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terça-feira, 1 de março de 2016

Mulheres da Antiguidade - Laís I e II

Isto é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
LAÍS I e II

Vicki León
 
Os atenienses que procuravam uma escort para acompanhá-los a um banquete, um lugar de brincadeira refinada, ou para um pouco de sexo caro, tinham sua própria forma singular de e-(rótica) mail. No velho cemitério, localizado no pitoresco distrito jardim de Cerâmico, homens brancos não-tão-solteiros escreviam curtos anúncios pessoais diretamente nas lápides. Cortesãs famosas como Laís às vezes também deixavam mensagens indicando de quem elas gostavam no momento. A única desvantagem deste quadro de avisos de mármore era sua natureza pública: uma recusa ou humilhação logo era motivo de risadinhas por parte de todos em Atenas.
 
Como uma vendedora de sexo, Laís faturava o equivalente ao clube do milhão de dólares. Laís era um nome comum, Ana ou Maria de seu tempo. Já que os gregos não se importavam com sobrenomes, parece que houve mais de uma prostituta famosa chamada Laís; ou esse foi o caso, ou Laís era uma centenária que realmente tocou um negócio de grande volume (você se lembra de Jane Fonda no papel de uma prostituta muito preocupada com o relógio no filme Klute?).
 
A primeira Laís provavelmente procedia de Corinto, o centro da prostituição mundial. É claro que ela dava suas circuladas, passando bastante tempo em Atenas. Sua lista de chamada de amantes famosos incluía Míron, o escultor, que a imortalizou em mármore, e Eurípedes, o dramaturgo que conduziu uma batalha contínua de pequenos gracejos com ela.
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Laís II era especializada em fregueses filósofos. Dois meses por ano, ela cobrava uma nota em dracmas de Aristipo, um abastado seguidor de Sócrates, para fazê-lo feliz. Outras vezes, ela escolhia cobrar barato para dormir com Diógenes, o filósofo cínico que deu seu próprio significado à expressão desabrigado. Ele morava num grande pote de barro próximo à ágora, ou mercado. A despeito do estilo de vida vagabundo-sujo, Diógenes tinha sua própria escrava chamada Manes (Por falar em lugares acanhados, quando Manes e Laís estavam na residência, o jarro devia ficar bastante fétido).
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Frequentemente, Laís posava como modelo para Apeles, o melhor pintor de sua época. A obra-prima que ele pintou dela, chamada Afrodite surgindo do mar, não existe mais. Mas temos uma história excitante sobre a retirada de Laís. Parece que ela se apaixonou por alguém, seguiu-o até a Tessália e acomodou-se como sua esposa. Finalmente! Um relacionamento verdadeiro. Mas o pretenso casamento, ou a aparência ainda fantástica de Laís, enfureceu de tal maneira as tessalianas locais, que elas atacaram Laís enquanto ela estava no templo de Afrodite e a espancaram até a morte com banquinhos.
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A Grécia antiga empregava uma miríade de videntes como Jeanne Dixons, a mais famosa sendo Pítia, o oráculo feminino de Delfos, que se especializava em dar conselhos enigmáticos sobre a fundação de novas colônias. No século VII a.C., ela disse a um grupo de espartanos, liderado por Falanto e sua esposa Aitra: “Não parem até que sintam a chuva caindo de um céu límpido”. Assim eles navegaram ao longo da costa leste da Itália, tentando e não conseguindo capturar cidades no caminho (os colonizadores geralmente procuravam territórios virgens, mas não eram incapazes de invadir outras terras). Logo eles se cansaram. Próximos da cidade de Tarento (no salto da bota da Itália), um Falanto deprimido se jogou ao chão. Para confortá-lo, Aitra fez o que as mulheres têm feito pelos seus homens desde os tempos imemoriais: colocou sua cabeça sobre os seus joelhos e o penteou. Como os homens espartanos tinham cabelos longos, ela teve um trabalho e tanto. Ou pela situação difícil em que se encontravam ou pelo estado do couro cabeludo do marido, Aitra também ficou deprimida e começou a chorar. Quando o marido sentiu suas lágrimas caírem sobre seu rosto, ele entendeu o oráculo: o nome de sua esposa significava “céu límpido”. Ele levantou de um pulo, saqueou Tarento alegremente, expulsou seus cidadãos – que não eram gregos, por isso pouco importava – e uma nova colônia espartana estava se formando, graças a duas mulheres.

A Autora
Vicki León
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- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar de “HIPÁRQUIA E SUAS COMPANHEIRAS FILÓSOFAS”. Ela e suas amigas revolucionaram a filosofia da antiguidade.  

– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”, título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.


- Todas As imagens foram extraídas do Google.

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