Artaxerxes |
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Mulheres da Antiguidade - VASHTI
Isto é história
Mulheres Audaciosas da antiguidade
VASHTI
Vicki León
Além de ter o poder absoluto de vida e morte sobre todo ser humano da Índia à Etiópia, o rei "Longímano" Artaxerxes da Pérsia era um sujeito comum. Ele adorava passar o tempo com seus amigos e beber o suave vinho local. Porém, mais do que tudo, ele amava sua mui atraente esposa, Vashti, uma mulher simplesmente estonteante, vinda de uma das sete famílias de sangue mais azul da Pérsia.
No terceiro ano de seu reinado, Artaxerxes passou seis meses fazendo uma reunião para exibir o palácio de inverno em Susa e seus chatchkas, aos vasssalos de suas 127 províncias. Terminada as formalidades, ele armou uma tenda para 10 mil pessoas e iniciou um banquete para seus amigos íntimos, no qual o vinho jorrou sem parar naquelas taças de ouro. Depois de uma semana de festas, o Longímano teve uma daquelas idéias que pareciam divertidas na oxasião: ele chamaria sua belíssima esposa e a exibiria. Assim sendo, ele enviou um ou dois eunucos para dar o recado a Vashti.
Ele não havia contado com uma rainha cheia de propósito. Uma aparição ordenada frente a 10 mil bêbados grosseiros era insulto suficiente, mas ela tinha um pressentimento de que o rei queria exibir todos os seus encantos (A lei persa também estava do seu lado; mesmo a mais insignificante olhada de relance de um estranho para a mulher de alguém, sem falar da primeira-dama, era um tabu). De qualquer modo, Vashti disse: "De jeito nenhum!"
O rei ficou furioso, mas de nada adiantou. Ele mandou mais eunucos para pedir por favor. Entretanto, Vashti não arredava pé de seus luxuosos aposentos, onde ela tinha um banquete e um bar aberto para suas amigas. Não é preciso dizer que a festa foi para o brejo dali por diante. Um Artaxerxes extremamente irritado reuniu-se secretamente com seus melhores assessores jurídicos, que lhe disseram para cortar esse negócio de desobediência pela raiz. Por mais que ele detestasse, rapidamente mandou um memorando para todos do império dizendo que Vashti já era. Seus conselheiros estavam muito mais precocupados com o papel desempenhado pela rainha do que com os sentimentos do rei. Para evitar uma epidemia geral de rebeldia, eles mandaram um boletim ameaçador para todas as mulheres, ordenando que tratassem seus homens como superiores dali por diante, fossem eles superiores ou não.
E o que aconteceu com Vashti, a rainha serena e corajosa que apenas disse "Não!", 2.300 anos antes de Nancy Reagan ter pensado nisso? Ela foi banida; provavelmente não o foi deste planeta, mas para seus aposentos ou para o prédio anexo ao harém principal. Foi assim que sua substituta, Ester, tomou o centro do palco.
Obs. Os contratos pré-nupciais podiam ser terríveis na antiga Mesopotâmia. Só porque sua irmã Taram era uma sacerdotisa - o que a eximia daquelas tarefas cansativas de ter filhos -, Iltani estava permanentemente no início da fila para a maternidade. As irmãs casaram em sociedade com um tal de Sr. Shamash. Todavia, em vez de um bolo de casamento, Iltani, na segunda linha, ficou com o trabalho sujo: fazer pão para a família, carregar a cadeira da irmã para o templo e até mesmo lavar seus pés. Mas o que realmente a enfureceu foi a letra pequena daquele maldito contrato de casamento: "Quando Taram estiver feliz, é bom que Iltani também esteja feliz." Isso foi o suficiente para fazer a mãe de aluguel ver tudo vermelho - só que explodir era um tabu para ela, a não ser que Taram estivesse num humor abominável. Se as irmãs entraram em choque ou se engrenaram, essa informação ficou perdida na história; mas será que o arquivo de 3.800 anos do caso de Iltani não deveria ser leitura obrigatória para os legisladores de hoje, como o exemplo amedrontador de uma legislação exageradamente estusiástica?
(*) - No próximo domingo, dia 25 de setembro de 2011, você vai conhecer ESTER, que substituiu Vashti como a primeira na linha das mulheres casadas com o rei Artaxerxes da Pérsia. Ela teve uma participação espetacular na salvação dos judeus da época. Ela viveu nos anos 460 a. C.
(**) - Do livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times".
A Autora
Vicki León
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