Aracaju/Se,

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Crime de Fausto-Olímpio - Repercussões

Os Crimes que abalaram Sergipe

4. O Crime de Fausto-Olímpio
Repercussões (*)

Acrísio Torres

Fausto Cardoso
No número 3, desta série, assinalei testemunhos e versões em torno da morte de Fausto Cardoso e do assassinato de Olímpio Campos. Hoje, tratarei dos pronunciamentos feitos na câmara federal, por Oliveira Valadão, e no senado, por Coelho e Campos. Dias de luto viveu o congresso nacional, no Rio. Na câmara federal, Oliveira Valadão declarou, na sessão de 17 de outubro de 1906, que “conheço de longe data o general Firmino Lopes, pois fizemos juntos a campanha do Paraguai. Conheço os seus sentimentos nobres e estou certo de que se dependesse dele salvar a vida de Fausto Cardoso, tê-lo-ia feito”. Pediu, porém, que a câmara apoiasse o requerimento do representante gaúcho, Nogueira Jaguaribe, apressando-se “em abrir inquérito, como convém, e como se deve fazer”. Equilibrado pronunciamento.

Coelho e Campos
No senado, na mesma data, manifestara-se Coelho e Campos. Mostrou que “depois de movimentos revolucionários, a primeira exigência da ordem pública é a calma e pacificação dos espíritos”. Era a fala do grande jurista, mais que a do político. Para isso, tornava-se necessário inquérito para apuração de responsabilidades. “Esses movimentos revolucionários, dizia Coelho e Campos, se justificam, por vezes, pois provocados pelos excessos e anormalidades das situações criadas pelos governadores”. Ponderou que tais movimentos são infrações das leis e incorrem na sanção penal. “Entendo, porém, que incorrem na mesma sanção os poderes públicos, quando se afastam de seus deveres e estabelecem a opressão”. Coelho e Campos defendia a causa de Fausto Cardoso.


Olímpio Campos

Tecendo considerações sobre as causas da violação do direito, em 1906, atribuiu-a à má compreensão dos nossos estadistas, que “não procuram indagar se são bons ou maus os governadores, que vão sustentar, desprezando os tratadistas, que ensinam o duplo fim da intervenção: garantir o governo contra os governados, e os governados contra o governo”. Contestou os senadores que consideraram um motim, uma desordem de quartel, o movimento de 10 de agosto, em Sergipe, e a assertiva de que, deposto Guilherme Campos, assumira o governo “um indivíduo sem competência”. Neste ponto, Coelho e Campos foi incisivo, ao dizer que se Fausto era um “parvenu”, não havia mais homem de brio em Sergipe, e ele próprio não o era, pois não conhecia “caráter mais digno que o de Fausto Cardoso”. No término do seu pronunciamento, Coelho e Campos declarou que “teria sido contrário à revolução se me tivessem consultado”. Esperava, porém, que não continuasse em sua terra o embate de ódios, contrário ao sentimento de fraternidade. Propugnava pela pacificação, que reverteria em bem de Sergipe, em bem do Brasil.

Oliveira Valadão
Passo aos pronunciamentos sobre o assassinato de Olímpio Campos. Embora nunca tivesse deixado de existir entre Oliveira Valadão e Olímpio uma separação de crenças políticas, Valadão dizia, na câmara federal, sessão de 10-11-1906, que, “nada, a meu ver, justificava esse tresloucado assassinato ontem realizado”. Teve Oliveira Valadão apoio de todos os representantes às considerações apresentadas. E acrescentou, veementemente, que “nem mesmo a justa mágoa de filhos que perderam um pai extremoso, podia justificar o processo violento de que ontem lançaram mão e que oxalá não se reproduza”. No senado, Coelho e Campos dizia ser “infeliz minha terra natal, e não sei qual mau fado a persegue”. “A fatalidade, lamentava o senador sergipano, parece haver aberto as asas sobre Sergipe”. E, aludindo à morte de Fausto, disse que o considerava “um louco sublime, um gênio, um grande coração, glória de minha terra e glória de meu país”. Embora questões políticas os afastassem, nunca negou o merecimento de Olímpio Campos, e o preito que lhe prestava não era, dizia, ato de momento, ou mero dever de ofício. E, finalizando, declarou que, nos “acontecimentos trágicos de agosto, em Sergipe, não se achou incluída a responsabilidade pessoal de Olímpio Campos”.

(*) Do Livro “Cenas da Vida Sergipana, 2 – Acrísio Torres –SERGIPE/CRIMES POLÍTICOS, I”, Thesaurus Editora, prefácio de Orlando Dantas, páginas 23/25.

- Nova postagem sobre Os Crimes que abalaram Sergipe em 28 de setembro de 2010. Vai abordar o processo criminal que se desenrolou no crime de Fausto Cardoso, de acordo com o autor e obra acima registrada.

Um comentário:

  1. Parabenizo a iniciativa,e para mim como pessoa que aprecio a história,torna-se uma excelente oportunidade de vivenciar fatos históricos do meu estado.

    Parabéns,continuarei acompanhando

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