Aracaju/Se,

domingo, 26 de junho de 2011

Mulheres da antiguidade - KIRU

Isto é História

Mulheres Audaciosas da Antiguidade
KIRU
Vicki León

Embora Kiru tenha vivido no norte da Mesopotâmia há mais de 3.700 anos, sua história de carreira versus casamento, rivalidade familiar e maus-tratos domésticos, envolvendo ela mesma, sua provável irmã Sibatum e Haya-Sumu, seu marido, que provavelmente dividia o tempo com as duas, apresenta um roteiro com um tom bastante moderno. Do ponto de vista político, as terras da Suméria nunca foram o que poderíamos chamar de país. Em vez disso, vários pequenos reinos ou cidades-estados faziam manobras para alcançar mais poder. Cidades-estados maiores como Mari eram governadas por reis ou rainhas; as menores, que frequentemente pagavam impostos às maiores, eram governadas por prefeitos. Esses prefeitos não faziam promessas em campanhas nem beijavam um único bebê para conseguir o cargo – o indivíduo era designado para ele.

Em torno de 1715 a.C., Kiru, uma das aproximadamente dez filhas da rainha Shibtu e do rei Zimri-Lim de Mari, casou com o rei de Ilansura, um lugar miserável distante de Mari. Foi um casamento político e não uma união por amor – nada fora do comum para aquela época. Mas o pai de Kiru também a nomeou prefeita de Ilansura, dando-lhe autoridade para agir e algumas vezes passar por cima das decisões de seu marido, o rei. Por ser ao mesmo tempo um político realista e humanista, Zimri-Lim acreditava que as mulheres tinha cérebro e deviam usá-lo (seu relacionamento com a esposa Shibtu, com as filhas e outras mulheres em sua vida demonstrou que ele era bastante feminista para sua era). Por outro lado, o novo marido de Kiru era um mesopotâmio comum, um sujeito do tipo “de jeito nenhum minha mulher vai ser meu patrão”. Conflito e corações partidos esperavam logo à frente na estrada.

Embora os especialistas ainda discordem entre si sobre a interpretação das cartas de Kiru, parece que como prefeita ela era competente, influente e mantinha seu pai informado sobre a situação política em Ilansura e na região norte. Todavia, a parceria entre pai e filha (e as delações) realmente enfureceu seu marido. Em certa ocasião, Kiru escreveu para o pai sobre uma briga que tinha tido: “Haya-Sumu ficou cara a cara comigo e disse: ‘E daí se você dirige as coisas como prefeita? Vou matá-la, portanto é bom que você peça aquele seu papai, seu ídolo para vir buscá-la!””. Kiru implorou que seu pai permitisse que ela voltasse para Mari. Com os problemas de poder entre Kiru e seu marido, a situação ficou espinhosa, e sua irmã (ou meia Irmã) Sibatum, que vivia com os dois, fez as coisas ficarem pior. Quanto mais infeliz Kiru ficava, mais presunçosa Sibatum se tornava. Os arquivos insinuam que Sibatum também era uma esposa de Haya-Sumu, mas numa posição inferior. Agora ela estava subindo, fazendo-se passar astuciosamente por inocente aos olhos de Zimri-Lim, seu atormentado pai: “Por que estão sempre me acusando e me caluniando para você? É tudo mentira, papai!”.

Finalmente, Kiru teve seu desejo satisfeito. Ela retornou a Mari, à custa de perder seu casamento e sua posição de autoridade. E Sibatum? Astuta a seu próprio modo, como as outras filhas de Zimri-Lim, suas táticas podem tê-la feito conquistar a mais alta posição conjugal com Haya-Sumu. Porém – esta é uma suposição bastante segura – não o cargo de prefeita.

(*) – No próxima domingo, dia 3 de julho de 2011, conheça ERISTI-AYA, uma das dez filhas da rainha Shibtu e do rei Simri-Lim, que se tornou sacerdotisa. Viveu na Suméria, num templo em Sipar, à beira do Eufrates, por volta do ano 1715, a.C.

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