Debate
Quem foi Annibal Theóphilo
Arnaldo da Silva Rodrigues
Exposição de Motivos
Reflexões
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Barbosa Lima
Sobrinho |
Que direito nos assiste, agora, com os resultados de longos anos de pesquisas, com comprovações documentadas, recolhidas em entrevistas e estudos nos arquivos, bibliotecas e academias, com meia centena de depoimentos históricos – longos depoimentos – de contemporâneos de Annibal Theóphilo, datados e assinados, mais as respostas ao nosso questionário encaminhadas à Academia Brasileira de Letras, que mereceu a consideração daquelas que honram a posição de representantes da cultura brasileira, como Barbosa Lima Sobrinho, Levi Carneiro, Ribeiro Couto, Ivan Lins, Olegário Mariano, Maurício de Medeiros, Clementino Fraga, Gustavo Barroso, Álvaro Moreira, Rodrigo Otávio Filho e Augusto Meyer. Todos eles reconheceram o legítimo direito e dever do historiador-pesquisador expor os fatos à luz da razão. Vale, ainda ressaltar que os processos contra nós, que insistiam na nossa punição e na intenção de impedir a publicação do livro sobre a vida do poeta Annibal Theophilo, foram recusados pela Justiça. Tivemos o reconhecimento da autenticidade do nosso propósito honesto, que nos animava de fazer história. Até a mais Alta Corte conferiu-nos o direito que tanto necessitávamos: “Observo que o notificado não fez nenhuma crítica à decisão do Tribunal que julgou o homicídio ...” “É evidente a ausência do animus difamandi, injuriandi e Caluniandi...” “Há animus narrandi, exclusivamente...” “Movido pelo sentido da pesquisa histórica, sem qualquer sentimento de revanchismo...” “Os juízos e conceitos que, porventura, desfavoráveis à memória de Gilberto Amado foram colhidos em jornais, revistas e obras que exaustivamente mostrou em extensa bibliografia.”, tudo como contido nas folhas do processo.
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Gilberto Amado |
Agora, a nossa posição há de invalidar, por completo, a intenção malévola dos nossos oponentes – memorialistas que gratuitamente tentam desfigurar e enxovalhar a honra e a memória daquele que nunca poderia ser colocado pelos seus detratores como um ser desprezível perante a História. A alentada documentação que tínhamos conquistado, ao longo do tempo, deveria nos proteger ao refutar a truculência verbal nos tortuosos caminhos do rancor. As memórias publicadas nos livros Minha Vida na Política (Terrível Prova), Rio de Janeiro do Meu Tempo e Olavo Bilac e sua Obra não trazem jamais uma comprovação, um testemunho que pudesse justificar suas intenções demolidoras. Parecia um ardil arquitetado para proteger Gilberto Amado e acusar a sua vítima como algoz do crime que abalou a sociedade cultural do Brasil num fim de festa literária, em 1915.
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Raimundo Magalhães Jr |
Os amigos de Gilberto Amado se valeram da distância do tempo para crucificar a imagem de Annibal Theóphilo como perseguidor e agressor de Gilberto Amado, dando como definitiva a versão negativa nas palavras do próprio Gilberto Amado, de Luiz Edmundo e Raimundo Magalhães Júnior. As publicações – memórias – estão comprometidas por que torcem os fatos históricos. Durante quatro décadas permaneceram nas livrarias, nas bibliotecas e nos arquivos, denegrindo o destino do poeta, numa campanha de difamação sem igual, em desrespeito a ética e a moral. A partir de agora – temos a convicção – o julgamento moral terá as bases nas fontes reais e na comprovação dos testemunhos que datam e assinam seus depoimentos para a posteridade. As palavras emitidas pelos contemporâneos do poeta soaram como verdade que a história revela. Os mortos que merecem as palavras luminosas dos seus condiscípulos hão de ser respeitadas pelas gerações futuras.
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Sobral Pinto |
Ouvimos o protesto veemente do doutor Sobral Pinto, que viveu aqueles momentos da história, conhecedor do episódio nos seus meandros e detalhes: “O poeta tinha valor no seio da literatura brasileira, tinha fama de homem honesto e digno. E a imagem pintada por Gilberto Amado não é confirmada pela história”. Agora podemos perguntar: quem foi Annibal Theophilo? Muitas vozes serão ouvidas nas linhas que se seguem, vozes consoantes com a nossa intenção de conquistar a verdade. Carlos Drummond de Andrade revela-nos: “o poeta fora uma pessoa amada de todos”. Emílio de Menezes: “O enterro de Annibal Theóphilo foi uma apoteose. Ninguém faltou. Nunca houve no Rio e Janeiro um movimento de solidariedade como esse”.
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Carlos Drummond
de Andrade |
No Rio de Janeiro, convocam o poeta para por em prática sua capacidade mnemônica, declamando Petrarca, Camões, a elite dos poetas franceses, os nossos parnasianos e simbolistas. Bem jovem, em Porto Alegre, já se sentia muito à vontade na sua vocação. Como cadete em Fortaleza e em Manaus merecia o aplauso da sociedade. O acadêmico Péricles Moraes dizia: “A elegância irrepreensível de sua dicção, sabia dizer como ninguém. Não havia mais enlevo do que ouvi-lo nesses minutos de embevecimento. Sabia de cor poemas inteiros, sem vacilar nunca”. A imprensa da capital da República reproduzia seus poemas ilustrados por Kalisto Cordeiro, J. Carlos, Raul Pederneiras, especialmente nas revistas Fon-Fon e Careta. O poeta publicou no Porto e trouxe-nos os exemplares de Rimas – Musa Erradia – Folhas de um Poema, autografados para os amigos escritores, jornalistas, artistas, com os quais mantinha, quando vivo, um relacionamento fraterno. É preciso que se questione os autores que torcem os fatos históricos nas suas infamantes memórias, que não acreditavam ser possível que a verdade aflorasse depois de tantos anos. Criaram a sua versão para iludir a opinião pública, maculando aquele que foi vítima de um crime perpetrado ao fim de uma festa literária.
(**) Nova postagem no próximo dia 22 de março de 2011, onde continuaremos a publicar a versão do autor do assassinato do poeta Annibal Theóphilo.
(***) Veja, também, neste blog, o crime do poeta Annibal Theóphilo, em 1915, no Rio de Janeiro e o julgamento do autor do crime, Gilberto Amado, na versão do escritor Acrísio Torres.
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