Aracaju/Se,

segunda-feira, 14 de março de 2011

Quem foi o poeta Annibal Theóphilo?

Debate

Quem foi Annibal Theóphilo
Arnaldo da Silva Rodrigues





Exposição de Motivos
Reflexões

Barbosa Lima
Sobrinho


Que direito nos assiste, agora, com os resultados de longos anos de pesquisas, com comprovações documentadas, recolhidas em entrevistas e estudos nos arquivos, bibliotecas e academias, com meia centena de depoimentos históricos – longos depoimentos – de contemporâneos de Annibal Theóphilo, datados e assinados, mais as respostas ao nosso questionário encaminhadas à Academia Brasileira de Letras, que mereceu a consideração daquelas que honram a posição de representantes da cultura brasileira, como Barbosa Lima Sobrinho, Levi Carneiro, Ribeiro Couto, Ivan Lins, Olegário Mariano, Maurício de Medeiros, Clementino Fraga, Gustavo Barroso, Álvaro Moreira, Rodrigo Otávio Filho e Augusto Meyer. Todos eles reconheceram o legítimo direito e dever do historiador-pesquisador expor os fatos à luz da razão. Vale, ainda ressaltar que os processos contra nós, que insistiam na nossa punição e na intenção de impedir a publicação do livro sobre a vida do poeta Annibal Theophilo, foram recusados pela Justiça. Tivemos o reconhecimento da autenticidade do nosso propósito honesto, que nos animava de fazer história. Até a mais Alta Corte conferiu-nos o direito que tanto necessitávamos: “Observo que o notificado não fez nenhuma crítica à decisão do Tribunal que julgou o homicídio ...” “É evidente a ausência do animus difamandi, injuriandi e Caluniandi...” “Há animus narrandi, exclusivamente...” “Movido pelo sentido da pesquisa histórica, sem qualquer sentimento de revanchismo...” “Os juízos e conceitos que, porventura, desfavoráveis à memória de Gilberto Amado foram colhidos em jornais, revistas e obras que exaustivamente mostrou em extensa bibliografia.”, tudo como contido nas folhas do processo.

Gilberto Amado
 Agora, a nossa posição há de invalidar, por completo, a intenção malévola dos nossos oponentes – memorialistas que gratuitamente tentam desfigurar e enxovalhar a honra e a memória daquele que nunca poderia ser colocado pelos seus detratores como um ser desprezível perante a História. A alentada documentação que tínhamos conquistado, ao longo do tempo, deveria nos proteger ao refutar a truculência verbal nos tortuosos caminhos do rancor. As memórias publicadas nos livros Minha Vida na Política (Terrível Prova), Rio de Janeiro do Meu Tempo e Olavo Bilac e sua Obra não trazem jamais uma comprovação, um testemunho que pudesse justificar suas intenções demolidoras. Parecia um ardil arquitetado para proteger Gilberto Amado e acusar a sua vítima como algoz do crime que abalou a sociedade cultural do Brasil num fim de festa literária, em 1915.
Raimundo Magalhães Jr
Os amigos de Gilberto Amado se valeram da distância do tempo para crucificar a imagem de Annibal Theóphilo como perseguidor e agressor de Gilberto Amado, dando como definitiva a versão negativa nas palavras do próprio Gilberto Amado, de Luiz Edmundo e Raimundo Magalhães Júnior. As publicações – memórias – estão comprometidas por que torcem os fatos históricos. Durante quatro décadas permaneceram nas livrarias, nas bibliotecas e nos arquivos, denegrindo o destino do poeta, numa campanha de difamação sem igual, em desrespeito a ética e a moral. A partir de agora – temos a convicção – o julgamento moral terá as bases nas fontes reais e na comprovação dos testemunhos que datam e assinam seus depoimentos para a posteridade. As palavras emitidas pelos contemporâneos do poeta soaram como verdade que a história revela. Os mortos que merecem as palavras luminosas dos seus condiscípulos hão de ser respeitadas pelas gerações futuras.

Sobral Pinto


Ouvimos o protesto veemente do doutor Sobral Pinto, que viveu aqueles momentos da história, conhecedor do episódio nos seus meandros e detalhes: “O poeta tinha valor no seio da literatura brasileira, tinha fama de homem honesto e digno. E a imagem pintada por Gilberto Amado não é confirmada pela história”. Agora podemos perguntar: quem foi Annibal Theophilo? Muitas vozes serão ouvidas nas linhas que se seguem, vozes consoantes com a nossa intenção de conquistar a verdade. Carlos Drummond de Andrade revela-nos: “o poeta fora uma pessoa amada de todos”. Emílio de Menezes: “O enterro de Annibal Theóphilo foi uma apoteose. Ninguém faltou. Nunca houve no Rio e Janeiro um movimento de solidariedade como esse”.



Carlos Drummond
de Andrade
No Rio de Janeiro, convocam o poeta para por em prática sua capacidade mnemônica, declamando Petrarca, Camões, a elite dos poetas franceses, os nossos parnasianos e simbolistas. Bem jovem, em Porto Alegre, já se sentia muito à vontade na sua vocação. Como cadete em Fortaleza e em Manaus merecia o aplauso da sociedade. O acadêmico Péricles Moraes dizia: “A elegância irrepreensível de sua dicção, sabia dizer como ninguém. Não havia mais enlevo do que ouvi-lo nesses minutos de embevecimento. Sabia de cor poemas inteiros, sem vacilar nunca”. A imprensa da capital da República reproduzia seus poemas ilustrados por Kalisto Cordeiro, J. Carlos, Raul Pederneiras, especialmente nas revistas Fon-Fon e Careta. O poeta publicou no Porto e trouxe-nos os exemplares de Rimas – Musa Erradia – Folhas de um Poema, autografados para os amigos escritores, jornalistas, artistas, com os quais mantinha, quando vivo, um relacionamento fraterno. É preciso que se questione os autores que torcem os fatos históricos nas suas infamantes memórias, que não acreditavam ser possível que a verdade aflorasse depois de tantos anos. Criaram a sua versão para iludir a opinião pública, maculando aquele que foi vítima de um crime perpetrado ao fim de uma festa literária.

(*) – Justificativas do autor de “Vida e Obra de Annibal Theóphilo – Triste Fim de um Poeta Assassinado”, de Arnaldo Rodrigues, reproduzido, com revisão, do site: http://www.livrovirtual.com/LivroVirtual/?categoria=livro&livro=7D398.


(**) Nova postagem no próximo dia 22 de março de 2011, onde continuaremos a publicar a versão do autor do assassinato do poeta Annibal Theóphilo.

(***) Veja, também, neste blog, o crime do poeta Annibal Theóphilo, em 1915, no Rio de Janeiro e o julgamento do autor do crime, Gilberto Amado, na versão do escritor Acrísio Torres.



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