Aracaju/Se,

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Mulheres da Antiguidade - Babata

Isto é história
Mulheres Audaciosas da Antiguidade
BABATA

Vicki León
 
Ao longo deste milênio, os judeus têm passado por alguns séculos péssimos, mas os anos 50-150 d.C. foram os piores. Para começar, eles perderam a autonomia e se tornaram uma província romana; depois Jerusalém foi sitiada e transformada em poeira, e o imperador Adriano construiu um templo para Zeus e uma cidade romana sobre suas ruínas. Àquela altura só restava um bruxuleio de resistência, liderada por um agitador chamado Simon Bar Kochba. Entre seu exército de partidários estava uma mulher dolorosamente sacrificada chamada Babata, que por fim foi uma vítima da última guerra que os judeus travaram, antes de serem dispersados por aproximadamente 2.000 anos.
 
Babata morava com seus prósperos pai e mãe em Mahoza, uma vila no extremo sul do mar Morto, a apenas um pulo de distância de Sodoma e Gomorra. Naquela época as pessoas apreciavam as mesmas coisas que hoje: ter uma casa, casar, preservar o que você construiu por meios legais e fugir dos impostos. Por meio de escrituras de doação, seus astutos pais lhe deram uma série de casas, átrios, jardins, bosques de tamareiras e direitos hidrográficos enquanto ainda estavam vivos. Até aí tudo bem. Então, Babata se casou e teve um filho. Pouco tempo depois seu marido faleceu, deixando mais propriedades para ela. Por motivos que só ela sabia, o seu filho Ieshua foi entregue aos cuidados de um homem corcunda. Foi nesta época que os processos começaram – alguns registrados por Babata relativos a seu filho; outros registrados contra ela por uma variedade de parentes enraivecidos de seu falecido marido. Acrescentando mais infortúnio, Babata se casou outra vez, mas o Sr. Sucessor durou pouco mais que a cerimônia de casamento. Mais complicações apareceram, desta vez partindo de sua enteada. Logo o arquivo de processos de Babata estava ficando parecido com o de Woody Allen.
 
Então estourou a guerra, que deve ter parecido quase um alívio para Babata, que vinha lutando suas próprias batalhas particulares. Simon Bar Kochba e seus seguidores lutaram durante três anos; a mesma quantidade de sangue romano e judeu foi derramada. Por um breve período, os judeus pensaram que tinham uma chance de vitória. Mas esta não estava destinada a acontecer. Muitos judeus abandonaram a área; outros optaram por ficar e se esconder. Babata escolheu se refugiar, uma oportunidade que surgiu através de seu embaralhado parentesco matrimonial. Acompanhada por outros, ela fez uma escalada até uma gruta gigantesca e quase inacessível, abastecida para servir como abrigo, trazendo consigo uns poucos pertences preciosos. Lá, elas e seus companheiros aguardaram, com esperanças de que os romanos não os perseguissem. Mas eles não puderam fugir da sede e da fome, mesmo tendo ficado reduzidos a comer os corpos daqueles que morreram antes.
 
Muito mais tarde, outros judeus retornaram às cavernas, enterraram seus ossos, e arrumaram caprichosamente os objetos que tinham tanto valor para eles: sandálias, roupas, facas, utensílios de cozinha e, acredite ou não, os arquivos legais de Babata meticulosamente organizados.



Às vezes os contos de fadas se tornam realidades. Apolônia era uma adorável plebeia, que com seu elegante charme estilo Grace Kelly conquistava a todos que conhecia. Ela casou com o rei Átalo I, soberano do gigantesco reino de Pérgamo na Ásia Menor. Durante um reinado de quarenta anos (269-197 a.C.) eles foram ovacionados como o casal ideal.  Os historiadores falavam carinhosamente de Apolônia, as cidades publicavam decretos em sua homenagem, e epigramas poéticos adornavam um monumento feito para ela (ainda preservados na antologia grega). Após a morte de seu marido, ela manteve o estreito relacionamento com seus quatro filhos, que se revezavam no governo. Ela e os rapazes até visitaram juntos a sua cidade natal, Cízico; de braços dados, ela lhes mostrou os pontos de atração turística. Por que a vida brilhante de Apolônia foi por água abaixo? Como qualquer produtor de cinema lhe diria, simplesmente não existem conflito e ação suficientes na virtude verdadeira.


A Autora
Vicki León
 

- A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar de “AS QUATRO JÚLIAS”. Elas eram duas duplas de irmãs – todas chamadas Júlia, que se revezaram colocando seus filhos no trono do Império Romano.

– Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”, título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.


- Todas As imagens foram extraídas do Google.

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