Aracaju/Se,

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Mulheres da Antiguidade - NA'QIA

Isto é História

Mulheres Audaciosas da Antiguidade
NA’QIA
Vicki León

Mesmo em meio à incessante pilhagem, conspiração e bazófia dos reis assírios, Na’qia saiu-se mais do que bem como uma rainha maquinadora dos tempos mesopotâmicos. Nascida em Canaã, Na’qia pode ter chegado à corte de Senaqueribe em Nínive como uma pessoa sem importância – uma concubina ou joguete político – mas não por muito tempo. Logo ela conseguiu colocar Senaqueribe, um dos reis mais cruéis da Assíria, ronronando aos seus pés. Depois que se casaram, ela se transformou de amante de segunda linha a paixão principal (o harém de Senaqueribe permaneceu intacto, é claro. Alianças matrimoniais, esposas estrangeiras e a poligamia real eram a argamassa da diplomacia na Mesopotâmia, assim como em todos os outros lugares).

Juntos, Na’qia e Senaqueribe transformaram a capital numa grande atração turística à beira do rio Tigre, coroado por uma construção de vários níveis com oitenta quartos, modestamente chamada de Palácio Sem Rival. Esse projeto do prédio ocupou os momentos mais angelicais do rei. Na maior parte dos vinte e três anos do seu reinado, Senaqueribe saiu rugindo pelas terras férteis, derrotando os babilônios, fenícios e os filistinos, fazendo em seguida um cerco a Jerusalém e um segundo saque na Babilônia, como medida de segurança.

Durante a ausência do rei, quando ele ia para campanhas militares, Na’qia atuava como governante de facto. Embora Senaqueribe tivesse filhos mais velhos de uma outra esposa, Na’qia conseguiu convencê-lo a nomear o filho dela como herdeiro. Não foi surpresa para ninguém o fato de seu filho Esarhaddon, ao ficar grande o bastante para ter uma boa pontaria, ter matado o próprio pai com o encorajamento de Na’qia. O espalhafatoso salto de seu filhinho ao trono armou um barulho dos diabos com os filhos mais velhos, mas Esarhaddon esmagou sangrentamente sua rebelião.

Com o auxílio de Na’qia, o novo rei reconstruiu a Babilônia, que ainda estava destruída após as gentis atenções de Senaqueribe. A essa altura, Na’qia já tinha netos, um dos quais recebeu a Babilônia para administrar. Mas o favorito da vovó era o pequeno Assurbanipal, o neto mais novo, supostamente destinado ao sacerdócio. Depois que seu pai foi morto numa campanha no Egito, ele agarrou o trono com a ajuda da avó, em 669 antes de Cristo. Seu irmão mais velho, Shamash-shum-Ukin, conspirou para matar Assurbanipal, mas a astuta Na’qin farejou seus plano, e foi o adeus de Shamash.

Com toda essa audácia e energia política, por que Na’qia não agarrou a coroa de ouro ela mesma? Este é um dos pequenos mistérios da história – em especial, porque o século anterior havia presenciado um famoso precedente feminino: Semíramis, a única mulher a se sentar no trono dos reis assírios.

(*) – No próximo domingo, dia 7 de agosto de 2011, você vai conhecer ASSURSARRAT, rainha casada com o rei Assurbanipal, cujo império se espalhava da Síria à Rússia. Ela e o rei costumavam comer cigarras mergulhadas em mel, num jardim cujas árvores eram decoradas com os troféus de cabeças recém-decapitadas. A única coisa que não descia no seu estômago era a mania de seu marido de se vestir de mulher. Tudo isso nos anos 650 a. C.

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