domingo, 21 de abril de 2019
Tipos Populares de Aracaju - Popó
Curiosidades
Tipos Populares de Aracaju
POPÓ
Murillo
Melins
Bêbado
inveterado, todas as manhãs tomava o Bonde I, do Bairro Industrial, para ir até
o Mercado Municipal. Por volta do meio-dia, já embriagado, pegava o Bonde 2, do
Bairro Santo Antônio, para voltar para casa, na rua Maruim com Itabaiana. Ao
chegar nas proximidades, ele gritava: “Motorneiro, pare o bonde, pra descer um
corno”. O motorneiro, que já o conhecia, ria e parava o bonde. Popó descia com
dificuldade e dizia: “Motorneiro, leve o resto”.
O autor
Murillo Melins
-
A próxima postagem você vai conhecer DECINHO,
o homem mais elegante de Aracaju.
-
Do livro “Aracaju Romântica que vi e vivi”, de Murillo Melins, 4ª. Edição,
2011, Gráfica J. Andrade.
- As imagens aqui reproduzidas foram retiradas do Google.
sábado, 13 de abril de 2019
Nau dos insensatos
Opinião pessoal
Nau dos insensatos
Clóvis Barbosa
É verdade. Muitos que lêem, aprendem.
Outros não. A bíblia, a história, os grandes mestres, a filosofia, as obras
literárias, estão cheias de ensinamentos. O homem, entretanto, apesar de ser
capaz de desenvolver descobertas fantásticas na área da tecnologia, não evoluiu
no campo do aprendizado com a vida. Teima em repetir erros cotidianamente registrados
nos anais da história. Tudo bem. Erra-se inconscientemente, não era essa a
pretensão, justifica-se, após produzir o caos e a destruição antes do tempo. Nada
disso, conversa fiada! Erra-se porque não é sábio, não assimilou os bons ensinamentos
e optou pela mediocridade como exemplo. Incorporou maus sentimentos ao seu
cotidiano. Vaidade, autossuficiência, arrogância e, sobretudo, esqueceu-se de
ouvir. Ou ouviu mal. Nietzsche estava certo: "Deus acertou ao limitar a inteligência humana, mas errou em não limitar
a burrice". O “conselho” que, conforme se diz, se fosse bom, não se
dava, vendia-se, o que não é verdade, é o maior exemplo de como a insensatez
predomina na mente dos incautos. Conselho sempre foi bom e faz muita diferença
numa situação de conflito, principalmente quando é dado por pessoas, como diria
Ingenieros (O Homem Medíocre, Ícone Editora),
que se extasiam diante de um crepúsculo, sonham frente a aurora ou se arrepiam
na eminência de uma tempestade, que gostem de passear com Dante, rir com
Moliere, tremer com as tragédias de Shakespeare ou assombrar com Wagner. Enfim,
o conselho sempre é bom quando dado por quem sabe velejar nos mares da
sensatez. Agora, só dá certo para quem precisa e para quem quer ser ajudado.
Aqueles que se acham argutos, espertos, eruditos, não! Por serem autossuficientes,
e muitas vezes, por assim se acharem, preferem se unir aos vampiros de energia,
aqueles que são ornados de todas as virtudes da mediocridade.
Tobias (4,18) sempre ensinou seu filho
a dar ouvidos aos conselhos dos sábios e a não desprezar nenhum bom conselho. Tobias
fez desses ensinamentos, o seu caminhar pela sua longa vida. E morreu cercado
de honra, aos cento e dezessete anos de idade. A mulher de Ló (Gênesis 19,26)
recebeu também boas instruções, mas sua índole era cheia de desdém, o que fez
com que Deus a castigasse, transformando-a em estátua. Todos
sabem como se deu a destruição de Sodoma. Justamente por terem amparado os dois
anjos da fúria dos habitantes da cidade, foi Ló aconselhado a sair daquele
lugar com a sua mulher e as duas filhas antes da destruição, sob a fixa
determinação de não olhar para trás e não parar em lugar algum, seguindo para a
montanha. Não era para olhar para trás, mas a mulher não quis ouvir o conselho,
resultado, virou uma estátua de sal; o rei Roboão (1 Reis 12,8) não aceitou ser
guiado pelos ensinamentos dos anciãos, que tantos serviços prestaram a Salomão,
seu pai, quando ainda estava vivo, preferindo outro caminho. Seguiu os inaptos,
sem cultura, sem experiência, resultado, perdeu dez tribos e continuou sendo um
apoucado; se Nabucodonosor (Daniel, 4,24-33) tivesse ouvido Daniel, que o
aconselhou a pagar os seus pecados praticando a compaixão e reparando as suas
faltas cuidando dos pobres, ele não teria sido transformado em animal, comendo
capim como gado e a ficar ao esmo. “Seu
cabelo ficou comprido como penas de águia e as unhas cresceram como unhas de
passarinho”; e Judas Macabeu (1 Macabeus 9,1-18), o mais forte dos homens,
cujos feitos lhe renderam a fama, o herói do povo de Israel, não teria perdido
a vida caso houvesse seguido as palavras dos seus companheiros que,
sensatamente, tentaram demovê-lo da ideia de enfrentar um exército bem mais
numeroso, logo após a deserção desenfreada de seus homens.
Portanto, quem ignora e descrê dos bons
conselhos, seguindo a sua presunção, perde o bonde da história. Faz com que a
inteligência seja ofuscada pela mediocridade, ou como diria Flaubert, “um homem que pensa de maneira baixa”.
Gracian (A Arte da Prudência, Editora
Sextante), acentua que a vida humana é uma luta contra a malícia do próprio
homem, adiantando, também, que conhecimento sem bom senso é uma dupla loucura.
A insensatez, lamentavelmente, é um cancro que impregna o tecido humano, vicia
a alma e destrói os sonhos. Está presente em todas as carreiras, sejam nas
áreas das ciências exatas, sejam nas humanas; sejam entre as classes mais
abastadas, sejam entre as menos favorecidas. Entristece, contudo, quando a
Inteligência sucumbe à insensatez. Não cabe, aqui, discutir as origens desse
rebaixamento moral, mas é importante enfrentarmos o dragão verde que solta
bolas de fogo pelas narinas existente em nós, como pensado por Nietzsche. Ele
não pode continuar impedindo o nosso peregrinar em busca da perfeição.
-
Publicado no Jornal da Cidade, Aracaju-SE, edição de 25/03/2016, Caderno A-7.
terça-feira, 2 de abril de 2019
Tipos Populares de Sergipe - Nelson Rapa de Pires
Isto é História
Aracaju Romântica que Vi e Vivi
Tipos Populares
Nelson Rapa de Pires
Nelson Rapa de Pires
Murillo
Melins
Nelson
Araujo, mais conhecido como Nelson Rapa de Pires, funcionário da Alfândega
(guarda-mor), era um sujeito alto, gordo, alegre, inteligente, bem situado na
vida, boêmio e repentista, admirado por toda Aracaju. Lembramos aqui de algumas
situações que mostram sua vivacidade e inteligência: Certa vez, ele se
encontrava na rua da Frente contemplando o mar, quando dele se aproximou um senhor
com farda da marinha mercante, capitão de um navio que descarregava trigo. Este
bateu no ombro de Nelson, vendo que ele olhava em direção à Barra, perguntando:
- O senhor é o prático? Nelson imediatamente respondeu: - Não, eu sou o
teórico.
Estando
ele em Salvador, excedendo-se nos acarajés e abarás, foi advertido por um
amigo: - Nelson, não coma tanto essas comidas, senão você vaia cagar ralo. E
ele respondeu: - agora é que eu vou comer. Você sabe quanto custa um ralo em
Aracaju? Ele contou que ao sair de casa, na data em que se comemorava o Dia das
Mães, disse: - Fiquei emocionado quando vi escrito na traseira de um caminhão:
mantenha distância. Ele descia a avenida João Ribeiro, dirigindo sua lotação,
quando algumas pessoas pediram para ele parar. Ele freiou o carro, e alguém
apontando para a calçada onde se encontrava um homem caído, disse: - Seu
Nelson, leve este homem para o hospital. – Não posso. – Por que, Seu Nelson? –
Este transporte é lotação e ele está doente. Apesar daquela brincadeira, ajudou
a colocar o pobre homem no carro e o levou para o pronto-socorro.
Contava
que quando moço, ofereceram-lhe um emprego para trabalhar na 3ª. Vara. Ele
ficou muito satisfeito, pois desde rapazola sonhava em trabalhar no Tribunal de
Justiça. No dia aprazado, o seu benfeitor o levou em direção ao Matadouro
Modelo, e ali parando, Nelson perguntou: - o que viemos fazer aqui? O moço
respondeu: - você vai trabalhar ali no Matadouro na 3ª. vara espantando os
urubus. O Rapa de Pires não perdia oportunidade para fazer seus repentes. Certa
vez ele entrou no Café Expresso e pediu um “pingado”. O funcionário que o
atendeu, disse: - Seu Nelson, o café não pode sair porque a máquina está sem
pressão. E ele respondeu prontamente: - traga com colchete mesmo.
O autor
Murillo Melins
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A próxima postagem você vai conhecer POPÓ,
um bêbado inveterado que todos os dias tomava o bonde no Bairro Industrial em
direção ao Mercado. Ao retornar, ao se aproximar do seu ponde de desembarque,
ele gritava: - Motorneiro, pare o bonde para um corno descer. Quando ele
descia, dizia: Motorneiro, leve o resto.
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Do livro “Aracaju Romântica que vi e vivi”, de Murillo Melins, 4ª. Edição,
2011, Gráfica J. Andrade.
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As imagens aqui reproduzidas foram retiradas do Google.
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