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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Mulheres da antiguidade - NEFERTÍTI

Isto é história
Mulheres Audaciosas da antiguidade
NEFERTÍTI
Vicki León

Não é exagero chamar a rainha Nefertíti de Jackie Kennedy de sua época. Um nome internacionalmente conhecido em todos os lares, ela não só comandava a moda – ela era a moda. As máquinas fotográficas teriam adorado seu perfil fotogênico e os vívidos turbantes azuis que ela mesma fazia. Suas imagens apareciam em todos os lugares: nos relevos das paredes, em estátuas, bustos, anéis e escaravelhos. Plebéia como sua tia Tiye, Nefertíti seguiu suas pegadas, casando-se também com um homem que se tornou faraó. Mas existia um enorme abismo filosófico entre Amenófis III e seu filho – e entre Tiye e sua glamorosa sobrinha.
Nefertíti, cujo nome significa “a linda criatura chegou”, e o homem queixudo e de barriga flácida com o qual casou pensavam em grandes projetos. Seu objetivo político: libertar-se do peso mumificado do passado para criar um Camelot egípcio, onde as artes, cultura e adoração religiosa pudessem adquirir nova vitalidade e liberdade. Um cardápio bastante vasto, mas este casal audacioso, inteligente e extraordinariamente expansivo apreciava o desafio. Encorajado por Nefertíti, que participou ativamente da mudança de alto a baixo, seu marido jogou fora os velhos deuses e introduziu um novo: Aton, o deus-sol. Agora se denominando Akenaton, o faraó e Nefertíti eram as únicas pessoas autorizadas a servir ao deus; isto significava avisos de demissão para toda a enorme população de sacerdotes. Para irritar a todos ainda mais, a família real e a corte deixaram a capital de Tebas e construíram uma nova e elegante cidade-jardim (agora sítio arqueológico de el-amarna) dedicada a Aton.

Akenaton e Nefertíti 

Por que será que os Camelots sempre parecem ter mais do que sua parte de tragédia? Três de suas seis filhas morreram jovens, as pressões políticas fizeram suas vidas difíceis, e Akenaton começou a dar para trás em suas convicções (Essa é apenas uma teoria do que aconteceu entre este casal; as pistas são contraditórias, portanto é um jogo do qual qualquer um pode participar). No décimo segundo ano do reinado de seu marido, Nefertíti simplesmente desaparece, substituída por uma filha como grande esposa real. Poderia ela ter permanecido em Amarna enquanto a cidade vagarosamente entrava em decadência? Será que sobreviveu ao marido – ou tentou ocupar o trono? Os mistérios que a cercam continuam sem solução – e agora a linda criatura se foi.

Meritaten

“Minha guirlanda de filhas”, era assim que a rainha Nefertíti chamava Meritaten e suas irmãs mais jovens, seis garotinhas felizes que viveram em torno de 1330 a.C. em Tebas. As princesas cresciam rápido no Egito; quando a situação ficou delicada entre os anteriormente apaixonados pais de Meritaten, Nefertíti foi expulsa ou morreu, e Meritaten teve de casar com Akenaton. Ela assumiu o título de grande esposa real, e deu à luz uma menininha, batizada de Meritaten Júnior. Embora evidentemente viril, seu pai tinha aflições misteriosas que ninguém conseguia entender, inclusive um bizarro queixo alongado e quadris que um nu de Renoir ficaria orgulhoso de possuir. À medida que entrava em declínio, ele contava com Smenkhare, seu meio-irmão, para sucedê-lo, e Meritaten, para continuar como grande esposa real, a fim de torná-lo mais aceitável para governar. Ela provavelmente não viveu o suficiente para ver Smenkhare como faraó. Uma vida curta, mas talvez feliz: ao contrário da vida rigidamente formal que a realeza egípcia havia levado até aquele ponto, Meritaten e suas irmãs faziam parte da busca de seu pai pelo individualismo. Em Amarna, as mudanças religiosas abriram as portas para outras mudanças. Os artistas tinha a liberdade de retratar as pessoas como elas realmente eram – ou não eram. Durante séculos, o impressionismo de Amarna infundiu uma nova vitalidade na arte; um tesouro deixado para nós foi a escultura da cabeça de uma mulher tão esperta como sensual, que agora pensam ser de Meritaten.

(*) – A próxima postagem sobre as Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar de ANKHESENAMUN, filha de Nefertíti e Akenaton, casou-se com seu pai Akenaton, com seu tio Smenkhare e finalmente com seu irmão Tutancâmon, que quando casou tinha apenas nove anos, e viu os três morrerem em seus braços .   
(**) - Do livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times".

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