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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Mulheres da Antiguidade - ETY

Isto é história
Mulheres Audaciosas da antiguidade
ETY
Vicki León

Ela pode ter sido pequena, gorducha, e até mesmo parcialmente deformada, mas a rainha Ety, apelidada de “a princesa de Ponto”, ficou famosa no cenário do mundo do comércio no século XVI a.C. Para Ety e Perehu, seu grande e esbelto marido, a vida era boa: eles tinham o controle do comércio de olíbano (espécie de incenso) e mirra. Ponto estava provavelmente localizado na costa leste da África, onde hoje está a Somália. Seu solo pobre, barrancos rochosos e clima quente sufocante não serviam para quase nada, mas eram perfeitamente apropriados para os arbustos espinhosos de mirra e para as esqueléticas árvores de olíbano. O olíbano (também chamado de “incenso verdadeiro”) e a mirra eram os diamantes do mundo antigo. Os templos, da Babilônia à Grécia e à Judéia, os usavam em enormes quantidades, e os potentados e princesas se banhavam em seus óleos. A mirra também tinha utilidades medicinais: a mirra-vinho era o remédio favorito para queimaduras. A procura era grande e o abastecimento era timidamente limitado a umas poucas terras ao longo das costas vizinhas do sul da Arábia e leste da África, cujos governantes criaram um monopólio da Cortina de Especiarias sobre esses produtos por milhares de anos.

Para colher o incenso, os trabalhadores da rainha Ety juntavam a seiva seca das árvores, outros separavam as esferas de mirra e os grãos para venda. Como na extração dos diamantes, a todos era designada diariamente uma faixa de terreno que deveriam cobrir na procura dos produtos. Em razão de o olíbano e a mirra terem conotações sagradas, a colheita era feita cuidadosamente para evitar efeitos poluidores. Em um belo dia em 1492 a.C., a rainha Ety avistou cinco navios de sessenta pés próximos de suas praias, harpas penduradas dos mastros como sinal de paz e amizade. A esquadra pertencia à mulher faraó Hatshepsut. Embora tivessem de enfrentar uma longa e difícil viagem marítima até Ponto, os egípcios eram famosos por usar e abusar de incenso de maneira inacreditável. Ety provavelmente esfregou as mãos de prazer e disse: “Outro freguês em carne e osso!”.

Mal sabia ela que sua cliente egípcia ideal estava planejando fazer uma pequena quebra de cartel botânico e iniciar sua própria plantação. Logo ela compreendeu. Além das vastas quantidades de mirra e olíbano carregadas para os porões dos navios, a ordem incluía plantas vivas. Trinta árvores de mirra, cuidadosamente amarradas para conter suas bolas de raízes, foram levadas a bordo. Afinal, a rainha Ety manteve seu monopólio virtual, ou foi a faraó Hati que foi bem-sucedida em seus planos de fazer uma produção egípcia? De acordo com um relato, as árvores plantadas na capital de Tebas floresceram. Embora essas árvores tenham desaparecido há muito tempo, os buracos cuidadosamente preparados para elas foram encontrados pelos arqueólogos. O empreendimento lucrativo da rainha Ety no solo promissor de Ponto é o que chamamos de tirar leite de pedra. A imortalidade artística de Ety foi o outro resultado da viagem a Ponto. Um artista egípcio que acompanhava a expedição fez desenhos da esquadra, das árvores de mirra, dos pontinos, e da própria rainha Ety – desenhos esses que acabaram esculpidos em relevos no templo em Tebas.
(*) – A próxima postagem sobre as Mulheres Audaciosas da Antiguidade, vai falar de TIYE, a mulher do faraó AMENÓFIS, do Egito, Ela era uma mulher com vitalidade e bom senso abundante, além de possuir um talento para a astúcia política.
(**) - Do livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times". 

A autora
Vicki León

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