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sábado, 18 de dezembro de 2010

J’accuse...! A Verdade em Marcha, de Émile Zola

O que estou lendo?


J’accuse...! A Verdade em Marcha
Autor – Émile Zola
Tradução de Paulo Neves
Prefácio de Henri Guillemin
Editora – L&PM



Contra-Capa

A força da liberdade de expressão


Alfred Dreyfus

Como jamais visto na história da imprensa até então, Émile Zola (1840-1902) mobilizou a opinião pública francesa para tentar corrigir uma das maiores injustiças cometidas pelo Estado contra um indivíduo. Cidadão francês, oficial de artilharia e judeu, Alfred Dreyfus foi vítima de uma armação política. Em 13 de janeiro de 1898, Zola tornou pública sua opinião em J’accuse, uma carta aberta ao presidente da república da França em defesa de Dreyfus, publicada no jornal L’Aurore, com tiragem de trezentos mil exemplares. Era a primeira de uma série de denúncias sobre o caso, que dividiu o país, redesenhando os contornos da direita e da esquerda francesas. Uma ode à liberdade de expressão e aos direitos humanos, J’accuse se tornou um marco na história do jornalismo e mostrou a força dos intelectuais frente à opinião pública e ao Estado. Este livro apresenta esse e outros artigos que Zola escreveu e posteriormente reuniu sob o nome de J’accuse...! A verdade em marcha, revelando as entranhas de um dos maiores atentados às liberdades individuais perpetrados por um país contra um só homem.


O autor
Émile Zola
(1840-1902)

Émile Zola nasceu em 10 de abril de 1840, em Paris, filho de François Zola, um engenheiro italiano, e da francesa Émilie Aubert. Em 1843, a família se mudou para Aix-en-Provence, no sul da França, onde o futuro escritor conheceu Paul Cézanne, de quem se tornaria grande amigo. Quando Zola tinha sete anos, seu pai morreu, deixando a família em dificuldades financeiras. Em 1858, ele se mudou com a mãe para Paris, onde passou a juventude, e começou a escrever sob a influência do romantismo. A mãe de Zola queria que o filho estudasse Direito, mas ele fracassou no exame de conclusão da escola.

Émile Zola
Antes de se dedicar unicamente à ficção, Zola trabalhou na editora Hachette e escreveu colunas literárias, crônicas e crítica de artes para jornais. Nos textos sobre política, não escondia sua antipatia por Napoleão III. Durante os anos de formação, escreveu uma série de histórias curtas e ensaios, além de peças e novelas. Um dos seus primeiros livros foi Les contes á ninon, publicado em 1864. Quando o sórdido romance autobiográfico La confession de Claude foi publicado, em 1865, o autor atraiu a atenção da polícia e da opinião pública. Nessa época, conheceu Manet, Pissarro, Flaubert e os irmãos Goncourt e, em 1870, casou-se com Alexandrine Meley, mas foi com a amante, Jeanne Rozerot, que teve dois filhos.

Depois do primeiro romance de sucesso, Thérèse Raquin (1867), Zola começou a longa série chamada Les Rougon Macquart (1871-1893), uma história social de uma família no Segundo Império, que chegou a vinte volumes, mostrando o mundo dos camponeses e trabalhadores. O resultado foi uma combinação de precisão histórica, riqueza dramática e um retrato acurado dos personagens.

A publicação de L’Assommoir (1877), uma descrição profunda do alcoolismo e da pobreza na classe trabalhadora parisiense, fez de Zola uma dos mais conhecidos escritores da França. O tratado Le Roman expérimental (1880) manifestou a crença do autor na ciência e na aceitação do determinismo científico.

Em 1885, Zola publicou uma de suas principais obras, Germinal, retratando uma greve de trabalhadores das minas de carvão. O livro foi atacado pela direita como sendo um chamado para a revolução. Nana (1880), outro famoso trabalho do autor, leva o leitor ao mundo da exploração sexual. Les quatre Evangiles, tetralogia iniciada com Fécondité (1899), foi deixada inacabada.

Zola arriscou a carreira - e a vida – ao publicar J’accuse, uma carta aberta ao presidente da República francesa, editada na primeira página do jornal L’Aurore, na qual defendia a inocência de Alfred Dreyfus e criticava a postura antissemita e autoritária do alto escalão do exército francês. Em função disso, Zola foi condenado à prisão e expulso da Legião da Honra em 1898. Conseguiu escapara para a Inglaterra, onde permaneceu até 1899. Nesse mesmo ano, Dreyfus – após o perdão presidencial – foi solto, mas somente em 1906 o Estado reconheceu a injustiça cometida.

Em 29 de setembro de 1902, sob misteriosas circunstâncias, Zola morreu asfixiado por monóxido de carbono enquanto dormia. De acordo com algumas especulações – inclusive do filho de Zola, Jacques-Émile -, os seus inimigos teriam bloqueado a chaminé do seu apartamento para matá-lo. Em 1908, os seu restos mortais foram transferidos para o Panteão de Paris.

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