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domingo, 16 de outubro de 2011

Mulheres da Antiguidade - Merit Pitah e suas Companheiras

Isto é história

Mulheres Audaciosas da antiguidade
MERIT PITAH e suas Companheiras
Vicki León

Os gregos antigos ficavam muito impressionados com a medicina egípcia, embora achassem que os egípcios exageravam um pouco na higiene (Você acredita que essas pessoas lavam suas mãos e pratos depois de cada refeição? E essa depilação do corpo todo – realmente!). Uma turma muito anal, os egípcios tomavam purgantes mensalmente. Foi aqui que a proctologia teve seu verdadeiro início; os médicosdevotavam livros inteiros à felicidade gastrointestinal inferior. “Minha filha, a médica” era uma alegação que poucos pais podiam fazer no Egito antigo. Contudo, as mulheres se tornavam médicas, como estas fêmeas extraordinárias comprovam, o único mistério sendo a falta de detalhes que restaram sobre suas carreiras.

Merit Pitah ganha os sweepstakes de “primeira médica”. Há mais de 4.700 anos, ela praticava medicina enquanto os faraós resolutamente começavam a construir as pirâmides. Seu filho, um sumo sacerdote, deve ter tido orgulho dela. Em seu túmulo no Vale dos Reis, ele colocou seu retrato, tomando cuidado para intitulá-la “a médica chefe”. Mesmo depois do lamentável incidente com a víbora, Cleópatra continuou sendo um nome feminino popular no Egito. No século II, a.C., outra Cleo colheu fama por seus artigos médicos sobre ginecologia. Parteiras e médicos, homens e mulheres, consultariam (e às vezes plagiariam) seu material por outros doze séculos.
Peseshet
Então, apareceu a superempreededora Peseshet, que recebeu a Ordem do Bipe de Ouro por ter-se tornado não só uma serradora de ossos, mas uma chefe das mulheres médicas. Embora a leitura correta de qualquer hieróglifo possa ser um jogo de dados intelectual, é bem possível que seu título indique uma administradora que supervisiona outros médicos (também mulheres) – uma pista insinuando que mulheres médicas eram mais do que pessoas singulares isoladas aqui e ali.

As mulheres egípcias tinham de se duplicar como escrivãs e estudantes só para estudar medicina, a qual nos tempos antigos era uma mistura eclética de ervas e tratamento eficazes, alguns poucos e tímidos procedimentos cirúrgicos, terapia através de incubação de sonhos, e a simples e velha magia. Às vezes as mulheres faziam residência com outros médicos para aprender com eles; elas também estudavam (e aparentemente ensinavam) obstetrícia e outras especialidades nos estabelecimentos médicos, como a escola em Sais, Egito, que floresceu em torno do Século VI a.C. A obstetrícia era provavelmente uma das especialidades mais compensadoras. Levando-se em conta a mania egípcia de manter os corpos intactos para garantir uma vida maravilhosa após a morte, podemos apostar com segurança que as médicas em treinamento não podiam praticar em cadáveres nas escolas de medicina.
Henut
Quando se dirigia a versão egípcia de salão de beleza há milhares de anos, como Henut fazia, não se tinha a preocupação de cortar cabelo demais do topo da cabeça dos fregueses. Tanto mulheres como Homens gostavam de carecas raspadas diariamente e cobertas com perucas rebuscadas, para eliminar o calor e o reflexo ofuscante. Até mesmo em mulheres que gostavam de tranças verdadeiras, Henut entrelaçava apliques postiços. A descrição de seu cargo foi traduzida como “pintora de bocas”, significando que ela também atuava como cosmetóloga para a rainha. Além de pintar os olhos reais com malaquita verde e kohl preto, e os lábios com ocre vermelho e gordura, Henut mantinha o corpo todo da rainha liso, usando uma navalha ou aquele velho favorito, um creme depilatório feito de sangue de morcego. A arte de Henut e outros gurus cabeleireiros, frequentemente retratada nos relevos dos túmulos de várias rainhas, prova que as mulheres vêm acreditando que os tratamentos de beleza valem a pena há mais de 4.000 anos.

(*) - No próximo domingo, dia 23 de outubro de 2011, você vai conhecer MERYET-NEITH, rainha da primeira dinastia egípcia, e provavelmente a primeira mulher egípcia a governar sozinha. Foi mulher do rei DJER que, quando morreu, levou para o seu túmulo 300 de seus criados. MERYET-NEITH viveu por volta dos anos 3.000 antes de Cristo.

(**) - Do livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times".
 
A autora
Vicki León

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