Aracaju/Se,

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Mulheres da Antiguidade - MASTIGA



Isto é história
Mulheres Audaciosas da antiguidade
MASTIGA
Vicki León


Em aproximadamente 140 a.C., nas terras de Hatti, que um dia seriam chamadas de Turquia, o campo para a carreira de psicologia – especialmente para as mulheres hititas – estava tendo um crescimento rápido. Os hititas tinham mais conselheiros matrimoniais e familiares por centímetro quadrado do que a Califórnia. Profundamente envolvidos em rituais e etiquetas, os hititas contavam com um grande número de praticantes e sacerdotisas que podiam executar os complicados rituais religiosos e mágicos que governavam cada aspecto de suas vidas. Embora a ação positiva dos hititas assegurasse a contratação de alguns homens, o título genérico do cargo era “mulher velha”.
 
Mastiga era uma dessas mulheres velhas, que levava sua vida em Kizzuwatna, cidade costeira controlada pelos hititas a mais ou menos 322 quilômetros de Hattusa, a cidade capital. Mastiga usava um repertório de técnicas psicológicas modernas e antigas para resolver problemas que iam de brigas familiares a impotência. Para conflitos conjugais, ela podia preparar um pacote de gordura e lã de carneiro, no formato de uma língua, e queimá-lo sobre uma fogueira enquanto dizia ao casal como desabafar a raiva. Alguns de seus ritos eram ainda mais divertidos: se você sentisse que a tensão era devida aos seus inimigos, ela conduzia um seminário ritual de fim de semana para alistar anjos prestativos, expulsar seus infortúnios, ou até mesmo afugentar seus problemas para dentro dos lóbulos frontais de pessoas das quais você não gostava. Os acessórios necessários para apenas um ritual de Mastiga parecem uma caça a refugos no depósito de lixo: ratos vivos, quantidade de cordas comuns e de cordas de arco, pães (assados e crus), pinhas, seis tipos de metais, vinho, uma árvore, três cores de lã e diversos animais vivos e mortos.
 
Além de serem chamadas para resolver problemas pessoais, Mastiga e suas colegas de profissão eram frequentemente chamadas para resolver problemas nacionais. Quando uma praga os atacava, os hititas tendiam a acreditar que um de seus deuses não estava sendo bem-sucedido em seu trabalho e os estava negligenciando. O remédio? Chamar sua atenção com um banquete de guloseimas bem bonito, e então mandar a praga seguir seu caminho atacando as vítimas certas, como alguns não-hititas estrada abaixo. Mastiga também estava à disposição para fazer contratos e outros documentos jurídicos, usando os poderes sobrenaturais conferidos a ela para jurar por suas autenticidades.
 
Como o dinheiro era pouco usado naqueles tempos, uma mulher velha cobrava em espécie e recebia o pagamento em mercadorias, os excessos de ratos ou do que quer que pudesse ser reciclado para ser reutilizado em sua prática. Para nossa sorte, os hititas adoravam documentar suas ações; os detalhes sobre a carreira de Mastiga, e a fonte de conhecimentos da qual ela se abastecia, ficaram guardados em placas de barro, um tesouro de “disquetes” primitivos sobre um povo fascinante.

(*) - A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar de PUDUHEPA, que viveu nos anos 1.300 a.C. em território hitita. Filha de um sacerdote, ela se tornou mulher do rei Hattisili e governou, como rainha, durante 24 anos. Ela teve uma filha, Naptera, que terminou casando com o faraó Ramsés II.

(**) – Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”, título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.

(***) Todas As imagens foram extraídas do Google.


A Autora
Vicki León

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