sábado, 13 de junho de 2020
Tipos populares de Aracaju - Carlos Rubem
Isto é História
Aracaju Romântica que Vi e Vivi
Tipos Populares
CARLOS
RUBEM
Murillo
Melins
Carlos Augusto Monteiro Rubem, o popular Carlos Ruben,
nasceu na cidade de Laranjeiras em 21/3/1912, iniciando seus estudos de piano
ainda na infância, em Estância, com a professora Libé Cotias. Em Aracaju, ainda
garoto, recebeu aulas do difícil instrumento, da professora Ventura Lins.
Começou sua vida artística na década de 30, na época
do cinema mudo, tocando nos cinemas Operário e Cine e Teatro Rio Branco,
fazendo a trilha sonora dos filmes. Ainda nos anos 30 e 40, foi pianista dos
famosos cassinos 5 de Julho, Petisqueira e Brahma, tocando também em clubes sociais,
como Recreio Clube, Club Sportivo Sergipe, Cotinguiba Esporte Clube, Clube Aracaju,
Associação Atlética de Sergipe e esporadicamente em outros da cidade. Fez
temporadas em Caldas do Cipó-BA, Ilha de Itaparica e Salvador, onde tocou para
o governador Regis Pacheco.
Nos governos de Manoel Dantas, Eronildes de Carvalho
e Augusto Maynard Gomes, foi o pianista mais solicitado para tocar no Palácio.
Tocou até numa recepção que o Governador fez ao Presidente da República Eurico
Gaspar Dutra. Ruben contava com muito orgulho que foi ouvido e aplaudido pelo
ilustre brasileiro D. Hélder Câmara. Como compositor, é sempre lembrada a linda
canção “Sonhos de Amor”, dedicada à sua esposa Maria Luíza. Em 1936 foi com a
família veranear na aprazível Praia Formosa (Praia 13 de Julho), onde fixou
residência e de lá nunca mais saiu.
Os anos 40 e 50 foram de consagração para o
pianista. Além de tocar nos diversos conjuntos musicais e orquestras, animando
bailes, era solicitado para acompanhar vários cantores famosos que vinham do
sul do país. Tocava também em aniversários e casamentos. Querido por estudantes
dos Colégios Atheneu e Tobias Barreto, era frequentemente convidado para tocar
em festinhas. Devido ao seu coração bondoso, tocava por qualquer preço ou até
mesmo gratuitamente, pois o que ele gostava era de dedilhar o seu piano.
Qual estudante daquela época não lembra quando
dançava coladinho os românticos boleros e os deliciosos foxtrotes saídos dos
dedos hábeis do pianista amigo? Com a inauguração do famoso Cassino Imperial,
Carlos Ruben foi contratado para ser o pianista da recém-formada orquestra. Era
muito estimado por seus colegas músicos que ali trabalhavam, inclusive pelas
bailarinas, que nos momentos difíceis de suas vidas, recebiam dele conselhos e
orientações. Numa certa noite, durante um tiroteio no Cassino, Ruben e outros músicos
que se encontravam perigosamente na linha de tiro pularam as janelas que davam
para o fundo de uma casa comercial. Na queda, Carlos Ruben fraturou uma perna,
ficando acamado por vários meses.
Durante sua recuperação foi visitado por amigos,
colegas de profissão e pelas dançarinas do cabaré, que foram à sua residência
prestar solidariedade ao bom conselheiro. Outro acontecimento especial em sua
carreira de artista foi a inauguração da Boite Cacique, onde Carlos
Ruben e a Luna Orquestra animaram a primeira função, assinando contrato com a
mais nova casa de dança, que passou a ser o ponto de encontro da sociedade
sergipana. Na gestão do Comodoro Murilo Dantas, passou a ser o pianista oficial
do Iate Clube de Aracaju. Ruben passava grande parte do dia e da noite no
clube, tocando em almoços, jantares e nas festas, ou conversando com amigos.
Ele fez do Iate sua segunda casa, tocando ali até os últimos dias de sua vida.
O clube lhe prestou uma merecida homenagem, dando
seu nome ao salão nobre, com a aposição do seu retrato. Foi também homenageado
pela Universidade Federal de Sergipe, com o projeto musical Carlos Ruben.
Lembramos do pianista amigo sentado ao piano, tocando suas melodias com um
cigarro no canto da boca, sempre a balbuciar alguma coisa, com um leve sorriso,
de olhos fechados, como que estivesse a sonhar. No ocaso de sua existência,
costumava colocar uma cadeira na calçada de sua residência, ficando ali sentado
até altas horas da noite, quem sabe, pensando na gloriosa carreira artística
que ficou para trás, ou recordando imagens da antiga Praia Formosa, dos velhos
pescadores, veranistas e moradores daquele bucólico e saudoso recanto.
O autor
Murilo Mellins
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Na próxima postagem você vai conhecer
outra grande figura da música sergipana, MARIA OLÍVIA, cantora, regente
de orquestra e exímia pianista. Foi a pianista oficial durante os governos de
Antônio Carlos Valadares e João Alves Filho, abrilhantando com a sua tocada os
almoços e jantares que eram realizados no Palácio do Governo.
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Do livro “Aracaju Romântica que vi e vivi”, de Murillo Melins, 4ª. Edição,
2011, Gráfica J. Andrade.
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As imagens aqui reproduzidas foram retiradas do Google.
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