segunda-feira, 24 de junho de 2019
O Oscarito Sergipano
Isto é História
Aracaju Romântica que Vi e Vivi
Tipos Populares
O Oscarito Sergipano
Murillo
Melins
João Sales de Campos Filho, conhecido nas rodas populares e boemias de Aracaju, deixou fama
na cidade pela sua verve inteligente, tornando-se o maior brincalhão de todos
os tempos. Dotado de argúcia ímpar que o fez respeitado até nos meios
intelectuais aracajuanos.
Servindo no Exército, deu muito trabalho ao
Comandante quando se juntou a um escurinho apelidado de “Grande Otelo”. Essa
dupla pintou o sete, fugindo do quartel para divertir-se nos cabarés Bambu,
Rancho Alegre, Luz Vermelha, Mira Mar e tantos outros que alegravam a vida
noturna da Cidade e também nas casas de meretrício onde eram “persona grata”
entre as mulheres da vida.
Nas horas de folga, Oscarito gostava de
escrever. Em uma ocasião, fez versos chistosos que se transformaram em livro de
cordel, narrando detalhadamente uma tragédia familiar, que vitimou um grande
político, e abalou a sociedade sergipana. O livrinho, todo em sextilhas, conta os
detalhes do crime, e suas versões.
Oscarito foi empresário de cantor, de mágico,
de taxi-girl e dos balés de Reginaldo
Camargo, Mãezinha Golden Show e
de Los Cubancheros e suas rumbeiras,
que se apresentaram na Boate Mira Mar, com shows de topless e, em dias especiais, espetáculos de strip-tease, algumas
vezes interrompidos pela polícia, e com Oscarito indo parar na Chefatura de
Polícia, por atentado ao pudor.
Além de alguns artistas sérios, Oscarito
empresariou o Faquir Maleiro, que
deixou Aracaju às escondidas, deixando seu empresário a ver navios. Empresariou
também um ciclista que veio do Rio Grande do Norte fazer um raid de bicicleta na praça General
Valadão.
O esperto ciclista passou semanas montado na
bicicleta, arrodeando a praça, dia e noite sem comer, sem beber ou dormir, só
parando para ir ao sanitário. Esses dotes paranormais do ciclista, Oscarito
nunca revelou a ninguém.
Oscarito era simpático, alegre e comunicativo.
Frequentava os bilhares, jogando ou apostando no taco dos outros. Ia aos bares
com seus amigos Paulo Silva, Stombinho, Graccho, Cabecinha, Zé Lódão, João
Nabuco, bebia uns aperitivos e jogava conversa fora. Parava na Churrascaria
Manon, ou na Cabana do Pai Tomaz, jantando com outros boêmios, uma boa moqueca
de arraia.
Lembramos também de Oscarito como repentista.
Certa vez ele respondeu em cima da bucha à admoestação do seu pai, quando
estava chegando em casa embriagado, altas horas da madrugada. Sales de Campos
perguntou: - Seu irresponsável, sabe que horas são? Oscarito, sem vacilar,
respondeu: - Não sei. E acrescentou: - O senhor nunca me deu um relógio.
Em outra ocasião, Oscarito, já cheio de
pileque, passou em frente a um templo onde o pastor, na calçada, fazia
proselitismo de sua seita. Compadecido com o estado de embriaguez de Oscarito,
a ele se dirigiu, dizendo: - Meu filho, venha ser testemunha de Jeová. Oscarito
respondeu: - Não posso, pastor. – Por que meu filho? Oscarito fuzilou: Porque
não vi o crime! Todos irromperam em risos, enquanto o pastor bufava de raiva.
Oscarito, este tipo popular que alegrou as
noites de Aracaju com jeito moleque, engraçado e amigueiro. Faleceu em plena mocidade, aos 33 anos,
deixando escrito um capítulo na história das noites românticas de Aracaju.
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A próxima postagem você vai conhecer Everaldo
Lídio, o maior doador de sangue de Aracaju. Era poeta, jornalista e
repentista. Apesar de alcoólatra era respeitador e querido pela sociedade
aracajuana.
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Do livro “Aracaju Romântica que vi e vivi”, de Murillo Melins, 4ª. Edição,
2011, Gráfica J. Andrade.
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As imagens aqui reproduzidas foram retiradas do Google.
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