Aracaju/Se,

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Mulheres da Antiguidade - HETEFERES

Isto é história

Mulheres Audaciosas da antiguidade
HETEFERES
Vicki León

O faraó Quéops, famoso por ter construído a Grande Pirâmide em Gizé perto do Cairo, também era um filho único que amava muito sua mãe. O nome dela era Heteferes, e ela gostava de usar chinelos de pele de gazela, e dúzias de pulseiras de prata de tornozelo com pequenas libélulas de malaquita. à noite, dormia numa cama lustrosa e elegante, sendo o pé da cama feito de ouro pintado com flores azuis e pretas. Ela recostava a cabeça num suporte de madeira curvo, a versão egípcia do travesseiro. Suas cadeiras, seu conjunto de manicure, e até mesmo suas navalhas eram feitos de ouro. Heteferes precisva dessas navalhas - os homens e mulheres egípcios raspavam suas cabeças e corpos todos os dias.

Em razão de o hábito egípcio de incesto real ter origem matrilineares, Quéops traçou sua linhagem por meio de sua a trono era sempre chamada de "a Filha do Corpo do Deus", e através do seu sangue passava a sucessão. Naquela época, a melhor maneira de um príncipe garantir sua pretensão ao trono era casar com a irmã. Às vezes a árvore genealógica ficava tão enrolada que as mulheres tinham de casar com seus próprios pais - ou avôs. Não sabemos dos grandes acontecimentos da vida de Heteferes, sabemos apenas da estranha história de seus problemas após a morte. Por causa de seu posto, ela deveria ter acabado confortavelmente protegida em sua própria pequena pirâmide, próxima da pirâmide de Sneferu, seu marido. Entretanto, ladrões entraram em seu túmulo pouco depois do enterro. Procurando um ganho rápido, coisas fáceis de serem receptadas, eles abriram o sarcófago, arrancaram suas joias e fugiram. Sua múmia desapareceu, e somente os canopos, vasos que guardavam suas entranhas, então reduzidos a uma lama em fluido de embalsamar, ficaram para trás.

Mesmo que não tivesse gostado de sua mãe, Quéops teria ficado horrorizado. Para os egípcios, molestar múmias era o pior tipo de sacrilégio. Eles acreditavam que a regra mais importante para obter sucesso na vida após a morte era: mantenha esse corpo intacto como um lar para o espírito ka e o espírito parecido com um pássaro ba. Sem sua múmia, o espírito ba de Heteferes, que normalmente era capaz de viajar entre o túmulo e o mundo exterior, ficou sem casa. Isso era o oblívio - a verdadeira morte.

Apavorados com a possível reação do faraó, seus subalternos reenterraram o sarcófago sem múmia de Heteferes com algumas de suas próprias mobílias e bens, num local sem nenhum marco próximo da pirâmide-tumba de Quéops em Gizé. Quatro mil anos mais tarde, um fotógrafo tropeçou por sobre a entrada secreta de sua segunda tumba, oferecendo-nos uma visão mais próxima dos detalhes requintadamente bonitos de sua vida dária. Espero que seu ka e seu ba ainda estejam na área, e desfrutando a admiração moderna


Vicki León
Autora


(*) - No próximo domingo, dia 27 de novembro de 2011, você vai conhecer KHENTKAVES. Ela viveu por volta de 2500 a.C. e foi soberana da quarta dinastia egípcia. Foi casada diversas vezes com os próprios irmãos e tinha um que de enigmático.

(**) - Do livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times".

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