIYE

Isto é história
Mulheres Audaciosas da antiguidade
TIYE
Vicki León
Às vezes o harém do faraó ficava terrivelmente cheio, mas isso era algo com que a rainha Tiye não tinha de se preocupar. Quando adolescente, ela se casou com alguém que realmente amava, e vice-versa. Não apenas isso: ela e Amenófis III se casaram antes que ele iniciasse sua tarefa de 37 anos no trono, antes que a verdadeira pressão começasse. Tiye não tinha sangue real em suas veias; seus pais vinham  da área do delta do Egito, onde seu pai era um militar importante (existem muitas teorias de que Tiye e sua família eram sírios, ou arianos de olhos azuis, ou hititas, ou da tribo perdida de Israel, ou núbios negros de Kush, um país localizado em parte no atual Egito e em parte no Sudão. Sinto muito, fãs da intriga – as múmias minuciosamente examinadas dos pais de Tiye indicam que eles eram egípcios; combinando com o estilo bobbsey-twin dos nomes Yuya e Tuya, ambos tinham cabelos longos e loiros avermelhados).
Uma mulher com vitalidade e bom senso abundantes, Tiye também tinha um talento para astúcia política, que com a idade melhorou ainda mais. Ao contrário de outros faraós que poderiam ser citados, seu agradecido marido gostava de demonstrar sua afeição em forma tangível, enquanto sua esposa ainda estava acima do solo. Uma vez ele criou para Tiye um lago com um quilômetro e seiscentos metros de extensão no deserto; o casal costumava fazer passeios ao pôr-do-sol na barcaça real, chamada Os Raios de Aton. Uma maneira agradável de escapar das crianças – quatro filhas e dois filhos. Somente um menino sobreviveu; no estilo faraó, Amenófis pôs-se zelosamente a procriar com suas filhas assim que elas alcançaram idade suficiente para isso.
Outro gesto de amor de Amenófis para Tiye foi ainda mais significativo, especialmente para um antigo egípcio: em muitos relevos e esculturas, ele ordenou que fossem feitos retratos com as imagens dele e dela do mesmo tamanho. Isso pode não parecer uma grande novidade para você e para mim, mas era um desvio radical das normas daquela época. A regra era: faraós, imagem grande; mulheres, crianças e indivíduos inferiores (estrangeiros sujos, etc.) imagem pequena – às vezes do tamanho de uma formiga.
Como viúva, Tiye teve de suportar uma parte do reinado turbulento do seu filho Akenaton, que queria introduzir no Egito o sistema de um único deus; ele tratou de colocar essa idéia em prática da noite para o dia, mudando a cidade capital e ignorando os assuntos de Estado. Isso não só jogou o Egito numa confusão política, mas Tiye teve de aguentar a ambição divina de sua própria sobrinha e nora, Nefertíti. Foi uma boa coisa que Tiye não tenha sobrevivido para ver o último ato atrofiado de sua décima oitava dinastia – seu enteado de ouro e de vida breve, Tutancâmon.
(*) – A próxima postagem sobre as Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar de NEFERTÍTI, considerada a Jackie Kennedy do antigo Egito. Foi mulher do faraó AKENATON.   
(**) - Do livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times". 

A Autora

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Mulheres da Antiguidade - ETY

Isto é história
Mulheres Audaciosas da antiguidade
ETY
Vicki León

Ela pode ter sido pequena, gorducha, e até mesmo parcialmente deformada, mas a rainha Ety, apelidada de “a princesa de Ponto”, ficou famosa no cenário do mundo do comércio no século XVI a.C. Para Ety e Perehu, seu grande e esbelto marido, a vida era boa: eles tinham o controle do comércio de olíbano (espécie de incenso) e mirra. Ponto estava provavelmente localizado na costa leste da África, onde hoje está a Somália. Seu solo pobre, barrancos rochosos e clima quente sufocante não serviam para quase nada, mas eram perfeitamente apropriados para os arbustos espinhosos de mirra e para as esqueléticas árvores de olíbano. O olíbano (também chamado de “incenso verdadeiro”) e a mirra eram os diamantes do mundo antigo. Os templos, da Babilônia à Grécia e à Judéia, os usavam em enormes quantidades, e os potentados e princesas se banhavam em seus óleos. A mirra também tinha utilidades medicinais: a mirra-vinho era o remédio favorito para queimaduras. A procura era grande e o abastecimento era timidamente limitado a umas poucas terras ao longo das costas vizinhas do sul da Arábia e leste da África, cujos governantes criaram um monopólio da Cortina de Especiarias sobre esses produtos por milhares de anos.

Para colher o incenso, os trabalhadores da rainha Ety juntavam a seiva seca das árvores, outros separavam as esferas de mirra e os grãos para venda. Como na extração dos diamantes, a todos era designada diariamente uma faixa de terreno que deveriam cobrir na procura dos produtos. Em razão de o olíbano e a mirra terem conotações sagradas, a colheita era feita cuidadosamente para evitar efeitos poluidores. Em um belo dia em 1492 a.C., a rainha Ety avistou cinco navios de sessenta pés próximos de suas praias, harpas penduradas dos mastros como sinal de paz e amizade. A esquadra pertencia à mulher faraó Hatshepsut. Embora tivessem de enfrentar uma longa e difícil viagem marítima até Ponto, os egípcios eram famosos por usar e abusar de incenso de maneira inacreditável. Ety provavelmente esfregou as mãos de prazer e disse: “Outro freguês em carne e osso!”.

Mal sabia ela que sua cliente egípcia ideal estava planejando fazer uma pequena quebra de cartel botânico e iniciar sua própria plantação. Logo ela compreendeu. Além das vastas quantidades de mirra e olíbano carregadas para os porões dos navios, a ordem incluía plantas vivas. Trinta árvores de mirra, cuidadosamente amarradas para conter suas bolas de raízes, foram levadas a bordo. Afinal, a rainha Ety manteve seu monopólio virtual, ou foi a faraó Hati que foi bem-sucedida em seus planos de fazer uma produção egípcia? De acordo com um relato, as árvores plantadas na capital de Tebas floresceram. Embora essas árvores tenham desaparecido há muito tempo, os buracos cuidadosamente preparados para elas foram encontrados pelos arqueólogos. O empreendimento lucrativo da rainha Ety no solo promissor de Ponto é o que chamamos de tirar leite de pedra. A imortalidade artística de Ety foi o outro resultado da viagem a Ponto. Um artista egípcio que acompanhava a expedição fez desenhos da esquadra, das árvores de mirra, dos pontinos, e da própria rainha Ety – desenhos esses que acabaram esculpidos em relevos no templo em Tebas.
(*) – A próxima postagem sobre as Mulheres Audaciosas da Antiguidade, vai falar de TIYE, a mulher do faraó AMENÓFIS, do Egito, Ela era uma mulher com vitalidade e bom senso abundante, além de possuir um talento para a astúcia política.
(**) - Do livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times". 

A autora
Vicki León
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