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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Mulheres da antiguidade - Kubaba

Isto é História


Mulheres Audaciosas da Antiguidade
KUBABA
Vicki León



Os sumérios que viviam entre os barrentos rios Tigre e Eufrates, na plana e quente como pimenta jalapeño Mesopotâmia (hoje em dia Iraque), adoravam a ordem. Eles eram grandes escritores de listas, e todo esse esforço despendido com escritas parecia lhes dar uma intensa sede que saciavam com cerveja de cevada. Homem, mulher e criança, os sumérios adoravam suas cervejas espumantes. Eles até tinham um slogan: “A cerveja faz o fígado feliz e enche o coração de alegria”. Havia um fundamento lógico razoável para tal entusiasmo. Nos tempos antigos, havia uma grande possibilidade de que a água fizesse com que todo o seu organismo se sentisse infeliz. Por outro lado, a espessa cerveja de cevada era relativamente livre de germes e também nutritiva, mesmo que você tivesse de bebê-la através de um tubo. A religião era popular entre os sumérios, mas eles provavelmente freqüentavam mais as tavernas do que os templos. As mulheres dominavam o ciclo da cerveja: elas produziam e vendiam a maior parte dela, e bebiam sua justa parcela.
Kubaba, uma senhora esperta e robusta que tinha uma taverna na cidade suméria de Kish, vivia a mais ou menos oitenta e oito quilômetros da moderna Bagdá. Naquela época, como hoje, as tavernas tinham fama de turbulentas, cobrar preços altos e servir bebidas aguadas. Embora as sacerdotisas tivessem tanta sede quanto qualquer outro sumério, elas eram proibidas por lei de fazer uma parada para tomar uma geladinha. A penalidade era um pouco severa: morte! Contudo, como mostram as listas de rações, as sacerdotisas bebiam cerveja diariamente, assim, era provável que os botequineiros fizessem entregas de cerveja nos templos.
A própria Kubaba tinha ambições mais elevadas do que ficar tirando chope e encenar a versão local do seriado Cheers. Possivelmente com a ajuda de promessas de alguma campanha regada a cerveja, ela conseguiu se tornar rainha de Kish, conquistando o trono em torno de 2500 a.C. (A falta de maiores detalhes não é fora do comum – do mesmo modo ninguém tem a menor pista de como Sargão, o Grande, saiu de suas origens humildes para se tornar em determinada época um dos reis mais famosos da Suméria). Não sendo do tipo de cair no barril de cerveja, soberana de um mandato, Kubaba chegou ao auge e lá ficou. Seus filhos a sucederam, e a dinastia por ela fundada durou cem anos.
Durante seu mandato, Kubaba “fortaleceu as fundações de Kish”. Soa como um reassentamento pós-terremoto, mas isso significa que ela estendeu seu controle político a outras partes da Suméria. Mas a dona do barril nunca esqueceu seu passado de cervejaria. Na lista oficial de reis sumérios, que permanece até hoje, ela simplesmente se autodenominou “Kubaba a mulher da cerveja”. Contrastando com a linguagem bombástica de “Ei! Eu sou a maior!” da maioria dos soberanos antigos. Isso é que é classe.

(*) – Na próxima terça-feira, dia 24 de maio de 2011, conheça ENHEDUANA, poeta e sacerdotisa, filha do rei Sargão de Acad, que viveu na Suméria há mais de 4.300 anos.

Adendo
Durante séculos, o local mais refrescante (literalmente e de outras formas) no belo centro comercial da Babilônia eram os Jardins Suspensos, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Freqüentemente, a rainha Semíramis recebe crédito por sua criação, mas, como o Taj Mahal, os jardins foram construídos por um homem pelo amor de uma mulher. Amytis, uma moça natural da Média que se casou com o rei Nabucodonozor e se tornou rainha da Babilônia, sentia saudades das verdes colinas de sua terra natal, assim, o rei pôs mãos à obra, a fim de lhe oferecer uma realidade virtual na versão do século VI a.C. Os jardins podem ter parecido um zigurate suavemente esmeralda, pirâmides em degraus que os babilônios construíam tão bem. Depois das planícies de calor escorchante da Babilônia, Amytis deve ter chamado as fontes, flores e terraços cheirosos dos jardins de um pedaço do paraíso.


A Autora
Vicki Leon

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