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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Mulheres da antiguidade - Berenice

Isto é história
Mulheres Audaciosas da antiguidade
BERENICE
Vicki León
 
Uma exceção gentil e virtuosa aos governantes macedônios do Egito, que tinham tendências à destruição, era Berenice II, que vivia logo abaixo de Alexandria, em Cirene, uma colônia abastada com ricos campos de trigo e vinhedos, estabelecida pelos gregos no século VI. Com seu pai torcendo espalhafatosamente das laterais, Berenice se divertiu com dois noivos reais e finalmente casou com um terceiro – Ptolomeu III, o faraó agradavelmente rechonchudo, de trinta e tantos anos. Seu primeiro ato foi sugar Cirene para dentro da órbita do Egito (o que ele chamou de “reunião”); o segundo foi rebatizar uma das cidades da colônia com o nome de Berenice. Logo o casal teve um filho, previsivelmente gorducho, e que recebeu o nome de Ptolomeu IV.
 
De repente, uma notícia em primeira mão chega da Síria: pelo que parece, o cunhado de Berenice tinha esticado as canelas – ou porque comeu um peixe estragado ou em razão de obra de uma ex-esposa. Lá se foi Ptolomeu para resgatar sua irmã. Antes que ele chegasse lá, a ex tinha envenenado sua irmã e o filho. Tudo o que restava fazer era arrancar o couro da cidade de Antióquia. Uma vez na Síria, ele escreveu para Berenice dizendo: “Enquanto estou na área, é melhor aproveitar e destruir a Babilônia – e pegar de volta aquelas estátuas religiosas que os persas roubaram de nós tempos atrás. Logo estarei em casa, querida”.
 
Berenice gostava do marido; num gesto fora do comum, ela cortou seus longos cachos dourados cor de mel e os dedicou à deusa do templo em troca do retorno seguro do seu esposo. Durante cinco anos ela governou o Egito, saindo-se uma excelente chefe de Estado. Quando Ptolomeu retornou com as peças religiosas nas mãos, todos ficaram encantados. Berenice o arrastou para o templo para mostrar seu cabelo da sorte, mas os cachos haviam desaparecido. Para consolá-la, um famoso astrônomo da corte disse que seus cachos haviam sido carregados para os céus, e apontou para um novo agrupamento de estrelas que chamou de “Coma Berenices” ou “Cabelos da Berenice” (as estrelas ainda estão lá).
 
Berenice ficou viúva em 221 a.C. e governou com seu filho Ptolomeu IV. Mas não por muito tempo. Dentro de um ano, o temperamento cruel e beberrão dos macedônios se fez presente, e o novo faraó bem mais gordo, bêbado e perverso envenenou sua mãe e, para reforçar, escaldou seu irmãozinho.
A Autora
Vicki León
 
(*) - A próxima postagem de Mulheres Audaciosas da Antiguidade vai falar de MAKARE, princesa e egípcia que se casou, juntamente com sua sobrinha, com um sacerdote de Amón, numa daqueles situações egípcias de “ménage a trois”.

(**) – Do livro “Mulheres Audaciosas da Antiguidade”, título original, “Uppity Women of Ancient Times”, de Vicki León, tradução de Miriam Groeger, Record: Rosa dos Tempos, 1997.

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