Aracaju/Se,

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Crime de Fausto-Olímpio - Versões

Os Crimes que abalaram Sergipe

3. O Crime de Fausto-Olímpio
Versões (*)
Acrísio Torres




Fausto Cardoso
Olímpio Campos
Nos números 1 e 2, desta série, narrei, sucintamente, a morte de Fausto Cardoso, em 28 de agosto de 1906, e o assassinato de Olímpio Campos, em 9 de novembro de 1906, no Rio. Não apenas pela proeminência dos mortos, mas sobretudo pelo trágico dos sucessos, abalaram vivamente a opinião pública nacional. Testemunhos de tomo provam a inocência de Olímpio Campos, na morte trágica de Fausto Cardoso. Alencastro Graça, primeiro tenente, imediato do “Gustavo Sampaio”, surto no Porto de Aracaju por ocasião dos sucessos de 28 de agosto, declarou à Gazeta de Noticias, do Rio, que “Olímpio não teve culpa na morte do tribuno Fausto Cardoso”. Esse testemunho seria, mais tarde, reafirmado pelo grave senador sergipano, Coelho e Campos, num procedimento louvável. Na ocasião do embarque, no Rio, do cadáver de Olímpio, Coelho e Campos assinou um protesto contra a falsidade da assertiva de ter sido Olímpio cúmplice na morte de Fausto Cardoso.

Fereira Chaves
Senador pelo RN
Ferreira Chaves, senador pelo Rio Grande do Norte, estivera com Olímpio na véspera do assassinato. Perguntando se não se havia precavido contra agressões que, segundo boatos, fariam à sua pessoa, Olímpio respondera que, “eu respeito a vida humana de tal modo, que ainda mesmo sendo agredido, deixo que me matem; não reagirei”. Essa manifestação nega terminantemente a declaração do Jornal de Notícias, da Bahia, de que, em defesa, Olímpio “puxou uma pistola de que não teve tempo de usar”. A notícia, evidentemente precipitada, confundia com uma pistola o chapéu de sol, sempre conduzido pelo senador sergipano.Tanto é falsa a notícia do jornal baiano, que todos os jornais do Rio, na época, censuraram energicamente a polícia carioca, porque não soube evitar o crime. E fizeram questão de repetir que a única arma que trazia Olímpio, ao ser assassinado, era um “chapéu de sol”

Jornais da Bahia
É negada, ainda, a declaração do Jornal de Notícias, da Bahia, pelo testemunho insuspeito do Coronel Alípio Calazans. Declarou este ilustre militar aos jornais do Rio, que, visitando Olímpio no fim da manhã do dia 9 de novembro, viu-o vestir-se para sair, sem se presumir de qualquer arma. A esses testemunhos junte-se o do jornalista A. Motta Rabello. Era o redator do Jornal de Sergipe, órgão dos rebeldes de agosto, e declarou em carta ao Correio de Aracaju, 1906, estar “convencido da inocência de Olímpio Campos na morte de Fausto Cardoso”. No caso do assassinato de Olímpio Campos, são graves as versões correntes, na época. Dizia o correspondente, no Rio, do Jornal de Notícias, da Bahia, que, na ocasião de morrer em Aracaju, vítima de bala, Fausto Cardoso disse, arquejando, a seu filho Humberto: “Meu filho, assassinaram-me: vocês vinguem-me”.


Jornal antigo
Rio de Janeiro 

E continua: “regressando a esta capital (Rio), Humberto contou a seu irmão, Armando, a última disposição que ouvira dos lábios do pai. Juraram então ambos vingá-lo, tornando-se entre eles a idéia fixa de vingança”. E concluindo: “Logo que souberam que Olímpio Campos partira para aqui (Rio), a fim de tomar parte nos trabalhos do senado, mais alarmados ficaram ainda os filhos de Fausto, correndo logo em certo grupo que Olímpio seria assassinado na ocasião de desembarcar”. Presos, no Rio, e recolhidos à Casa de Detenção, em cômodo apropriado, Umberto e Armando, filhos de Fausto Cardoso, e Délio, eram considerados presos abastados. Recebiam sempre a visita da mãe, que, em diversas ocasiões, teria dito, sem sigilo: “Não censuro o procedimento de meus filhos”.


Jornal de Sergipe
O Jornal do Comércio, do Rio, publicou em 16 de fevereiro de 1907, uma carta do senador Martinho Garcez, sobre o caso Fausto-Olímpio. Nela se infere que Fausto Cardoso, antes de partir para Sergipe, assegurara que, caso fosse assassinado, seus filhos vingariam sua morte na pessoa de Olímpio Campos. Essas, as principais versões e testemunhos das tragédias de 1906, em 28 de agosto e 9 de novembro, lamentando Rodrigues Alves que “essas duas desgraças tenham ocorrido em meu governo”. O Correio de Aracaju dizia “não incitar e nem aplaudir a eliminação de homens políticos pelo assassinato”. E, descrevendo os trágicos fatos, protestava a Gazeta do Povo, da Bahia, em veemente editorial: “Basta de sangue”.



(*) Do Livro “Cenas da Vida Sergipana, 2 – Acrísio Torres –SERGIPE/CRIMES POLÍTICOS, I”, Thesaurus Editora, prefácio de Orlando Dantas, páginas 19/21.

- Nova postagem sobre Os Crimes que abalaram Sergipe em 21 de setembro de 2010. Vai abordar as repercussões dos crimes de Fausto Cardoso e Olimpio Campos, de acordo com o autor e obra acima registrada.

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