Aracaju/Se,

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Mulheres da Antiguidade - Roxane e Barsine

Isto é história

Mulheres Audaciosas da antiguidade
ROXANE e BARSINE
Vicki León

O casamento em massa mais brilhante da história aconteceu há 2.300 anos. No ar puro do deserto de Susa, Alexandre, o Grande, e oitenta de seus não-tão-grandes macedônios, contraíram matrimônio com um número igual de beldades persas. Seu objetivo? Criar uma mistura populacional instantânea, a melhor coisa para alcançar o domínio do mundo. A própria noiva de Alex era material de realeza recauchutado: Barsine-Stateira, a esposa de Dario, o último rei persa, que foi assassinado logo após Alex lhe ter dado uma coça.

O casamento foi o máximo da extravagância. Alexandre (que teria sido um banqueteiro fabuloso) se aprofundou em cada detalhe – com apenas uma pequenina ajuda de um ou dois graciosos eunucos persas com relação aos tecidos a serem usados. Em frente ao palácio, num pavilhão do tamanho de uma super-cúpula emboçado com jóias, as cerimônias foram celebradas em meio a cem sofás prateados e tapetes persas inacreditavelmente lindos. Os cinco dias de festividades se alternaram com cinco noites de bem-aventurança dos recém-casados em camas de prata, tudo cortesia de Alex (com indiretas não muito sutis de “procriem, por favor!”). Novas alturas também podem ter sido alcançadas pela noiva do Grande, Meia-irmã, assim como viúva do rei Dario, cuja altura era de um metro e noventa e oito, ela provavelmente olhava de cima para Alex.

A única pessoa que certamente não compareceu a esse evento de gala foi Roxane, a primeira esposa de Alexandre. A bigamia não era o problema – mas o poder e a inveja eram. Do ponto de vista emocional e sexual, Alexandre gostava mais dos homens; a primeira e única mulher por quem ele se apaixonou foi Roxane, a linda e arrogante filha de um chefe afegane. Em uma de suas marchas para conquistar tudo daqui até lá, Roxane dançou para ele, que se declarou, e eles tiveram um ou dois meses de lua-de-mel antes que ele partisse outra vez. Em seu casamento de quatro anos, Roxane teve dois filhos, sendo que um nasceu morto, portanto eles dormiram juntos pelo menos duas vezes – a não ser que se prefira acreditar que um deus a engravidou, que é o que a mãe de Alexandre frequentemente contava para ele sobre seu nascimento.
Roxane, sem chances de sair da Babilônia, logo se curvou ao fato de que Alex preferia conquistar, beber e batizar cidades com seu próprio nome, de seu cavalo, e de seu amigo Hefaistíon em detrimento dela. Portanto, ela ficou ainda mais furiosa quando ele fez planos para casar com Barsine, a viúva do rei da Pérsia, no espetáculo do século. Roxane não deveria ter-se preocupado com a nova esposa; Alex e Hefaistíon ainda eram notícia. Entretanto, repentinamente, Hefaistíon morreu em circunstâncias misteriosas para quase todos, exceto talvez para Roxane. Em meses, o próprio Alex ficou doente e morreu. O caos reinou. Roxane, agora grávida, detonou uma carta em nome de Alex para Barsine, dizendo-lhe para vir a Babilônia. Antes que se pudesse dizer “registro nupcial”, Roxane liquidou com Barsine e sua irmã e jogou-as num poço. Estilo de matadora é o que Roxane tinha – mas não tinha longevidade. Treze anos pós-Alex, ela e seu filho foram despachados para o outro mundo pelo mesmo general que assassinou Olímpias, a mãe de Alex.

(*) - No próximo domingo, dia 9 de outubro de 2011, você vai conhecer MERIT PTAH & SUAS COMPANHEIRAS, uma mulher egípcia que viveu há mais de 4.700 anos. Foi médica e em seu túmulo, no Vale dos Reis, o seu filho colocou o seu retrato, tomando o cuidado de escrever “a médica chefe”.

(**) - Do livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times".

A Autora do texto
Vicki León

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...