A Biblioteca Esquecida de Hitler
De Timothy W. Ryback
Companhia das Letras, 335 páginas
Assunto - Os livros que moldaram a vida do Führer
Adolf Hitler, mais famoso por incinerar livros do que por colecioná-los, era um ávido leitor. Megalômana e delirante, calculista e obsessiva, a personalidade do líder nazista é espelhada com fidelidade por sua vasta coleção de livros. Estima-se que as três luxuosas bibliotecas pessoais do Führer, localizadas em pontos estratégicos do Reich alemão, tenham chegado a abrigar mais de 16 mil volumes. Interessado em literatura e artes plásticas, mas igualmente em compêndios técnicos sobre armas químicas e aviões de guerra, o leitor Adolf Hitler costumava fazer anotações à margem dos volumes que lhe pareciam mais importantes, o que possibilitou a Timothy Ryback um extensivo rastreamento de seus gostos literários e afinidades intelectuais - ou, mais frequentemente, pseudo-intelectuais.
Acompanhando a cronologia dos fatos biográficos de Hitler, o autor reconstitui com grande precisão o itinerário de suas principais leituras, analisando os desdobramentos da aquisição de certos livros sobre a carreira política do obscuro veterano de guerra finalmente convertido em sanguinário senhor da Europa. Ryback analisa com especial atenção o ambiente radicalizado da Munique dos anos após o fim da Primeira Guerra Mundial, quando numerosos grupos extremistas disputavam o vácuo de poder ocasionado pelo colapso do regime imperial. No capítulo mais detalhado, dedicado aos descendentes da escrita de Mein kampf, publicação com que o então golpista e agitador político pretendia projetar-se além dos limites da Baviera, fica demonstrada a influência decisiva do ministro Rudolf Hess sobre a redação do livro-símbolo do nacional-socialismo. A fascinante pesquisa de Riback ajuda a desvelar, com sua ampla documentação, os mecanismos obscuros da mente de uma das mais impenetráveis personagens da história do século XX.
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