terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Sobre o artigo "A BAGACEIRA", de Clóvis Barbosa
Artigos diversos
Sobre o artigo "A Bagaceira", de Clóvis Barbosa (I)
Alberto Magalhães
Obs. Publico, hoje, um dos dois inteligentes comentários críticos que foram elaborados sobre o artigo "A Bagaceira", que postei neste Blog e fiz publicar no Jornal da Cidade, matutino de Aracaju-SE, em 28.02.2010. Pela seriedade, responsabilidade e sobretudo pela beleza do texto, não poderia deixar de dar conhecimento aos meus amigos que me acompanham neste blog. Obrigado, hoje, a Alberto Magalhães, autor do texto abaixo:
"Amei os textos “Ecce homo” e “A banalidade do mal” republicados neste blog, ambas as obras do punho de Clóvis Barbosa de Melo a quem eu devoto um sentimento de respeito pela sua trajetória pessoal e saber jurídico. No entanto esse texto que postei acima me desgostou sobremaneira. Primeiro porque eu acho temerário que para se tratar de assuntos mundanos se use a Bíblia (coleção das Escrituras Sagradas) como referência. Não que de certa forma não sirva, apenas penso que nos tempos em que vivemos de perda de credibilidade da família, das instituições, da autoridade, dos valores fundamentais as Escrituras Sagradas devem permanecer separadas do comum, do profano, do mundano numa sociedade Cristã (caso do Brasil) pelas pessoas de bom senso, para que ela possa servir de parâmetro para a boa consciência e princípios espirituais. Fonte de inspiração até para a Carta magna de países civilizados e prósperos que nos antecederam como nação. A não ser quando o assunto bíblico tratado for bem dissecado para não deixar uma interpretação distorcida da realidade apresentada.
Em todas as culturas (não só na nordestina) se referem aos bêbados e aos alcoólatras de maneira galhofeira e até depreciativa usando termos próprios.
Na qualidade de alguém que leu os 66 livros que compõem a Bíblia (de Gênesis a Apocalipse) posso tecer alguns comentários à respeito do tema:
Jesus transformou água em vinho – O vinho tinha o significado de alegria, confraternização, congraçamento. Era essencial para se comemorar os eventos importantes: as boas colheitas, os casamentos, as solenidades, etc. O melhor vinho era servido no começo da festa e depois que o paladar já estava saturado do seu sabor era servido o de qualidade inferior, que geralmente passava despercebido. Quando o vinho acabou sem que a festa das bodas houvesse chegado ao fim Jesus pediu os potes com água (Maria disse: “fazei o que Ele pede.” Não funciona ao contrário como alguns religiosos pregam) e miraculosamente produziu vinho. E o melhor vinho que poderia ser feito. Era tamanha a sua qualidade que os festeiros conseguiram perceber a diferença e estranharam o fato de haverem deixado o melhor vinho para o final da festa. Por que Jesus fez isso? Porque Ele queria mostrar que poderia trazer maior alegria às pessoas que a que eles tinham com qualquer coisa já existente, independente da ocasião, dos limites humanos. Na última ceia Ele disse que “aquele” vinho da alegria, do congraçamento (não da farra) deveria ser bebido simbolizando o seu sangue que seria dado, ofertado para resgatar a amizade íntima (comunhão espiritual) dos crentes na sua expiação (em lugar dos homens comuns) para comemorar o evento mais importante que todos os outros: a redenção da humanidade, a colheita de seguidores. Os não seguidores são o joio da plantação, serão descartados.
A nudez de Noé - No evento de Noé os termos pejorativos me chocaram em virtude da pessoa esclarecida que escreveu. Noé já velho e sem a mesma resistência de outrora, bebeu do vinho de sua plantação, se embriagou e ficou despido dentro da sua tenda. O seu filho mais novo de forma desrespeitosa para a época se deu o direito de contemplar o seu pai desnudo, o que não era permitido. As qualidades físicas do idoso que pela primeira vez se embriagara de vinho não trazem nenhuma importância à interpretação da passagem. (Gênesis 9:20)
Ló e suas duas filhas – Sodoma foi destruída. A mulher de Ló na fuga determinada pelo Anjo foi transformada em pedra porque fora proibida de olhar para trás e não obedeceu. Ló e suas filhas habitaram uma caverna nas montanhas. Pela tradição daquele povo quem morresse sem deixar descendente era desgraçado. As moças não tinham com quem deixar-lhe descendência e resolveram embebedar o pai e conceber dele próprio. Mas não num ménage-à-trois. A mais velha o embebedou numa noite e praticou o incesto e a mais nova na noite seguinte repetiu o feito (Gênesis 19:29). É bom frisar que os povos que descenderam desses dois filhos gerados por Ló com suas filhas (Moabe – os Moabitas, e Bem-Ami – os Amonitas) não se relacionaram com Deus que antes havia abençoado Ló, que lhe era fiel. Os Isaraelitas descendem de Israel (Jacó) e eram desafetos desses povos. Os Israelitas foram separados para servir de vitrine ao mundo de como Deus quer que as comunidades em tudo procedam. Depois do advento de Jesus Cristo o povo escolhido e separado para servir de modelo é encontrado em todo o mundo. São chamados Cristãos".
(ver http://www.aculturadeista.blogspot.com/ )
*Alberto Magalhães
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