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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mulheres da Antiguidade - BILISTICHE

Isto é História

Mulheres Audaciosas da Antiguidade

BILISTICHE
Vicki León

Bilistiche e Ptolomeu II 
Para uma senhorita macedônia que tinha uma queda por éguas e faraós charlatães, até que Bilistiche não se deu muito mal. Nascida em torno de 280 a.C., ela viveu durante os tempos excitantes em que os sucessores não-tão-grandes de Alexandre, o Grande, se mantinham ocupados com assassinatos mútuos e a redivisão constante da torta do frágil império de Alex.
Alexandre, o Grande
Bilistiche deixou-se atrair pelo Egito, onde fisgou Ptolomeu II, que governava como monarca e faraó. Seu namorado era um velho depravado – e bastante ativo. Casado com a irmã Arsínoe II (o que originou o seu apelido “amante da irmã”), ele colecionava tantas namoradas que deve ter precisado de uma secretária encarregada de sua agenda só para seus romances.

Ptolomeu II

Naturalmente, ele disse a Bilistiche: “Bili, minha boneca, você é a mulher que eu amo – o resto é apenas decoração”. No caso dela, ele pode ter sido sincero. Ela era uma líder na competição, em diversos sentidos. Maníaca por cavalos de corrida, Bilistiche ouviu falar do novo evento dos Jogos Olímpicos, corrida de carruagens puxadas por um par de potros, e formigando de vontade de se inscrever. Uma pequena bajulação ao seu doce-recém enviuvado Ptolomeu, e ela conseguiu o que precisava. Bilistiche venceu o evento na Centésima Nonagésima Olimpíada. Um poema malicioso da época, menciona claramente que Bilistiche era uma boa amazona; ainda assim, é possível que ela mesma não tenha conduzido o par de cavalos. Para as competições de cavalos, os proprietários frequentemente contratavam cocheiros ou cavaleiros.
A morte de Arsínoe deu mais tempo livre para Ptolomeu mimar sua amante macedônia, conferindo a ela numerosas honras religiosas que enfureceram a população masculina ao redor do Mediterrâneo. Com a idade de aproximadamente trinta anos, Bilistiche foi nomeada sacerdotisa canéfora, um posto que normalmente requeria uma virgem com boa reputação que pudesse fazer um leve levantamento de peso. Sem se deixar perturbar por não ter quase nenhuma dessas qualificações, Bilistiche liderou alegremente uma gigantesca procissão religiosa anual pelas ruas de Alexandria, carregando uma canéfora, ou seja, uma cesta com oferendas de ouro, sobre sua cabeça.

Farol da Alexandria
Construtor entusiástico, Ptolomeu erigiu um templo para uma divindade fictícia chamada Bilistiche Afrodite, em honra à sua amante. Isso fez com que a população local se revoltasse. Um poeta chamado Sótades escreveu um poema grotesco sobre esse fato, e, ainda por cima, mencionou Arsínoe, a falecida esposa-irmã do faraó. Fazer chacota das extravagâncias sexuais de Sua Majestade o faraó não foi uma idéia muito boa; o poeta acabou submergindo a onze metros de profundidade num baú de chumbo.
Afrodite, a deusa do amor
Ainda animada, Bilistiche continuou com a temporada de sorte que se estendeu pela sua velhice. Pela maneira generosa que o seu queridinho real pagava pelo seu tempo, e os cavalos de corrida que ela possuía e botava para correr nas competições, esses seus anos foram literalmente dourados. Um documento de 239 a.C mostra que Bilistiche fez com que seu dinheiro trabalhasse ainda mais por ela, durante a última carreira que seguiu em sua vida: agiota. Conhecendo seus olhos treinados para detectar vantagens, não acredito que nenhum dos empréstimos tenha sido a juros baixos.

(*) - A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar de SOFONISBA, uma cartagena que tinha inteligência e beleza de sobra, até para se deixar ser usada como um peão nos jogos de interesses políticos. Ela viveu por volta dos anos 210 a.C.

                                                                        A autora

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