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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Mulheres da Antiguidade - Outras Cleópatras

Isto é história
Mulheres Audaciosas da antiguidade
OUTRAS CLEÓPATRAS
Vicki León
 
A Cleópatra “Serpente do Nilo”, impressa durante séculos em nossos cérebros por tudo quanto é escritor, desde Shakespeare a E. E. Cummings, arrebatou toda a imprensa empolgada. Na realidade ela era a Cleo número sete da dinastia macedônia. Entre 200 e 50 a.C, existiram mais Cleópatras (numeradas e sem número) do que sequências do filme Rocky. Entretanto, ao contrário de Rocky, as Cleo tendiam a melhorar – ou pelo menos ficar mais mesquinhas, perversas ou mais ambiciosas.
 
A primeira Cleo, apelidada de “a síria”, tinha arrojo, miolos e grana de sobra. Papai Antíoco providenciou um modesto dote para ela - as terras da Síria, Samária, Judéia e Fenícia, - o que lhe proporcionou certa influência no palácio em Mênfis, no Egito. Em seu reinado, Ptolomeu V, seu jovem e inútil marido, conseguiu perder a maior parte dessas novas posses reluzentes. Ele e Cleo celebraram seus triunfos inexistentes levantando a Pedra Roseta, que mais tarde provou ser útil para a decifração de hieróglifos. Com a morte de Ptolomeu, ela governou competentemente por oito anos, pondo em circulação sua primeira moeda e livrando-se do seu pai mal-humorado, que a essa altura queria de volta o que restava das terras do dote.
 
Cleo III era irmã da “síria”; ela e Cleo II, filha da “síria”, realmente botaram o domínio feminino rolando no trono egípcio, na maior parte das vezes casando com todo Ptolomeu que estivesse à vista e dando à luz uma colheita de novos Ptolomeus sucessivamente mais desagradáveis e libertinos. Tanto a Cleo II como a III, casaram como Ptolomeu VIII, uma velha alma repulsiva apelidada de “pançudo”, e concordaram em governar como rainhas associadas. Em sua própria sucessão, Cleo III governou com seu filho Ptolomeu IX, também apelidado de “grão-de-bico”, finalmente o botando para correr de acordo com um plano de assassinato inventado para mães, e levando Ptolomeu X – seu outro filho – para a cama. Essa cama devia ser king-size; os homens Ptolomeus endógamos tinham tendência à gordura, mas o X mal podia andar. Cleo III morreu aos sessenta anos, talvez em razão de seu filho a ter ajudado com um empurrão (ou sentado nela). As outras Cleópatras na série levaram vidas igualmente ativas e ambiciosas; entretanto, várias delas tiveram a distinção dúbia de serem assassinadas por suas irmãs Cleo.
 
Depois da vida e suicídio espetaculares da megaestrela Cleópatra VII, sua filha xará foi tudo menos esquecida pela história. A órfã Cleópatra Selene VIII (cujo nome significa “lua”) e seu irmão gêmeo Alex Hélio (“sol”) cresceram em Roma. A serena Selene se casou com Juba, tornando-se rainha da Mauritânia, um enorme distrito romano na pitoresca costa da África do Norte, atual Marrocos. Eles reinaram por aproximadamente cinquenta anos, tiveram dois filhos, e gostavam das artes e da cultura grega – um final de jogo com um tom estranhamente pacífico para a turbulenta dinastia das Cleópatra.       

(*) - A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar de DÍDIMA, que viveu na Alexandria por volta do ano 13 a.C. e que se especializou em exercer a função de ama-de-leite. Assim como no século XX apareceu a profissão de mãe-de-aluguel, naquela época já existiam mulheres dispostas a amamentar crianças que não eram seus filhos.
A autora
Vicki León
 
(**) – Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”, título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.

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